20 - HOSPITAL

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     Eleonor acorda no hospital, sentindo sua cabeça maior que o mundo, mais pesada que uma bigorna, além do rosto pulsando de tão inchado... parece que todo o sangue do corpo estava para sair de dentro do crânio.

Sobre o rosto, Eleonor ainda não sabia como ele estava.

— Meu amor, que bom que você acordou. — Fala Dona Janete, mãe de Eleonor.

— Rafael? Aonde ele está? Tudo bem com ele? — Eleonor, acorda perguntando pelo namorado.

— Se Rafael for o rapaz encontrado ao seu lado, desmaiado, ele está a dois quartos daqui.

— A senhora sabe se ele vai ficar bem?

— Engessou o braço direito.

— Quebraram o braço dele? — Eleonor pergunta indignada. — Mãe! Precisamos procurar a polícia e formalizar uma denúncia. Foi horrível o que fizeram com a gente!

        Dona Janete, nada diz por um momento e pergunta:

— O que aconteceu, meu amor? Do que você se recorda?

— Cadê papai? — Eleonor faz uma pergunta para sua mãe, sem ter percebido a pergunta que fora feita.

— Ele foi pegar um café amargo. Daqui a pouco passa por essa porta.

      Eleonor, coloca a sua mão direita na fronte, como se houvesse escutado um badalado de sino dentro da sua cabeça.

— Filha, o que aconteceu?

— O Victor Nabuco... — Eleonor começa a contar pausadamente. — Parou o carro do nosso lado, disse umas coisas pra gente... depois mandou os capangas dele me levarem para dentro do carro. Mas, lembrando agora... por que não me levaram?

— Não te levaram?

        Três batidinhas na porta.

— Posso entrar? Sou o delegado Pedro Vieira.

— Por favor, meu nome é Janete de Medeiros e Souza. — Dona Janete estende sua mão direito para cumprimentar o delegado. — Minha filha a acabou de acordar e precisa descansar.

— É justo. Não vou tomar muito tempo. Desejo somente saber do que Eleonor lembra.

— Não tem problema, mãe. Pelo menos já formalizo minha denúncia contra o Victor Nabuco.

        Dona Janete olha para o delegado, que imediatamente entende que mãe e filha não teve tempo de conversar sobre tudo.

— A senhorita deseja formalizar uma denúncia contra Victor Nabuco?

— Com certeza que sim.

— Do que a senhorita se lembra? Poderia me contar o que aconteceu?

— Há quanto tempo estou aqui?

— Um dia e meio. — A mãe responde.

— Caramba... muito tempo.

        Eleonor leva novamente sua mão na direção do rosto, sentindo dores.

— Mãe, posso olhar meu rosto?

         Dona Janete, vira-se cautelosamente e pega dentro da sua bolsa um estojo de maquilagem com um espelho, entregando para Eleonor.

A jovem, entende agora porque sua cabeça lateja tanto... toda sua face esquerda é um tremendo inchaço. O olho esquerdo está totalmente fechado e do tamanho de uma bola de tênis.

      Delegado Pedro Vieira pigarreia.

— Sinceramente, espero que o senhor prenda quem fez isso comigo e com meu namorado.

           O silêncio do delegado é sua resposta.

— Eu e Rafael estávamos indo pegar o ônibus, quando o Victor parou o carro do nosso lado... o segurança que estava dirigindo, começou a fazer uns comentários... foi horrível. — Lágrimas correm pela face de Eleonor. — Eu me sentir um lixo humano. — Relembra a jovem com dor exalando pela voz. — Rafael, quis tomar minhas dores, mas, o impedir e comecei a filmar... aonde está meu celular? Falando nisso.

— Está comigo meu amor. Eles o acharam ao seu lado. — Responde dona Janete.

— Pronto! Lá tem as gravações. Bem, voltando... depois que comecei a gravar, o Victor Nabuco mandou os seguranças descerem do carro para tomar meu celular. Rafael, deu um murro num deles que caiu. Um Segundo estava me levando para dentro do carro, dizendo que iria me...

A jovem volta a se emocionar, ao se lembrar que seria estuprada. Dona Janete, pega um lencinho e limpa o rosto da filha. Eleonor continua:

— Antes de matar, quando mordi seu braço e ele me esmurrou que não sei se bati com mina cara no chão ou na lataria do carro.

— E o seu namorado?

— Antes de desmaiar, acho que o vi sendo chutando pelos outros dois.

— Então, a senhora não se lembra de mais nada?

— Com certeza ela contaria se lembrasse de mais alguma coisa. — Responde Dr. Hermes, entrando no quarto de supetão. — Vocês irão prendê-lo não vão?

— Ela acordou agora delegado, ainda não atualizamos o ocorrido. — Completa dona Janete, até para tirar o marido do foco da ira... ela é apaziguadora, mas não conivente com o que é errado.

— Os três capangas foram mortos ali mesmo, onde vocês foram achados.

        Eleonor, arregala os olhos assustada. Logicamente não sabia nada disso.

— Mortos? — Eleonor olha para sua mãe assustada. — Como assim? Quem fez isso?

— As imagens ainda estão chegando na delegacia, na verdade o HD com as filmagens... — Responde o delegado.

— Delegados, como eles foram mortos? — A repetição da pergunta é motivada por causa da sua incredulidade quanto ao fato.

            Até porque, Eleonor estava rendida igual uma ovelha que vai para o matadouro.

— Minha filha, não se preocupe quanto a isso. Com certeza, assim que o delegado sair, conto tudo. — Fala Hermes, seu pai.

— E Victor? Está bem? — Pergunta Eleonor angustiada. Ela nunca desejaria a morte, de quem quer que fosse. — O que aconteceu com ele?

— Não sabemos o que aconteceu com ele... o rapaz não foi encontrado.

SENHOR DA NOITE - Lançamento dia 04 de Abril de 2024Onde histórias criam vida. Descubra agora