Capítulo 22

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Os dias foram passando e a saudade da minha vizinha começava a bater. Pensei em largar tudo e ir morar com meus pais. Foi quando o telefone tocou e, para minha surpresa, era o meu antigo chefe na editora. Disse que iriam abrir uma filial próxima e precisariam de um editor.

Como eu já sabia tudo a respeito da empresa e a forma como trabalhavam, pensou em mim. Agendamos uma entrevista para o dia seguinte, mas teria que ir bem cedo para garantir a minha vaga. Ele disse que seriam muitas pessoas entrevistadas, mas que se eu chegasse antes iria me indicar. Não pensei nem duas vezes e topei.

Passei o dia me aprontando. Preparei uma roupa bem bonita, fui ao salão e dei um trato no cabelo, depois fui ler algumas coisas sobre a editora na internet, para me manter atualizado. Acabei dormindo no sofá e quando acordei já estava de noite. Coloquei o relógio para despertar bem cedo e, para acabar com a minha ansiedade, resolvi continuar dormindo.

Antes me ajoelhei no chão e pedi para o Espírito Santo tomar a frente dessa entrevista. Pedi também para que, se eu conseguir essa vaga, que Ele tire do meu caminho tudo o que venha a atrapalhar os planos que Ele tem para mim, pedi que me protegesse, pois sempre quando está para acontecer algo de bom em minha vida, aparecem coisas ruins que atrapalham tudo. Agradeci a Ele por aquele dia e fui dormir.

No outro dia acordei desesperado. Meu celular estava desligado, por isso acabou não despertando. Como faltava apenas 30 minutos para começar a entrevista, me arrumei correndo. Joguei um gel no cabelo e fui preparar um café. Só que nada da cafeteira funcionar. Peguei o carro e fui em jejum mesmo. Ao sair de casa me bateu uma vontade de não ir! Estava dando tudo errado, pensei em desistir. Em seguida lembrei que havia pedido para meu amigo me ajudar, então continuei.

Para não perder mais nenhum segundo acelerei meu carro a uma velocidade que eu nunca havia dirigido antes. Naquele momento eu não pensava em mais nada, só em chegar a tempo de participar daquela entrevista.

De repente me deparei com um curva muito estreita, perdi o controle do carro e bati em uma arvore. Acabei perdendo a consciência. Quando despertei estava em um quarto todo branco e deitado em uma cama. Pensei até que havia morrido e estava no céu. Mas um médico entrou na sala e disse que eu havia sofrido um acidente. Para minha sorte não havia acontecido nada de grave, apenas uma fratura no meu braço esquerdo. Perguntei se ficaria internado. Ele disse que não, mas que era para ficar de repouso em casa.

Ao chegar em casa liguei para meu ex chefe e contei o que havia acontecido. Ele achou que eu estava inventando desculpa por não ter comparecido à entrevista. Disse-me que, como não fui no horário combinado, apareceu uma pessoa qualificada que acabou ficando com a vaga. Agradeci pela oportunidade e desliguei.

Comecei a chorar. Mais uma vez o Espírito Santo havia me decepcionado.

Dessa vez eu o coloquei à frente de tudo e não interferi em nada, e mesmo assim ele não me ajudou.

Amigo Espírito SantoOnde histórias criam vida. Descubra agora