Fica longe da minha namorada

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Thalita Guimarães
São Paulo

Já passava da meia-noite quando finalmente chegamos ao nosso prédio. No carro de Richard, éramos apenas eu, ele e Juan, já que Maria voltou com o Uruguaio, que, como de costume, iria dormir aqui em casa hoje, já que os dois não se desgrudam. Me despedi de Juan, que subiu para o apartamento dele e de Richard, mas este último estava agarrado a mim, deixando leves beijos no meu pescoço enquanto sussurrava coisas ao meu ouvido, provavelmente pelo excesso de bebida. Entramos em casa e fui direto para o meu quarto. O colombiano se jogou na cama, mas eu jamais iria dormir com cloro no meu cabelo. Ajudei-o a tirar o sapato e a roupa, deixando-o só de cueca, quase dormindo na cama.

— Você deveria tomar um banho, amor — disse ainda tentando convencê-lo.

— Estou morto, morena — respondeu abafado, com o rosto no travesseiro.

— Porco — falei, enquanto entrava no meu banheiro.

— Que você ama — disse, fazendo-me soltar um sorriso, mesmo que não quisesse.

Antes de entrar no chuveiro, parei em frente ao espelho e comecei a observar meu corpo com mais atenção. Notei um leve inchaço na região do abdômen. As palavras de Maria voltaram à minha mente, e comecei a questionar:

— Será que posso estar grávida? — murmurei para mim mesma. — Mas eu e Richard usamos camisinha, não usamos? Será que isso é só inchaço?

Passei a mão suavemente sobre a barriga, tentando entender se estava mesmo diferente ou se era apenas minha imaginação. Cada pensamento parecia se multiplicar, criando uma onda de ansiedade dentro de mim.

— Será que é só um inchaço normal? — continuei a questionar. — Talvez seja só coisa da minha cabeça...

No meio de toda essa confusão mental, meu celular vibrou em cima da pia. Peguei o aparelho e vi uma notificação do meu aplicativo de menstruação, avisando que meu ciclo deveria começar amanhã. Soltei um suspiro de alívio, percebendo que provavelmente o inchaço era apenas um sintoma da TPM.

— Claro, é só a menstruação — disse para mim mesma, esboçando um sorriso de alívio.

Tirei a roupa e entrei no chuveiro, deixando a água quente lavar minhas preocupações junto com o cloro da piscina. Senti a tensão se dissipar aos poucos, enquanto a água escorria pelo meu corpo. Fechei os olhos, respirando fundo, tentando relaxar e deixar esses pensamentos para trás. Ao sair do chuveiro, me senti mais leve, tanto física quanto mentalmente. Passei a toalha pelo corpo, me olhando mais uma vez no espelho, mas dessa vez com menos preocupação. Coloquei um absorvente na calcinha, já que provavelmente iria descer durante a madrugada e eu não estava afim de me melar de sangue. Voltei para o quarto, encontrando Richard já adormecido. Deitei ao lado dele e acabei caindo no sono, mas antes ele me abraçou sussurrando algo no meu ouvido.

— Boa noite, morena.

— Boa noite, Montoya — respondi, finalmente caindo no sono.

Acordei no meio da madrugada com um vazio no estômago. A fome era tão intensa que não consegui voltar a dormir. Saí de fininho do quarto, tentando não acordar Richard, e fui em direção à cozinha. Quando cheguei lá, meus olhos se fixaram no bolo de chocolate que ainda estava na bancada. Sem pensar duas vezes, comecei a atacar o bolo ali mesmo, pegando pedaços grandes com as mãos e devorando-os rapidamente. Estava tão concentrada na minha refeição noturna que não percebi Maria se aproximando. Ela chegou de mansinho e ficou me observando por alguns segundos antes de falar.

— Thalita, você está bem? — perguntou, a voz baixa para não me assustar.

Levei um pequeno susto ao ouvir sua voz, mas logo relaxei ao reconhecer quem era.

Amor em jogo- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora