Capítulo 34

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A ponte estava quase que completa. A contagem em meses espirituais estava chegando a quase três o que era um resultado consideravelmente avançado para o final da obra. A conclusão dessa reconstrução tinha que ser rápida já que a alfandega dos recém mortos estava insuportavelmente de cheia. Não havia mais espaço suficiente para tolerar outros dois meses acumulando almas sem descanso. O risco de um colapso no mundo espiritual era grande e também era um risco de afetar o mundo físico. Não é atoa que existem lendas sobre zumbis em algumas culturas. Colapsos assim já desencadearam verídicos casos de mortos que voltaram a viver em seus cadavéricos corpos por não conseguirem atravessar a ponte dentro de um determinado tempo. Embora não seja um fenômeno que dure muito tempo, já que os ceifadores se reúnem em mutirões para recolherem essas almas novamente. Ainda assim, essa rara confusão gera até hoje histórias bem elaboradas entre os humanos que estranhamente se entretêm com o assunto.

Em uma rua abaixo da obra de reconstrução, nas sombras ,ao som das águas de Tehom, se encontravam dois seres espirituais que, se escondendo dos funcionários daquele reino, discutiam os termos de um acordo que não se findava conforme uma das partes esperava.

Em uma rua abaixo da obra de reconstrução, nas sombras ,ao som das águas de Tehom, se encontravam dois seres espirituais que, se escondendo dos funcionários daquele reino, discutiam os termos de um acordo que não se findava conforme uma das partes...

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-Eu nunca te prometi isso. -Dizia uma alma masculina de túnica e capuz cobrindo totalmente seu rosto.

-Você me disse que uma vez liberto eu poderia sim alcançar qualquer objetivo! -Bradava o conhecido Góin que agora manifestava sua aparência não tão chamativa quanto a de antes.

-Eu disse que você poderia alcançar qualquer objetivo aqui no mundo espiritual! Eu nunca lhe garanti a re-vida. Você não pode passar pelos portais do nascimento.

-Não há mais nada aqui para eu consumir que me satisfaça! Preciso de carne humana! -O góin tentava intimidar o outro sujeito com seu olhar vazio e voz grave. 

-O problema é seu Ogue! Não posso fazer a mais nada além do que já fiz! Deveria ser grato por ter sua liberdade. Deveria aproveitar que Mihai não conseguiu te derrotar , então por que não transforma este lugar no próprio inferno. -Sugeria premeditadamente o misterioso ser. 

-POR QUE NÃO É ISSO QUE ME SATISFAZ!!!!! 

-E o que é que te satisfaz hein oh aberração??!! Você alguma vez já ficou satisfeito? Já parou para pensar que sua compulsão nada mais é do que sua frustração por não ter aprendido a viver como uma criatura digna? Se vocês não tivessem sido cruéis na Terra tudo seria diferente não acha??

-HAA! Disse o cara que matou o próprio irmão por inveja! O que a inveja é além de não ser satisfeito com a própria condição?

Um silêncio pairou sobre os dois que refletiam sobre suas próprias condições.

Um cheiro adocicado começou a pairar no ar e uma suave voz materializou-se em uma bela canção de letra sedutora que o góin já ouvira em sua imunda existência terrena. Aos poucos a dona da voz se aproximou saindo das sombras deixando aqueles dois completamente enfeitiçados por seu canto e beleza etérea.

Além das Flores - CONCLUÍDO ( 44 de 46)Onde histórias criam vida. Descubra agora