capítulo 9.

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Toni Topaz pov.

– Hora da verdade... – Digo ansiosa para experimentar a macarronada que fizemos juntas. – Olha... Sinceramente, nós duas fazemos mesmo uma ótima dupla!

– Minha vez. – Diz Cheryl, enquanto abre um sorriso animado. Ela leva o garfo com uma boa quantidade à sua boca, começa a degustar e finge uma cara de suspense.

– Então...?

– Devo concordar, somos ótimas juntas. – Ela saboreia o macarrão, seus olhos se abrem novamente e o seu olhar cai em mim.

– Você cozinha muito bem.

– Na verdade... Tive que aprender. O meu pai foi embora muito cedo e mamãe sempre vive viajando à trabalho, então eu fico muito tempo sozinha em casa.

– Ah, sinto muito... – Falo um tanto comovida. – Desculpe te fazer tocar no assunto.

Tudo bem. – Ela diz balbuciando.

Voltamos a comer em silêncio.

Um silêncio quase desagradável, mas não tanto.

Eu estava gostando de passar esses últimos dias ao lado dela. Apesar de toda a sua discrição e timidez, ela é uma ótima companhia.

– Não precisa fazer isso. – Ela diz amigável, enquanto eu tento ajudá-la a levar louça que sujamos até a pia.

– Claro que precisa. – Falo, pegando de volta da sua mão. – Vou te ajudar a arrumar essa bagunça que fizemos. – Trato de reforçar antes mesmo que ela pense em me contradizer.

– Mas...

– E não é algo que se torne negociável! É apenas mais um trabalho em dupla.

Cheryl assente. Sem hesitações.

E acaba mesmo se tornando uma coisa divertida.

Nós conversávamos livremente, enquanto ela lavava toda a louça suja e eu secava.

Mas até que chegamos em um certo assunto.

– Ah, não... Vai me dizer que ela tentou beijar você? – Pergunto rindo baixinho da sua cara de desespero ao lembrar.

Ela falava sobre os seus quinze anos, onde a sua mãe fez questão de fazer uma festança e convidou pessoas o suficiente para que ela se tornasse popular até concluir o ensino médio.

Segundo ela, a sua mãe jura que a sua vida na escola irá melhorar caso ela seja mais conhecida.

Mas aí, ela me disse que uma dessas dezenas de garotas convidadas, estava dando em cima dela.

– Tentou mesmo. – Cheryl responde apavorada ao recordar.

Nós duas acabamos rindo novamente.

– Não ficou com ela porquê ela não chamava a sua atenção ou teve um outro motivo? – A minha curiosidade fala mais alto, mas ao vê-la consertar os óculos e virar o rosto disfarçadamente para o lado, digo: – Desculpe a inconveniência.

– Não foi inconveniente, só não quero que dê risada de mim se eu dissesse o motivo.

– Eu jamais faria isso.

– Bem... É que... Eu sempre quis que o meu primeiro beijo fosse especial... Que fosse com a garota certa... Que eu vá casar e construir uma família. Parece loucura, eu sei... Mas quero fazer tudo certo.

– Você nunca beijou?

Ignoro o fato de ela realmente ter sido uma fofa (como ela sempre é). Novamente a curiosidade fala bem mais alto.

– Droga, essa é a parte em que eu estava receosa. Isso é ridículo, eu sei... É que...

– Não é ridículo! – Interrompo ela. – É muito fofo, na verdade.

Ela não responde com palavras, mas um sorriso tímido toma conta dos seus lábios.

Acho que isso já é uma resposta.

– Cheryl... Já tem essa garota em específico? Ou...

Acho que ela se assusta com a minha pergunta repentina e deixa um copo de vidro cair no chão.

Merda, preciso aprender a guardar a minha curiosidade.

– Ai, meu Deus. Você se machucou?

– Não, está tudo bem. Ele só escorregou da minha mão. – Ela agacha para pegar os cacos cuidadosamente.

Faço o mesmo, ajudando-a.

E quando tivemos a certeza de que o chão estava seguro o suficiente para alguém andar descalço pelo local do incidente, nos levantamos outra vez.

– Desculpe. – Peço. – Só fiquei curiosa.

– Isso não é um problema. De verdade!

– Tudo bem. Então... Acho que agora eu realmente vou indo.

– Claro... Te levo até a porta.

Ela caminha comigo em um repleto silêncio.

Ao chegarmos na porta da frente, ela me encara como quem esperava que eu dissesse algo antes de ir.

– Tchau, Cher. – É só o que eu digo. Nem sei se eu deveria ter chamado ela assim, vai parecer que estou forçando muita intimidade?

– Tchau, garota! – A forma que ela disse não soou grossa... E se eu não for tão precipitada assim, eu acho que peguei a referência.

Talvez o que dizem seja real, então.

It should be me - Choni. Onde histórias criam vida. Descubra agora