Jovens Rebeldes

008

         □Quatro anos depois.□

No edifício da faculdade, no terraço, uma discussão está acontecendo. Observo atentamente, sentada em uma cadeira próxima, com um cigarro entre os lábios, soltando a fumaça para o ar, afrouxando minha gravata.
Aguardando o momento certo para agir.

— Por favor!! Eu não fiz nada disso! - A garota se contorce no chão após receber um soco no estômago. Ao seu lado, seu namorado tenta defendê-la, mas é em vão.

— Não foi ela!! Deixem-na em paz!! - Ele rosna, olhando na minha direção. Seu olhar transmite desdém, ele não se importa com sua namorada, apenas com ele mesmo. A forma como esse rapaz me encara me deixa muito irritada.

— Liam, faça-o se envergonhar, mijar na frente da sua namorada! - Levanto-me da cadeira, virando as costas, mas sou interrompida.

— Você é uma garota de merda!! - Em seus olhos há coragem — Você sabe que isso é bullying, posso te denunciar!! - O rapaz é persistente.

— Isso é bullying? - Faço um bico — E o que você estava fazendo com o garoto da sala B, era o que?.

Sem hesitar, e sem esperar sua resposta, desferi um soco em seu rosto, ele grita, meus socos são fortes devido às aulas de boxe. Posso ouvir o som de seu nariz quebrando.

— Liam, segure o rosto da garota e não permita que ela desvie os olhos do seu amado namorado em nenhum momento! - Rosno e ordeno a Liam.

O menino protege o rosto, seu nariz deve estar quebrado neste momento, não fui suave no soco que dei, sem hesitar, agarro-o pela gola da camisa e lhe dou uma joelhada, fazendo-o gritar mais uma vez.
Mas ainda não é o bastante, não vejo o sofrimento suficiente em sua expressão. Caído no chão, piso em suas bolas, ele as protege, contorcendo-se, mas é inútil.
Cerro meus punhos novamente, subo em cima do menino e continuo socando-o sem parar, deixando-o completamente ensanguentado, quanto mais sangue em minhas mãos, mais vontade de socar sinto. Após perceber o estrago que causei e que logo alguém virá por causa dos gritos da garota, eu o deixo, saindo de cima de seu corpo.

— Faça bullying de novo na minha frente, e arranco seu pau fora, seu desgraçado! - Tiro o cigarro da boca e o jogo em direção ao menino. — Vamos Liam, solte a garota! - Sigo em direção aos corredores.

— Kylie, você anda muito irritada ultimamente! - Liam comenta, andando ao meu lado.

Conheci Liam quando voltei para Londres, seu pai se tornou amigo do meu pai e juntos se tornaram sócios. Graças a ele, estudo em uma escola de elite há quatro anos.

Eu e Liam temos a mesma idade, vinte anos. Com um corpo atlético, olhos castanhos e cabelos pretos, seu penteado curto com um grande risco nas laterais e todo tatuado, ele parece muito másculo.
Sua altura de um metro e oitenta e cinco chama muita atenção, e suas pernas compridas fazem um contraste perfeito com seu estilo descolado.

— Então me diz Liam, o que eu preciso para relaxar? - Paro no corredor em frente a Liam, limpando minha mão antes que alguém veja o sangue do garoto de merda.

— Meu namorado trouxe algo bom, uma parada boa Kylie! - Com as mãos nos bolsos da calça, encostado na parede do corredor, ele me encara.

— Realmente bom? - Apoio-me nos armários, interessada no assunto.

— Usei enquanto fodia com o Noah! - Sem rodeios, ele diz — Eu pude aproveitar ao máximo - Ele sorri, relembrando cada detalhe.

— Não é pela substância, é porque o Noah é muito atraente, e gostoso. - Dou um tapinha em seu peito — Até eu ficaria extasiada se um cara daqueles me fodesse sem parar! - Sorrio.

— Sua Vaca! É típico de você! - Ele ri, nosso humor é bastante sarcástico

— Não se preocupe querido, isso não passa pela minha mente, mas se vocês quiserem eu topo! - Dou risada me aproximando do seu rosto, ficando perto de seus lábios — Me traz a parada! - Peço sussurrando, deixando um beijo rápido em seus lábios.

No final do corredor surge Noah, caminhando rapidamente em minha direção, se aproximando do meu rosto e me dando um beijo rápido na frente de Liam, que não demonstra surpresa, afinal já tivemos relações há dois anos.

— Da próxima vez coloca a língua!! - Sorrio, sem surpresas.

— É o seu pagamento por proteger meu irmão! - Ele me abraça. Noah é extremamente atraente, mas sua personalidade é doce, ele é gentil.

Alto, loiro de olhos azuis intensos, parece um boneco de porcelana, com a pele sempre impecável e sobrancelhas bem feitas. Filho da diretora da escola, fazendo coisas inesperadas por trás dos panos, como vender drogas, fumar e beber. Mas há algo em Noah que me faz amá-lo, sua habilidade para hackear pessoas com facilidade, seus contatos, sua família rica, ele consegue tudo usando seus recursos, ou seja, dinheiro e influência.

— Ensine seu irmão mais novo a se defender!! Por que sua mãe ainda não o matriculou em uma academia de artes marciais? - O repreendo — O que adianta sua mãe ser a diretora, se ela não consegue impedir o bullying contra o próprio filho! - Rosno, mostrando impaciência.

— Não adianta Kylie, meu irmão é fraco! - Ele se aproxima de Liam.

— Leve-o para casa mais tarde, meu pai está viajando, vou ensiná-lo a ser forte - Sorrio de lado.

— Não!! Você não é uma boa influência!! - Liam zomba de mim.

— Nossa, eu sou um amor, um doce! - Faço bico.

— Um doce amargo! - Noah zomba.

— Vou sair daqui, tanta injustiça! - Deixo os dois para trás — Ah, quase me esqueci, na boate hoje às nove, e traga minha parada!! - sigo até o final do corredor.

Meu motorista veio me buscar hoje, uma das melhores coisas para desfrutar quando se tem dinheiro.

Dentro do amplo portão fechado da minha residência, ao adentrar, dirijo-me diretamente à cozinha para beliscar alguns petiscos, pois estou com fome.

— Odília, Odíliaaa - Chamo pela empregada da casa.

— Com a barriga nas costas Kylie! - ela sorri, arrumando a mesa.

— Estou em fase de crescimento - Sento-me, apoiando as mãos no queixo, observando com admiração Odília preparar tudo.

— Então coma tudo! Tem tomate, pepino. - Ela coloca em meu prato.

— Cenoura não! - Imploro.

— Ué, não está em fase de crescimento? - Ela ri, me fazendo cair na mesma armadilha de sempre.

— Coloca pouco então, você quer encher meu prato de cenoura, Odília - Resmungo.

— Sua mãe não lhe ensinou nada sobre verduras, Kylie. - Ela me olha, parando de me servir.

— Odília, não fale dessa mulher aqui dentro dessa casa, por favor!! - repreendo, sem magoá-la.

Não suporto tocar em qualquer assunto que envolva minha mãe, nesses quatro anos ela não me ligou em nenhum momento, aquela mulher só me pariu, Kairo me manda mensagem às vezes, mas eu ignoro por completo.

Após terminar a refeição, subo a extensa escada em direção ao meu quarto. Retiro o uniforme e me observo sem roupa diante do espelho.
Transformei-me em uma mulher atraente, com cabelos muito longos, um rosto marcante e bonito, um corpo mais sedutor do que antes, sobrancelhas sempre bem feitas e uma maquiagem leve em meu rosto, feita com perfeição por mim mesma. Encarando firmemente o reflexo no grande espelho, deixo um beijo nele.
"Você está incrível, Kylie!" Digo para minha imagem. Dirijo-me ao banheiro para um banho relaxante e demorado, pois hoje a boate estará agitada às nove horas.