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Any Gabrielly

Felizmente a mecânica do avô de Josh tem mais mantimentos do que a casa da avó dele, já que conseguimos fazer um prato comum, uma refeição que não diminua 10 anos da minha vida.

— Como tá? Tá gostoso? - Josh pergunta enquanto me vê amassando o prato que o mesmo preparou.

— Demais.

— Você estava mesmo com fome...

— Tenho que lembrar de comer.

— Bota um alarme, pode ajudar. – Josh sugere. — E bebe menos sem estar comigo, senão seu estômago vai virar uma montanha russa.

— Anotado. Vem cá, por que você tem vários "esconderijos"?

— Porque se descobrirem um, eu tenho outro, e outro... e outro.

Dou risada.

— Não venho com frequência aqui, meu pai vinha pra cá e enchia cara, chegava bêbado e arrumava confusão na rua, quebrava as coisas dentro de casa, quando o dinheiro acabava, ele pegava do meu cofrinho que ganhei da minha avó. Contando cada misero centavo pra um shot de bebida, já que a abstinência o fazia ficar doido, se ele não bebia ele ficava agressivo, se bebia ele ficava insuportável.

— Eu nem sei o que dizer...

— Eu não preciso que diga alguma coisa, porque de alguma forma eu sei que você me entende.

— Seríamos pessoas diferentes se tivéssemos pais diferentes? Tipo, uma família estruturada, pais normais, pais que sempre dizem pra levar um casaco que vai fazer frio, que avisa pra não andar de pés descalços no chão. Seríamos diferentes do que a gente é agora? – Questiono.

— Não saberemos.

— É de certa forma estranho conversar com você, por mais que goste. - Admito.

— Por que?

— Acho que nunca tive alguém, no caso homem, pra conversar dessa forma, claro, tirando meu chefe.

— E eu nunca tive alguém pra conversar no geral...

— Nunca teve um amigo pra conversar? Pra você que é bem conhecido, é estranho ouvir isso.

— Popularidade não define amizade.

— Bingo. E os caras que estavam jogando com você? Vocês pareciam ter um pouco de intimidade.

— Eles são caras que conheci em um trabalho que fiz alguns anos atrás, eles também estavam em serviço, eles são como eu, mas isso não é ponte pra ter amizade.

— Fugindo do assunto... - Desvio do assunto. — Você gosta bastante de andar de moto e tem habilidade nisso, nunca pensou em participar de corridas? É uma grana a mais... e é menos perigoso do que você faz agora. – Sugiro.

— Isso não é pra mim...

— Por que não seria?

— Não sei, eu não sigo regras, então acho que não daria certo.

— Eu também detesto seguir regras, mas faço isso por causa do dinheiro. Não dizem que o dinheiro move céus e terras?

— Posso prometer que vou pensar nisso, tá bom pra você? - Questiona me fazendo rir.

— É aceitável. - Respondo dessa vez o fazendo rir.

Sinto meu celular vibrar no bolso, quando pego vejo uma mensagem de Davi.

"Any, consegue resolver um B.O pra mim?"

Me ferrei.

Digito um "Manda."

New York RomanticOnde histórias criam vida. Descubra agora