Amor em jogo- RICHARD RIOS

Olá Rio

Richard Rios
Ct do palmeiras

Eu odiava o fato de ter que ficar praticamente confinado no CT na noite antes de viajar com o time, e odiava ainda mais que essa noite fosse uma sexta-feira, quando eu poderia estar por aí com alguma garota ou até mesmo em uma das festas que sempre frequento. Cansado de ficar naquele quarto trancado, resolvi ir encher o saco do muleque Endrick. Caminhei até seu quarto, que não era muito longe do meu, e bati na porta, que logo foi aberta por ele.

— Tava ocupado? — entro no quarto e me jogo em sua cama. — Cara, eu fico louco trancado nessas quatro paredes.

— Eu estava em ligação com a Gaby, mas ela precisou desligar para dormir — ele se senta numa cadeira que tinha ali. — Amanhã você vai estar a poucos metros de distância da sua jornalista.

— Não esquece mais ela?

— Depois do dia que ela aceitou sua solicitação, não tem como esquecer, né? Já vejo vocês dois namorando, Rios — ele debocha, me fazendo jogar uma almofada em sua cara.

Na quarta, tive a surpresa de ser aceito no Instagram de Thalita. Lembro-me claramente do momento em que pedi para segui-la. Fiz isso meio sem pensar, movido pela curiosidade e pelo desejo de conhecê-la melhor. Mas, conforme os dias passaram sem resposta, comecei a duvidar. Será que ela estava me ignorando de propósito? Será que não gostou de mim tanto quanto eu gostei dela? Essas perguntas me atormentavam. Não posso negar que isso aumentou um pouco meu ego. Ver que ela reconheceu minha presença, mesmo que virtualmente, despertou aquela sensação de satisfação que todos nós temos quando alguém nos dá atenção. Mas, sinceramente, no fundo, tudo o que eu quero é viver uma noite com ela, uma noite e nada mais. Afinal, esse é meu lema. Não estou interessado em relacionamentos sérios ou compromissos duradouros, apenas em aproveitar o momento e descobrir o que essa noite pode nos reservar. Talvez seja egoísta da minha parte, mas é assim que eu sou: vivendo cada momento sem me preocupar com o que virá depois.

— Não vou namorar ninguém, tá chapando, Endrick? Já disse que meu interesse com ela é outro — falo curto e grosso.

— Se você conseguir o que tem em mente, a gente conversa, Rios. A menina demorou uma semana para aceitar sua solicitação, imagine para aceitar sair com você.

— Ah, vai à merda — jogo mais uma almofada, o que o fez achar graça.

Não passei muito tempo ali, afinal iríamos viajar amanhã cedo. Acordo com a ajuda de um despertador e sigo toda aquela rotina antes de sair do quarto. Tomo um café rápido junto com o pessoal e fomos rumo ao aeroporto, onde foi aquela animação de sempre. Cantávamos animados porque uma coisa que Abel sempre nos disse é para nunca baixar a cabeça. A chegada ao Rio de Janeiro trouxe uma sensação de familiaridade misturada com a emoção do novo. A paisagem familiar da cidade se desdobrando diante de nós enquanto o avião se aproximava do aeroporto era reconfortante, mas também excitante. Saber que em breve estaríamos enfrentando um dos maiores desafios da temporada adicionava uma pitada extra de adrenalina à mistura. Enquanto descíamos do avião e pisávamos em solo carioca, eu sentia uma onda de determinação tomar conta de mim. Estávamos aqui para jogar futebol, para representar o Palmeiras da melhor forma possível, e eu estava pronto para dar tudo de mim. A viagem de avião pode ter sido apenas uma parte do processo, mas era o começo de uma jornada que esperávamos terminar com a vitória.

— Ô meteoro da paixão — Endrick cutuca Veiga, que estava caminhando calado com seus fones.

— Ih, apelido delicado, hein, Endrick — provoco.

— Foi mal, foi mal. O que foi que você tá tão distante, Veiguinha? — Veiga nos olha, tirando seus fones.

— Não é nada, só não estou bem hoje.