Entre Atritos e Afetos

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Thalita Guimarães
São Paulo

Segunda-feira chegou novamente, e dessa vez amanheci fazendo as malas. Amanhã, viajaríamos para o Equador porque o Palmeiras vai disputar a Libertadores. Imaginem minha empolgação de viajar para um jogo tão importante! Já devem imaginar, né? Adiantei o que pude das malas e corri para me preparar para mais um dia no CT.

— Bom dia, bom dia — cheguei animada na cozinha.

— Essa animação toda é porque deu pro Colômbia ontem? — Maria me olhou rindo.

— Ah, Maria, me poupe. Estou animada porque amanhã viajo para o Equador, esqueceu?

— Ah é, vou ter dois dias de folga — disse batendo palmas.

— Folga de quê? — perguntei confusa.

— De você, ué — ela riu.

— Nossa, Maria — comecei meu drama. — É assim que você trata sua melhor amiga? E eu aqui pensando em como você iria odiar ficar esses dias sem mim.

— Estou brincando, Thata. Vou sentir saudades — disse, bebendo seu café.

— Sei bem essa sua saudade — sentei-me à mesa.

— Está pronta para o primeiro dia convivendo com o Richard?

— Uai, sempre convivi com ele.

— Mas agora vocês dois ficam quando bem entenderem — me engasguei com o café.

— Sempre não — levantei o dedo. — Quando um precisar e o outro quiser.

— Mesma coisa, Thalita. Se ele já te provocava vocês dois não tendo nada, imagine com essa amizade colorida — cruzou os braços.

— O CT é área proibida, combinamos isso ontem.

— Será que ele vai seguir essa regrinha? — mordeu a língua. — Eu acho que não, hein.

— Não viaja, Maria. Ele tem que seguir.

— Thalita, vamos ser sinceras. Vocês já se pegaram dentro da sua sala, garota — arregalou os olhos. — Uma coisa que vocês dois não têm é controle.

— Podemos encerrar esse assunto? — tomei o restinho do café. — Estou saindo, ok?

— Bom trabalho, Thalita. Vai me avisando qualquer coisa — ela riu.

— Bom trabalho para você também, idiota.

Saí apressada de casa, já que estava um pouco acima do horário. Não demorei muito para chegar no CT, mas levei um bom tempo para estacionar. Já mencionei o quanto odeio estacionar? Peguei minha bolsa no banco do passageiro e abri a porta apressada, mas me assustei quando bati com tudo na lateral de um carro.

— Ai, merda — murmurei, olhando para a marca que minha porta tinha deixado.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ouvi uma risada alta. Era Richard, é claro. O carro tinha que ser dele. Ele desceu, observando toda a cena com um sorriso no rosto.

— Bravo, morena. Realmente uma precisão incrível — ele disse ainda rindo.

— Desculpa, Richard. Não foi de propósito — respondi, tentando esconder a frustração na minha voz.

— Ah, claro que não foi — ele respondeu, fazendo uma pausa para rir mais um pouco. — Mas devo admitir, foi bem engraçado. Você e suas habilidades no volante são realmente impressionantes.

Revirei os olhos e comecei a caminhar apressada, já que estava atrasada.

— Já disse que foi um acidente. Se puder parar de debochar, seria ótimo — disse quando ele me acompanhou na caminhada até a entrada.

Amor em jogo- RICHARD RIOSOnde histórias criam vida. Descubra agora