Capítulo 21

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BRUNO XAVIER


O tempo estava frio, estranho para uma época de verão. Ao caminhar pelo corredor pude perceber o silêncio ao passar em frente aos quartos, não eram nem oito horas da noite, o internato sempre foi barulhento, não muito, mas sempre podia escutar meninos correndo de um quarto para o outro, gargalhando alto ou batendo nas paredes, claro, quando estávamos distante dos superiores, senão, era punição na certa.

Paro em frente a porta do quarto dos meninos da sala. Bato duas vezes antes de entrar, tinha tal liberdade para entrar. Abro a porta devagar, me deparo com Pedro mexendo no seu celular, deitado em sua cama. Ele percebe minha presença quando olha para mim, mas me ignora completamente.

Paro no meio do quarto, estava disposto a conversar com ele, ele teria de me ouvir.

— Oi, Pedro. — Falo me sentando ao lado da perna dele.

— Oi. — Seu tom de voz era baixo.

— Quero conversar com você. — Digo olhando para o quarto vazio.

Aonde estava Augusto e Levi? Pergunto aos meus pensamentos.

— Não quero. — Ele diz abruptamente.

— Precisamos conversar...

— VOCÊ NÃO VÊ QUE ESTOU JOGANDO!? — Pedro grita.

Saio da cama e fico em pé no chão. Respiro fundo antes de falar qualquer coisa.

— Eu sei quem fez isso em você! — Solto de uma vez.

Pedro olha pra mim assustado.

— Eu caí...

— Você não caiu, Pedro, eu não sou idiota! — Me sento na cama em frente a sua. — Se pensa que eu acreditei nessa sua mentira idiota, está completamente enganado, os meninos podem ter acreditado, mas eu não, eu não, Pedro.

— Ah, é! — Pedro levanta o tom de voz. — E quem fez isso em mim, senhor sabichão? — Ele debocha.

— O Murilo! — Respondo alto e grosso.

Pedro joga o celular na cama.

— Fala baixo, você não sabe de nada! — Ele se levanta.

— Eu sei, não precisa esconder as coisas de mim, Pedro.

Me levanto e me aproximo.

— O Murilo não tem nada a ver com meus machucados. — Ele defende o inútil.

— Tem sim, Pedro, pare de defende-lo, Pedro! CHEGA!

Os olhos de Pedro se enchem de lágrimas.

— Ele fez sem querer, Bruno. — Pedro chora.

— Pedro isso não existe! — Digo sem acreditar no tanto que ele o defende.

— Não foi culpa dele, eu tinha o irritado.

— Pedro isso está ficando cada vez mais perigoso, esse "namoro" de vocês dois tem que acabar, eu não aguento mais guardar isso. — Falo e Pedro arregala os olhos.

— NÃO, BRUNO! NÃO SE ATREVA! — Pedro me empurra.

— Há um ano atrás era diferente, vocês dois não tinham esse tipo de discursão, você não voltava machucado, você era mais feliz, Pedro. — Falo e percebo meus olhos também se encherem de água.

— Bruno, há um ano atrás! — Pedro diz. — É normal casais brigarem, as coisas não seriam a mesma depois de tanto tempo.

Empurro Pedro de volta.

UM GAY NO INTERNATO MILITAR (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora