Any Gabrielly
As 9:00 da manhã de um Domingo nublado o telefone toca adoidado ao lado do travesseiro, como se fosse explodir, ele vibra e desliza suavemente sobre o colchão.
Resmungo um tanto adormecida, sentindo minha cabeça latejar, deslizo rejeitando a chamada.
Levo o travesseiro as orelhas, tentando abafar o som que emana do aparelho, voltando a tocar, mas sem sucesso, o som atravessa o pano e o forro, ferindo meus ouvidos.
Merda.
Rolo pela cama, me enrolando nos cobertores como um Rolinho Primavera.
Pego o aparelho, assim que vejo quem me liga jogo o rosto contra a cama, afundando o mesmo no cobertor.
Respiro três vezes antes de deslizar o dedo para o lado.
- Any Gabrielly, tá fazendo isso pra me irritar? Nunca atende essa droga de telefone. - Não respondo. - Você sempre foi assim, respondona e desobediente.
- Mas eu nem respondi. - A provoco, sabendo que está soltando fogo pelas narinas.
- Any Gabrielly!
- Sou eu, pois não?! - Debocho.
- Pelo menos uma vez na vida você pode fazer alguma coisa pela sua mãe.
- Depende... - Digo simples.
- Você já tem 27 anos, você é a filha mais velha, e está solteira...
A interrompo.
- E vou continuar. Mãe, ter um relacionamento não resolve tudo. - Afirmo.
- Mas forma uma família, estabilidade e confiança.
- E destrói sua mente...
- Não é só pelo fato do casamento da sua tia ter sido horrível que o seu vai ser!
- O seu também é horrível mãe.
- Como pode falar assim dos seus pais? Nos casamos, tivemos vocês e contruimos uma família estruturada.
Dou uma gargalhada sincera.
- Família estruturada? O pai é Alcolatra, você é dependente de nicotina, minha irmã com só onze anos já tem o psicológico fudido. Que família estruturada é assim?
- Any Gabrielly!
- Ok mãe, tenho outra chamada, te ligo outro dia.
- Você não vai me lig...
Desligo a chamada.
Uma conversa de 5 minutos com minha mãe é mais cansativa do que 7 horas seguidas no bar.
Suspiro profundamente quando deito de barriga para cima, observando o teto de gesso branco.
O telefone toca novamente, sem olhar a tela desligo o mesmo, continuando na posição que estou.
Após um breve momento de pensamentos aleatórios me levanto, indo ao banheiro. Quando me aproximo da pia me olho no espelho, vendo o quão cansada estou.
Eu estou exausta na verdade.
Ligo a ducha quente, que não demora pra abafar o banheiro, tomo um banho demorado, lavando meus cabelos sem pressa.
Assim que saio do chuveiro seco meu rosto, enrolando a toalha em meu corpo. Quando enrolo a outra toalha em meus cabelos o telefone volta a tocar.
Sabina.
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New York Romantic
RomanceAny sempre almejou um vida estável mas livre na cidade de Monroe onde mora, mas sua família tinha outros planos. Após uma discussão com ambos, Any se muda para Nova York em busca de seus sonhos, lá ela conhece um cara indecifrável, daqueles que você...