Ítalo prepara a máquina de cortar cabelo, escuto o barulho da máquina ligar. Minha vontade é de fugir desse lugar, minhas pernas estão inquietas por baixo do pano. Me olho pelo reflexo do espelho, meu rosto expressa toda a raiva que sinto, agora. ítalo solta uma risada.
Ele começa passando a máquina pelo lado do cabelo, vejo meus fios, pretos, lisos, caindo ao chão. Desvio meu olhar do espelho e tento olhar para minhas mãos, aperto meus dedos tentando controlar minha ansiedade. Ele passa novamente a máquina dos lados, deixando mais baixo o corte.
Agora, sinto a máquina passar por cima da minha cabeça, sinto alguns fios caírem sobre meu nariz. Não me atrevo a me olhar no espelho. Sinto um toque, os dedos de Ítalo tiram os fios do meu nariz. Ítalo levanta minha cabeça.
— Você se acostuma. — Escuto ele dizer.
Ignoro-o e sigo de olhos fechados. Novamente escuto-o rindo.
— Do que você rir?
— É essa sua cara. — Diz. — Parece que vai chorar.
— Será que é por que você está raspando meu cabelo!?
— Relaxa, cara, cabelo cresce. — Ele fala. — Ah, esqueci que aqui você não pode deixar seu cabelo crescer, putz. — Ítalo debocha.
— Por que você não corta logo isso e me deixa ir? — Pergunto.
— Calma, soldado, só quero conversar contigo.
— Mas eu não quero!
— Desse jeito, você vai sofrer muito, aqui.
— Como assim? — Pergunto.
— Esse seu jeito de teimar e ficar com raiva por coisas idiotas, soldado. — Ítalo responde.
— Não sei se você percebeu, quer dizer, você não percebeu. — Falo.
— Percebi o quê?
— Eu não estou aqui por vontade própria, como vocês...
— Espera! — Ítalo me interrompe rindo.
— E agora, está rindo do quê?
— Eu não estou aqui por vontade própria, Levi! — Ítalo responde. Nossos olhares se encontram.
— Então por que está aqui? — Pergunto.
— Meus pais me mandaram para cá, dois anos atrás, digamos que eu era um pouco rebelde. — Ele fala.
— Espera, dois anos?
— Sim, por quê?
— Você está em qual ano?
— Terceiro ano, soldado. — Responde. —Como você é novo, vou te dar um toque. — Ítalo fala e para com a máquina.
Ele vira a cadeira fazendo com que eu ficasse de frente para ele. Ítalo se ajoelha, põe suas mãos em minhas pernas. Me movo meio desconfortável.
— Soldado, sabe por que eu te chamo de soldado? — Ele pergunta.
— Não!?
— Você está no segundo ano, não é? — Pergunta, concordo com ele. — Quem estuda no primeiro ano, tem o título de recruta, quem estuda no segundo, leva o título de soldado, no caso, você! E quem estuda no terceiro ano, tem o título de cabo, por isso me chamam de cabo, sacou?
— Sim. — Respondo.
— Beleza, agora me deixe terminar o meu trabalho! — Ele diz se levantando e virando a cadeira de volta para o espelho.
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UM GAY NO INTERNATO MILITAR (ROMANCE GAY)
RomanceLevi é um adolescente de 17 anos um pouco fora do comum, um garoto tranquilo, alegre e carinhoso, vive uma linda e afortunada vida, tem tudo do bom e do melhor. Mas tudo muda quando um trágico acidente acontece e ele perde seus pais. Levi acorda no...