Amor em jogo- RICHARD RIOS

Ondinha

Thalita Guimarães
São Paulo

Estava nervosa para essa reunião; eles com toda certeza pesquisaram sobre meu antigo emprego e devem ter visto de tudo um pouco que tem na internet. Saí de casa apressada, pois uma coisa que eu odeio é atrasar. Por sorte, o CT do São Paulo fica bem perto aqui de casa, já que é vizinho do CT do Verdão. Penei para estacionar e lembrei o quanto eu preciso treinar mais a direção. Estava ficando mal acostumada com o senhor Richard me levando para todo canto. Entrei e confesso que fiquei admirada por toda a decoração. Claro que não chegava nem aos pés de como é o centro de esportes do Palmeiras, mas não estavam nada mal, hein São Paulo? Agradeci mentalmente por ter uma recepcionista disponível e caminhei até a bancada.

— Bom dia, sou Thalita Guimarães e tenho uma reunião marcada com a diretoria — falei meio nervosa.

— Ah, claro, vou te liberar na catraca, ok? — ela falou toda simpática, uma querida. — Eles já estão te aguardando, é a primeira sala à direita.

— Muito obrigada... — paro para ler o nome no crachá da moça — Luana.

Ela sorriu, e eu segui meu caminho. Virei à direita e lá estava a porta com a enorme placa "Direção". Bati duas vezes e sentia o frio na barriga; só não sabia se era meu bebê crescendo ou o nervoso.

— Entre, por favor — uma voz masculina respondeu de dentro.

Abri a porta e me deparei com uma sala de reuniões elegante, com uma mesa grande no centro e algumas cadeiras ao redor. Sentados à mesa estavam três homens e uma mulher, todos parecendo estar em seus quarenta ou cinquenta anos, e todos com sorrisos acolhedores.

— Bom dia, Thalita. Prazer em conhecê-la. Sou o diretor de futebol, Carlos. Estes são o nosso presidente, Jorge, o vice-presidente, Ricardo, e a nossa diretora de marketing, Ana Paula — disse o homem que parecia estar no comando.

— Bom dia, é um prazer conhecê-los — respondi, tentando esconder meu nervosismo enquanto apertava as mãos de cada um.

— Sente-se, por favor — disse Ana Paula, apontando para uma cadeira vazia à mesa.

Sentei-me e comecei a passar os olhos pelos documentos à minha frente. Eles eram muito profissionais, mas ao mesmo tempo, parecia haver um ar de camaradagem no ambiente. Começamos a discutir os termos do contrato, e eu pude perceber que tinham realmente feito a lição de casa sobre mim. Eles mencionaram alguns dos meus trabalhos anteriores e elogiaram minhas habilidades, o que ajudou a aliviar um pouco da minha ansiedade.

A reunião estava indo bem, mas eu sabia que havia uma questão importante que precisava ser abordada. Respirei fundo e decidi ser honesta com eles.

— Eu gostaria de falar sobre algo antes de continuarmos — comecei, chamando a atenção de todos na sala. — Recentemente descobri que estou grávida, e acredito que é importante que vocês saibam disso desde o início.

Vi uma mistura de surpresa e compreensão nos rostos deles. Ana Paula foi a primeira a falar.

— Parabéns, Thalita! Isso é maravilhoso! — disse ela com um sorriso genuíno.

— Obrigada — respondi, sorrindo de volta. — Eu só queria deixar claro que, devido a isso, pode ser um pouco difícil para mim fazer viagens longas com a equipe. Gostaria de focar mais na parte da social mídia, onde acredito que posso contribuir significativamente sem comprometer minha saúde e a do bebê.

Carlos assentiu, parecendo ponderar minhas palavras.

— Entendemos completamente, Thalita. Sua saúde e a do bebê são prioridade. Estamos mais do que dispostos a ajustar suas responsabilidades de acordo com suas necessidades. Sua experiência e habilidade são valiosas para nós, independentemente das limitações de viagem.