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Any Gabrielly

— Qual filme quer assistir?

— Você escolhe.

— De novo isso? Eu sempre escolho tudo. Por que você sempre me deixa escolher?

— Porque você sabe escolher.

— Vamos assistir algum filme de comédia? Espera, você não pode rir, dói as suas costelas. Que tal terror?

— Não se preocupa comigo, escolhe o que quiser.

— Então vamos na sorte, se cair um filme ruim vamos assistir do mesmo jeito, fechado?

Josh assente, se arrumando no travesseiro.

Coloco nos mais assistidos e clico no primeiro que aparece. O filme começa e me arrumo sobre o colchão, me cobrindo.

Estamos tão longe um pouco outro pois a cama é enorme que poderia mais uma pessoa deitar no meio de nós dois.

Josh parece incomodado com algo, já que não para de se mexer sobre o colchão.

— Algum problema?

— Estou desconfortável com o travesseiro.

Josh joga o travesseiro pros pés da cama, se movendo para baixo, deitando no meu colo.

— Melhorou?

— Sim.

Minhas mãos fazem menção de mexerem no seu cabelo mas me contenho.

— Essa posição não é desconfortável pra você?

— Muito pelo contrário.

— Posso perguntar uma coisa? - Questiono após alguns segundos em silêncio.

— Vai em frente.

— O quê você tem contra o Ben?

— Lá vem você de novo com essa conversa sobre esse cara.

— Eu só quero saber porque você não gosta dele. – Questiono segurando a risada.

— Eu não gosto dele e ponto.

— Mas você nem o conhece, como diz que não gosta dele se nem o viu pessoalmente?

— Eu só não gosto dele, vamos falar de outra coisa?

— Sobre o quê?

— Aonde aprendeu tudo aquilo? - Josh questiona.

— Quando fui forçada a passar pelo acampamento militar, eu não tinha pra onde correr, ou eu aprendia, ou ficava horas no lago gelado, as 3:00 da manhã. E eu fiquei muito nesse lago quando fazia algo "errado".

— Por que seus pais colocaram você lá?

— Eles não tinham dinheiro pra uma babá, mas conseguiram me colocar nesse acampamento pra poderem viajar, porque eles não queriam me levar.

— Quando começou a ficar sozinha em casa?

— Eu tinha 7 anos quando eles me deixaram sozinha pela primeira vez. Eu chorei muito achando que tinham me abandonado. Mal sabia eu que preferia ter sido abandonada do que viver o inferno que eu vivi.

— Quando você desenvolveu fobia de cozinhar?

— Foi um pouco depois disso, no começo eu me queimava com frequência, não tinha a altura do fogão e por isso usava um cadeira, as vezes me queimava com óleo quente ou até quando o ferro da panela encostava no meu braço.

— Por que sua mãe mandava você cozinhar sopa de ervilha?

— Era minha punição. Algumas crianças andavam no milho quando não faziam o que os pais queriam, outras ganhavam algumas reguadas na palma da mão, eu cozinhava várias vezes, até eu não aguentar sentir o cheiro de ervilha que eu quase vomitava.

New York RomanticOnde histórias criam vida. Descubra agora