16º Capítulo

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Pedro agoniava de dor no chão, corro do jeito que posso até a barraca em que estava Ítalo. Ele estava dormindo.

— Cabo! Cabo! Cabo, acorde! — Falo. O nervosismo me atrapalha um pouco e acabo ficando sem fôlego.

Ítalo abre os olhos assustados. Seu semblante era de quem não estava entendendo nada.

— O Pedro foi picado por uma cobra! Vem!

Ítalo arregala os olhos e se levanta rapidamente. Corro novamente em direção à ele. Ítalo logo começa a procurar por algo.

— O que está fazendo? Pedro está ali! — Me desespero.

— Preciso procurar a cobra.

— Mas..

— Deixe-o, soldado, faz parte das nossas normas. — Pedro diz, agoniado e respirando ofegante.

Ítalo chuta um pedaço de tronco e algo se mexe. Estava escuro, não via muita coisa. Escuto barulho de fogo, ele ascende o fósforo em sua mão. Me aproximo dele e vejo a serpente. Era marrom, com algumas manchas e grande. Me afasto por impulso.

— É venenosa? — Pedro pergunta.

— Não, é apenas uma jiboia. — Ítalo o responde.

— O que isso quer dizer? — Pergunto.

— Jiboias não são venosas, soldado, mas são perigosas e suas picadas doem muito. — Ítalo responde.

— Gente, eu acho que vou desmaiar, está doendo m..

Pedro apaga. Ítalo corre até ele.

— Soldado Queiroz? — Ele o sacode.

— Ele desmaiou. — Digo.

Ítalo o pega em seus braços, como fez comigo.
Sinto um pouco de incômodo vendo isso, não gostei muito.

— Eu te ajudava a pegar ele, não precisava. — Comento para ele, indo rumo a nossas barracas.

Ítalo sorri descaradamente.

— Do que você ri, Cabo? — Pergunto. Não achando graça alguma.

— Calma, soldado, não vou comê-lo, só estou levando de volta para a barraca. — Ítalo responde, maliciosamente.

Engulo seco com sua resposta. Não esperava por isso. Não posso sentir ciúmes do meu colega, isso está errado.

— Desculpe. — Peço e saio dali o mais rápido possível e volto à barraca.

Sento-me nas folhas e reflito sobre o que acabou de acontecer. Escuto passos se aproximarem, era ele, certeza. Me deito e me viro para o lado oposto a ele. Sinto Ítalo se deitar. O silêncio permanece, mas não por tanto tempo, pois ele faz questão quebrar.

— Sabe, eu gostei disso. — Ele diz.

— Do que está falando?

— De você sentir ciúmes, não esperava que fosse com o soldado Queiroz, mas confesso que gostei. — Seu tom de voz era sério.

— Não sinto ciúmes de você, oras.

— Sentiu sim, você ficou travado quando viu ele em meus braços. — Ítalo diz.

Meu Deus! Como ele é idiota! Que ódio! Não digo nada, apenas ignoro e fecho os olhos.
Sinto as mãos dele tocarem meu rosto. Me arrepio com seu toque delicado. Ítalo se levanta e fica por cima de mim, de repente.
Tento sair mas suas mãos seguram as minhas ao chão.

— O que você está fazendo? — Pergunto, com raiva.

— Estou te mostrando que não existe ninguém além de você para mim.

UM GAY NO INTERNATO MILITAR (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora