Brincando com fogo

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Thalita Guimarães
São Paulo

O fim de semana passou voando, talvez pelo fato de eu ter me escondido dentro do apartamento sempre que podia, pois não estava afim de dar de cara com Richard. "Ah, Thalita, mas você vai ter que enfrentá-lo de um jeito ou de outro lá no CT..." pensava comigo mesma. Na minha cabeça, eu iria fingir que não o conhecia e pronto. Ontem eu e Maria fomos dormir cedo, pois hoje seria nosso primeiro dia nos empregos. Confesso que estava ansiosa.

Eram quase 7:30 e eu já estava pronta. Optei por uma calça preta, blusa preta e minha bolsa de mão. Fui até a cozinha e encontrei Maria tomando seu café com uma cara nada animada.

— Acordou de pé esquerdo, Maria? — provoquei, me sentando à mesa.

— Acordei. Não sei como vou chegar naquele escritório com a função de mandar em tudo ali.

— Maria, você vai conseguir. Só precisa colocar sua melhor cara de mandona caso alguém não te dê atenção ou te faça de chacota.

— Meu pai já deve ter feito minha caveira para os funcionários. Esta roupa tá boa? E o meu cabelo? — ela perguntou, nervosa.

— Você tá perfeita, Maria. Não tem um defeito. Agora relaxe e tome café da manhã com a sua melhor amiga que também está nervosa.

— Você já pensou como vai lidar com o senhor Richard no seu emprego? Vai que ele te prenda na parede de novo — ela riu.

— Eu vou ignorar. Vou fingir que não o conheço — bebi um gole do meu café.

— Impossível, Thalita. Como ignorar? Você já entrevistou ele, sua maluca.

— Exatamente, o conheço dali e nada mais.

— Você só tá escondendo o tesão que sente por aquele macho — ela piscou pra mim.

— O tesão passa — estalei a língua e minha amiga revirou os olhos.

Terminamos o café rapidinho e logo cada uma pegou seu Uber, já que nossos carros estariam vindo do Rio e chegariam só no fim da semana. Cheguei ao centro de treinamento do Palmeiras sentindo um misto de nervosismo e empolgação. A arquitetura moderna do CT impressiona logo de cara, e não pude deixar de notar a quantidade de profissionais dedicados à preparação dos jogadores. Enquanto caminhava pelo corredor principal, reconheci de longe Endrick vindo na minha direção.

— Oi, você deve ser a Thalita, né? — disse ele, estendendo a mão.

— Sim, sou eu! — respondi, apertando a mão dele. — Muito prazer, Endrick. Já ouvi muito sobre você.

— O prazer é meu, e eu também já ouvi falar muito sobre você. Seja bem-vinda ao Palmeiras! — ele sorriu de novo, um sorriso que parecia dissipar qualquer tensão que eu ainda pudesse ter. — Deixa eu te mostrar o lugar.

Achei a primeira fala dele estranha, mas ignorei e aceitei o convite para ele me mostrar o lugar. Caminhamos juntos pelo complexo, e ele foi me apresentando aos diversos setores: academia, sala de fisioterapia, os campos de treinamento. Endrick falava com entusiasmo sobre cada parte do CT, como se fosse um guia experiente, e eu podia sentir o orgulho que ele tinha pelo clube.

— Aqui é onde a mágica acontece — disse ele ao chegarmos ao campo principal. — É onde treinamos duro todos os dias. E você vai adorar a equipe, todos são muito receptivos.

Enquanto ele falava, pude ver outros jogadores ao longe, alguns treinando, outros conversando descontraidamente. O ambiente parecia acolhedor, quase como uma grande família. Minha atenção foi roubada pelo colombiano que corria após marcar um gol no time rival de treino. Os cabelos loiros já estavam levemente molhados de suor, as tatuagens ficavam ainda mais bonitas com a luz forte do sol e ele tinha os lábios vermelhos. Não posso negar que era a visão do paraíso.

Amor em jogo- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora