6º Capítulo

528 28 73
                                    

Ítalo prepara a máquina de cortar cabelo, escuto o barulho da máquina ligar. Minha vontade é de fugir desse lugar, minhas pernas estão inquietas por baixo do pano. Me olho pelo reflexo do espelho, meu rosto expressa toda a raiva que sinto, agora. ítalo solta uma risada.

Ele começa passando a máquina pelo lado do cabelo, vejo meus fios, pretos, lisos, caindo ao chão. Desvio meu olhar do espelho e tento olhar para minhas mãos, aperto meus dedos tentando controlar minha ansiedade. Ele passa novamente a máquina dos lados, deixando mais baixo o corte.

Agora, sinto a máquina passar por cima da minha cabeça, sinto alguns fios caírem sobre meu nariz. Não me atrevo a me olhar no espelho. Sinto um toque, os dedos de Ítalo tiram os fios do meu nariz. Ítalo levanta minha cabeça.

— Você se acostuma. — Escuto ele dizer.

Ignoro-o e sigo de olhos fechados. Novamente escuto-o rindo.

— Do que você rir?

— É essa sua cara. — Diz. — Parece que vai chorar.

— Será que é por que você está raspando meu cabelo!?

— Relaxa, cara, cabelo cresce. — Ele fala. — Ah, esqueci que aqui você não pode deixar seu cabelo crescer, putz. — Ítalo debocha.

— Por que você não corta logo isso e me deixa ir? — Pergunto.

— Calma, soldado, só quero conversar contigo.

— Mas eu não quero!

— Desse jeito, você vai sofrer muito, aqui.

— Como assim? — Pergunto.

— Esse seu jeito de teimar e ficar com raiva por coisas idiotas, soldado. — Ítalo responde.

— Não sei se você percebeu, quer dizer, você não percebeu. — Falo.

— Percebi o quê?

— Eu não estou aqui por vontade própria, como vocês...

— Espera! — Ítalo me interrompe rindo.

— E agora, está rindo do quê?

— Eu não estou aqui por vontade própria, Levi! — Ítalo responde. Nossos olhares se encontram.

— Então por que está aqui? — Pergunto.

— Meus pais me mandaram para cá, dois anos atrás, digamos que eu era um pouco rebelde. — Ele fala.

— Espera, dois anos?

— Sim, por quê?

— Você está em qual ano?

— Terceiro ano, soldado. — Responde. —Como você é novo, vou te dar um toque. — Ítalo fala e para com a máquina.

Ele vira a cadeira fazendo com que eu ficasse de frente para ele. Ítalo se ajoelha, põe suas mãos em minhas pernas. Me movo meio desconfortável.

— Soldado, sabe por que eu te chamo de soldado? — Ele pergunta.

— Não!?

— Você está no segundo ano, não é? — Pergunta, concordo com ele. — Quem estuda no primeiro ano, tem o título de recruta, quem estuda no segundo, leva o título de soldado, no caso, você! E quem estuda no terceiro ano, tem o título de cabo, por isso me chamam de cabo, sacou?

— Sim. — Respondo.

— Beleza, agora me deixe terminar o meu trabalho! — Ele diz se levantando e virando a cadeira de volta para o espelho.

UM GAY NO INTERNATO MILITAR (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora