Capítulo 22: Onde Tudo Está Bem.

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DAVINA GOSLING

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DAVINA GOSLING.

Nove anos atrás.

⠀⠀PASSEAVA JUNTO ÀS imensas portas de vidro que davam vista para o jardim principal de casa, tentando conter a ansiedade que me corroía por dentro. O jardim, normalmente um refúgio de tranquilidade, parecia agora uma prisão, cada planta e flor uma lembrança da espera interminável. Pierce, do outro lado do salão, bufava impaciente, os olhos fixos no maldito celular, esperando desesperadamente qualquer resposta vinda dos nossos pais. Mas não havia nenhuma. A ausência de notícias era como um eco ensurdecedor em nossos corações, aumentando a sensação de desamparo.

Eram como dois fantasmas, nossos pais, desaparecidos sem deixar rastros. Pierce, meu irmão mais velho, tentava manter a compostura, mas eu podia ver a tensão nos seus ombros e a linha dura de seu maxilar. Ele era sempre o pilar da família, mas naquela altura, nem ele nem eu podíamos realmente fazer alguma coisa. Estávamos impotentes, suspensos em uma incerteza cruel.

As sombras das árvores do jardim se alongavam no fim da tarde, projetando padrões intricados no chão de mármore do salão. O tic-tac do relógio na parede era o único som que preenchia o silêncio pesado, cada segundo se arrastando como uma eternidade. A luz dourada do sol poente filtrava-se pelas folhas, criando um contraste doloroso com a escuridão de nossos pensamentos.

Pierce soltou mais um suspiro frustrado, esfregando a nuca enquanto olhava novamente para o celular, como se a insistência pudesse conjurar uma mensagem. Eu sabia que ele se sentia responsável, que o peso da proteção da família recaía sobre seus ombros mais do que nunca. Queria dizer algo para confortá-lo, mas as palavras pareciam inúteis diante da nossa situação.

── Alguma coisa? ── perguntei, a voz baixa, quebrando o silêncio apenas o suficiente para não ser mais sufocante.

── Nada ── respondeu ele, a frustração evidente em seu tom. ── É como se tivessem sumido do mapa.

Sentia uma mistura de medo e raiva crescendo dentro de mim. Nossos pais sempre foram um mistério, envolvidos em segredos que nós apenas começávamos a compreender. A ausência deles agora era uma confirmação aterrorizante de que algo muito errado estava acontecendo.

Passei uma mão pelos cabelos, tentando organizar meus pensamentos caóticos. Precisávamos de um plano, uma forma de agir. Não podíamos simplesmente esperar, presos em um limbo de incerteza e medo. Olhei para Pierce, sua figura normalmente tão confiante agora parecia vulnerável e perdida. Precisávamos um do outro mais do que nunca.

── Precisamos fazer algo ── declarei, mais para mim mesma do que para ele. ── Não podemos ficar aqui esperando para sempre.

Ele olhou para mim, seus olhos refletindo a mesma determinação que eu sentia crescer. Havia um entendimento silencioso entre nós, uma promessa de que enfrentaríamos o que viesse juntos.

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