Jovens Rebeldes

009

Depois de permitir que a água escorra por todo o meu corpo, saio do box do banheiro e me envolvo no meu roupão. Dirijo-me ao meu amplo closet, escolhendo algo que me agrade visualmente.
Um vestido preto justo, com mangas compridas e gola alta. Visualizo-me nele e sei que ficará perfeito em mim. Pego minha bota preta de cano alto, que chega até os joelhos, ultrapassando um pouco.

Vou até o porta-joias, coloco meu colar de prata, meus anéis e um relógio sofisticado e delicado. Sentada em minha penteadeira, faço minha maquiagem, mantendo-a leve e impecável. Nos lábios, aplico meu gloss favorito da Dior. Dirijo-me aos meus perfumes, usando o meu Hypnotic Poison, um aroma diabólico, provocante e encantador, mas nada tão diabólico quanto eu.
Abro a gaveta da penteadeira, pego um maço de cigarros e guardo na minha bolsa. No fundo da gaveta, encontro um cigarro solto e, ao tocá-lo, lembro-me do motivo pelo qual ele ainda está lá, com a frase escrita, embora com letras desbotadas. Não é à toa, foram quatro anos, abandonado no fundo daquela gaveta. Guardo-o novamente no fundo, como se não fosse nada.

Antes de sair, me observo no espelho, arrumando meu cabelo em um rabo de cavalo, dando a ilusão de que ele é mais volumoso. Desço as escadas apressadamente, pois estou atrasada.

— A que horas você vai voltar? Devo preparar o jantar? - Odília pergunta.

— Obrigada, Odília, mas vou passar a noite fora e não diga nada ao meu pai! Se ele ligar, diga que estou no quarto estudando! - Dou as instruções e saio pela porta.

Chego de carro e sou deixada em frente à boate. Ao entrar, percebo que há mais pessoas do que o habitual, provavelmente por ser sábado. Sinto os olhares sobre mim. Não há um motivo específico para isso, mas ultimamente tenho sido vista ao lado do dono da boate, cuja família é muito rica.

O pai de Harris presenteou-o com a boate quando ele completou 24 anos. Harris é um playboy extremamente atraente, com olhos verdes, cabelos castanhos escuros e uma pele clara que contrasta com seu maxilar marcado. Com um metro e noventa e cinco de altura, ele é o capitão do time de basquete da universidade. Do andar inferior, avisto Noah e Liam no andar de cima, na área VIP, me observando. Aproximo-me deles e, de lá de cima, consigo ver toda a boate, com pessoas de diferentes classes sociais, o que é evidente em uma boate tão popular. Harris não está presente hoje, provavelmente está por aí, se drogando e se envolvendo com alguém às escondidas.

— Você está incrível! Uma delícia. - Liam solta um assobio.

— Sempre estou, querido! - O encaro com deboche.

— Mas não tão incrível quanto eu! - Noah segura meu cabelo, enrolando-o em suas mãos.

— Nada se compara a você, amor! - Observo seus lábios.

— Vou ficar com ciúmes assim! - Liam se junta a nós.

— Lembra daquela noite em que transamos e fumamos maconha até o amanhecer? - Dou um sorriso, olhando nos olhos de Noah.

— Quem sabe depois da festa? - Noah ri, olhando para Liam.

— Onde está minha parada? - Mudo de assunto, estendendo a mão para Liam.

Ele tira um saquinho do bolso e eu coloco na minha bolsa sem olhar muito, confiante na qualidade das paradas que Noah e Liam me trazem. Uma tragada e já estou viajando. Nos últimos quatro anos, tem sido meu refúgio, não preciso mais fechar os olhos e imaginar, é rápido para ir e voltar de Nárnia sem precisar de um guarda-roupa.

Liam me oferece uma bebida e eu aceito, apreciando o sabor do álcool lentamente.

— Encontrei o que você queria!! - Noah se aproxima do corrimão do segundo andar da boate, ficando próximo a mim.

— Onde está? - Me viro para encará-lo.

— Ainda em Sidney, Austrália!! - Ele mostra um endereço em seu celular. — Em quatro anos, nunca saiu de Sidney!

— E seu irmão? - Questiono.

— Também em Sidney - Ele aponta outro endereço.

— Seria loucura passar um tempo em Sidney?! - Pergunto, apoiando meu cotovelo no corrimão e levando a mão ao queixo.

— Você não detesta aquele lugar? - Liam acaricia meu cabelo.

— Detesto, mais do que tudo!! - Mordo uma unha sem danificá-la — Há algo que me pertence em Sidney. - Concordo.

— O que seria? A antiga e tola Kylie? - Noah me repreende.

— Ela morreu há muito tempo!! - Pego um cigarro na bolsa e levo aos lábios.

— Mas na frente do seu pai, a doce e gentil Kylie ressurge! - Liam debocha.

— Vocês são exatamente iguais a mim! - Rosno. — O semestre acabou, nada nos impede de ir!! - Tento convencê-los.

— Kylie, tenho minhas paradas aqui, não posso deixar tudo!! - Noah me encara — Mas se você for, posso resolver o que precisar, mesmo de longe! - Ele me dá um tapinha nas costas.

— Seu pai sabe? - Liam pergunta.

— Meu pai volta em 6 meses, graças ao seu pai, Liam! - Respondo.

— Você está muito teimosa! - Liam repreende. — Pense com cuidado! Algo te pertence, mas você não é mais a mesma Kylie, talvez essa pessoa não queira mais estar com você! - Ele continua a me repreender.

— Se for preciso, quebro em mil pedaços só para tê-lo, já fiz isso antes, nada me impede de fazer de novo! - Debocho, soltando a fumaça no ar com um sorriso lateral.

— E depois que cansar, vai descartá-lo, como fez com aquele sujeito da última vez? - Noah me conhece melhor do que ninguém.

— Talvez! - Finalizo meu cigarro e dou um gole no meu drink. Os dois me encaram, já cientes do que sou capaz.

Uma batida envolvente toma conta do ambiente, fazendo meu corpo se mexer e rebolar até o chão. Quanto mais a batida ressoa pela boate, mais minha grande bunda balança e meu vestido sobe. Um homem desconhecido se aproxima, tentando flertar comigo. Demonstro impaciência e que não estou interessada, mas ele se aproxima por trás e sinto sua mão passando pela minha bunda.

— Quer morrer, seu filho da puta?!! - Sem hesitar, o chuto com força no peito, fazendo-o cair no chão.

Ele aparenta estar perturbado, o agarro pela camisa e faço sua cabeça bater no corrimão, não uma vez, nem duas, mas três vezes. O seguro com firmeza, ele não consegue reagir, pois eu nunca dou oportunidade, o primeiro golpe é crucial, quanto mais intenso o impacto, mais difícil será para a vítima reagir.

Liam e Noah permanecem distantes, pois sabem que posso agir de forma ainda mais severa.

— Se encostar em mim de novo, arranco seus dentes um por um, seu merda! - Rosno em seu ouvido, e o empurro contra o chão. Ele está atordoado.

Desço em direção ao andar inferior, passando por cima e esbarrando em qualquer pessoa que esteja em meu caminho. Ninguém ousa me desafiar, sou conhecida não apenas por sair com Harris, mas também por nunca perder uma briga, seja com homens ou mulheres. Estou impaciente, preciso de alguém para me satisfazer esta noite, de preferência alguém atraente, gostoso, com um membro grande e espesso. Olho em meus contatos, e já sei para onde devo ir.
Do andar inferior aceno com a mão, despedindo-me de Liam e Noah.

Peço um táxi e chego ao local desejado. A residência de Harris, porém sei que ele não está presente, mas há alguém gostoso me aguardando. Adentro e subo até o escritório, onde encontro o pai de Harris, organizando documentos.

— Trabalhando até tarde, daddy? - Faço um biquinho, com uma expressão gentil e doce.