Amor | Veigh

Capítulo 13

Ísis
🧸

Olhei para baco que estava segurando risada, eu tinha me colocado em uma situação deplorável.

Uma semana em Salvador eu tinha feito muitas coisas, e agora estávamos a caminho para casa dele que tinha nossa família nos esperando. Eu estava com uma sacola de mercado em mãos e acabei escorregando em uma poça de água, na real eu prefiro acreditar que era realmente água.

—Mano, que desgraça.

—Para de falar essas coisas, rapaz. -ele diz rindo- Vem cá pituquinha, eu te ajudo.

Esse seria um bom momento para eu olhá-lo com o olhar mais fofo do mundo, esse foi o apelido que ele me deu assim quando éramos crianças.

—Ai irmão, que ódio viu.

—Quebrou o vidro da bebida? -ele pergunta e me ajuda a levantar-

—Não... Acho que só meu bombom que foi de ralo. -digo vendo meu chocolate flutuar naquela água imunda e podre.-

—Depois a gente compra outro. -concordei contragosto-

Esse depois nunca iria chegar.

—Vem cá.

—Eu tô do seu lado.

—Abestalhada, seu humor continua da mesma forma. -dei língua a ele- E sua vida artística, vai ficar como?

—Bagunçada baquinho! -aperto o botão que dá na portaria e logo o portão é aberto- Eu tava fazendo uns sons, gravei uns com o Mello o produtor da Luanna e tal, fiz alguns shows mas eu tô tão longe que eu vou deixar um pouco de lado.

—Deixar de lado? Aqui na Bahia tem cada produtor foda também.

—Mas eu não falo em questão de ter produtor, é mais sobre estrutura, eu tava estruturada lá tá ligado? Mas eu tenho muita coisa guardada, talvez possa ir soltando.

—Só não abandona, você tem muito talento

—Eu não vou, sério. Eu escrevi alguns essa semana, depois te mostro.

Já estávamos no elevador e eu estava impaciente, aquela roupa estava fedendo demais, assim que a porta foi aberta eu nem fiz muita história e apenas fui direto pro banho.

Do corredor eu pude ouvir risadas da nossa família e minha mãe falando o quanto eu sou desatenta.

Segui para o quarto em que eu ocupava aqui e vi que meu irmão estava sentado na cama, eu me espantei um pouco com a figura dele aqui.

Eu não vejo ele desde antes da pandemia, se pá em 2019, mas ele se mudou para Recife de vez com o pai e deixou eu e mamãe chupando dedo.

Eu fingi não vê-lo sentado e peguei uma nova peça de roupa e fui para o banheiro, tomei o banho mesmo ainda confusa com o que fez ele vir até aqui.

Na real já éramos brigados mesmo antes dele ir embora, na real eu tenho uma parcela de culpa nisso tudo.

Nós sempre fomos muito ciumentos um com o outro e éramos do mesmo ciclo de amizade, até ele ficar com uma mina que não me suporta e fez de tudo para nossa irmandade chegar ao fim.