Neuvillette

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Água... Eu calculei mal o tempo que passaria no deserto, não vi o tempo passar enquanto explorava o subterrâneo. Eu estou morrendo de sede e por perto só tem água salgada. Onde estou? Cadê a Paimon? Cadê a água? Quem sou eu?

Vi um pequeno grupo se aproximar, conversando animadamente. Além de morrer desidratado serei roubado. Perfeito. 

Ouvi sua aproximação, mas meu corpo, exausto e desidratado, não aguentou o calor escaldante do deserto. A areia do chão, surpreendentemente fria em contraste com o ar ardente, serviu de travesseiro improvisado para o meu rosto. Por mais desconfortável que fosse, a areia parecia mais acolhedora do que realmente deveria ser. O Sol, implacável, queimava minhas costas, enquanto o vento quente, cheio de partículas de areia, balançava meu cabelo com força. Cada rajada de vento parecia roubar mais um pouco da minha energia, deixando-me ainda mais exaurido.

Meus lábios estavam rachados, a garganta seca como o próprio deserto, e cada respiração era um esforço doloroso. Ouvi passos se aproximando, o som abafado pela areia, mas não consegui levantar a cabeça para ver quem era. Minha visão, turva pelo suor que escorria incessantemente, mal conseguia distinguir as sombras que dançavam ao redor. Sentia meu corpo pesado, como se estivesse sendo puxado para baixo pela própria terra.

O cheiro de poeira e suor era intenso, misturando-se com a sensação de queimadura em minha pele. Tentei me mover, mas meus músculos estavam rígidos, cada movimento trazendo uma nova onda de dor. A única coisa que conseguia fazer era esperar, na esperança de que a pessoa cuja aproximação eu havia ouvido pudesse me ajudar.

Fechei os olhos, tentando bloquear o brilho intenso do sol, e deixei minha mente vagar. Pensamentos de água fresca e sombra inundaram minha mente, uma pequena tentativa de encontrar algum alívio na minha imaginação. No entanto, a realidade cruel do deserto não permitia que eu escapasse tão facilmente.

Finalmente, senti uma sombra sobre mim, bloqueando o sol por um momento. Uma voz suave e preocupada rompeu o silêncio opressor do deserto. "Você está bem?" perguntou, mas minha boca seca não conseguiu responder de imediato. 

Meu corpo logo foi retirado do chão de areia do deserto para os braços de alguém. A sensação de ser erguido trouxe uma mistura de alívio e tontura, enquanto minha visão ainda turva tentava focar no rosto do meu salvador. Seus cabelos brancos e roupas azuis imediatamente me lembraram do mar, do vasto e refrescante oceano que eu tanto desejava. A imagem daquele azul profundo trouxe à tona uma lembrança intensa do quanto eu gostaria de beber água, de sentir a frescura em minha garganta e de finalmente parar os sintomas agonizantes da desidratação.

Enquanto ele me carregava, senti um conforto inesperado. Seus braços eram firmes e seguros, transmitindo uma força tranquila que me fez relaxar um pouco mais. A cada passo que ele dava, o balanço suave me fazia lembrar das ondas do mar, aquele movimento rítmico e constante que tanto me acalmava. Era como se ele estivesse me levando de volta para a segurança.

Conforme o grupo se movimentava ao nosso redor, eu podia ouvir fragmentos de conversas preocupadas e ordens sendo dadas, mas tudo parecia distante e abafado. Minha mente estava focada apenas em uma coisa: a segurança que sentia nos braços daquele homem. Sua presença era como um farol no meio da tempestade, guiando-me de volta à vida.

Ele inclinou a cabeça para olhar para mim, seus olhos cheios de preocupação e determinação. Mesmo em meio ao caos e à pressa do resgate, havia uma calma em seu olhar que me fez sentir que tudo ficaria bem. Cada passo dele parecia calculado e cuidadoso, como se ele soubesse exatamente o que fazer para me manter seguro.

À medida que me carregava para um lugar mais seguro, longe do calor implacável do sol do deserto, pude sentir a sombra das tendas ou das árvores começando a me envolver. A mudança de temperatura era sutil, mas bem-vinda, proporcionando um alívio gradual à minha pele queimada e ao meu corpo exausto.

Aether... haaa (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora