11º Capítulo

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AUGUSTO CAVALCANTE


Um dia após o anúncio da coronel sobre a sobrevivência em selva, o internato inteiro está movimentado.

Eu estou como os garotos do terceiro e segundo ano, animado, não vejo a hora de chegar na selva e sentir toda aquela brisa, quero participar das missões, que para mim, é a melhor parte.

Já os alunos do primeiro ano, estão meio assustados, talvez por ser algo novo, talvez também pelo medo das histórias tenebrosas que nós que fomos contamos a eles. É muito bom ver a expressão de medo e de reluta em não querer ir.

Eu termino de arrumar minha mochila para a selva, quase dois quilos que terei de levar nas costas, mas nada que me desanime.

Não vejo a hora de entrar dentro daquele ônibus e partir para os três dias dentro da mata fechada.

A mochila de Pedro já estava pronta, na sua cama, o espertinho aproveitou para jogar com o Bruno, não posso julgar, pois faria o mesmo, mas resta alguém!

Olho para o lado e vejo o Ponte olhando para a sua mochila, abarrotada de coisas. Me levanto e vou até ele.

— O que é isso? — Pergunto, tentando entender a montoeira de roupas e até perfume.

— É a minha mochila para a sobrevivência em selva. — Responde, todo convencido.

— E o que são essas coisas dentro dela? — Pergunto, novamente.

— São as coisas que eu vou levar, não está vendo? — Ele responde, começando a ficar irritado.

Rio do jeito que ele fecha a cara. Eu não sei explicar, mas Levi consegue me fazer sorrir, do nada, eu gosto de estar com ele, sei lá, me sinto próximo e me dá vontade de fazer muitas coisas com ele, também.

Ele é muito fofo, mas é errado pensar isso, ainda mais de um macho.

— Cara, era para eu ter te explicado mais cedo.

— Ter explicado o quê?

— Você está indo para uma sobrevivência em selva, soldado!

— Eu sei? — Levi diz.

Ponho a mão na cabeça, bagunçando meu cabelo e puxando-o, irritado comigo mesmo por não o ter orientado.

— Levi, sobrevivência é sobreviver, entende? — Pergunto.

— Eu não sou idiota, Augusto, aonde você quer chegar? — Ele pergunta.

— Tudo isso que você pôs na mochila não pode ser levado para a mata. — Respondo.

Levi franze a testa.

— E eu vou levar o quê, então?

— As coisas que podem ser levadas! — Respondo.

— E o que são elas?

— Seu uniforme completo de sala, uma escova de dentes e uma pasta.

— E o quê mais?

— Como assim? É só isso! — Respondo, tirando as coisas que ele pôs e pondo na cama.

— Como assim? Eu não posso levar perfume, mais roupas, creme hidratante, repelente e guarda-chuvas? — Levi pergunta, indignado.

Sorrio mais uma vez do seu jeitinho.

— Não, você não pode. — Falo, pondo o uniforme dele, a escova e a pasta de dente na mochila.

UM GAY NO INTERNATO MILITAR (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora