Dottore

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(N/A: Se tiver algum público para esse capítulo, vai ter uma segunda parte. Um tipo de "o médico e o monstro", como naquela porção de imagens que aparece quando procura por "Aether x Dottore" no Pinterest.)

Sempre que penso no Dottore imagino um médico louco. E se eu estiver errado? Se eu estivesse pensando mal dele sem nenhuma prova concreta além da palavra de outra pessoa? E é óbvio que eu me arrependo desse tipo de pensamento.

- Childe, vamo embora. - Resmunguei afundando meu rosto no casaco peludo. - Tá frio, por que estamos aqui? Eu não sou exatamente um grande amigo dos Fatui. 

- Você que me pediu para te apresentar ao Dottore. - Comentou meio confuso, quase rindo. - E ele está em Snezhnaya.

- Eu me arrependi. - Avisei, segurando seu casaco com força. 

Childe me vendou, para me trazer aqui sem riscos. Até ele sabe que não sou exatamente um aliado dos fanáticos pela Tsaritsa. Eu não quero mais conhecer o Dottore, está na cara que é um erro tentar dar algum crédito para ele. Além disso, qualquer um que goste do Mouche ou da Nahida não pode gostar do Dottore, não depois de tudo que ele fez. Até mesmo o Pai (Arlecchino) o odeia. 

- Arle está aqui? - Perguntei, baixo, quase sussurrando. 

Não estou vendo, mas tenho alguma noção de como sentir presenças. E mesmo assim ainda estou inseguro. Minha batalha contra ela foi intensa e deixou claro que estamos em níveis diferentes. Não quero irrita-la a chamando de Arle. Vou continuar chamando, desde que ela não descubra. 

- Hum... - Childe murmurou pensativo. - Até deve estar, já que terminou o serviço em Fontaine, mas não estou vendo ela por aqui.

Não está vendo? Mas ele procurou. E se estivesse entre soldados ou classes até um pouco maiores que soldados, mas menores que os mensageiros, ela teria se destacado. Isso só pode significar que estamos perto de gente poderosa. 

Porra, Childe. Aprende a ler o ambiente. Eu poderia ter xingado alguém que está do meu lado e nem saberia. 

Puxei a venda rapidamente, me virando para Childe, um tanto irritado. Ele me encarou com cara de idiota confuso e fofo. Está tão feliz de estar aqui comigo que nem se toca na situação. Só tem maluco aqui.

Virei minha atenção para o ambiente. O grande castelo em tons de azul e branco, frio e limpo além do necessário. É a cara da rainha do gelo. Só faltava estar nevando aqui dentro. O silêncio é tão pesado que se uma única neve caísse do teto, eu conseguiria ouvir o som dela tocando o chão.

Venti, tão livre quanto o vento, não tem sequer uma casa fixa. Ei, vivia perto de um monte de raios caindo. Zhongli provavelmente tem uma coleção de pedras. Posso imaginá-lo em um salão silencioso, rodeado de relíquias, seus olhos fechados em contemplação profunda, refletindo sobre as eras passadas e as lições da terra. Talvez ele vivesse em uma caverna. A Nahida vive no meio de plantas, em um lugar vibrante e cheio de vida. 

Então, claro, faz todo o sentido que a Tsaritsa, a Rainha do Gelo, viva em um castelo congelado. Este castelo não é apenas uma casa, é um símbolo de seu coração endurecido e da barreira impenetrável que ela erguera ao seu redor. Este lugar não tem calor, nem vida. É bonito, sim, de uma forma brutal e deslumbrante, mas é um tipo de beleza que repeliria qualquer um que ousasse se aproximar. Este castelo é a manifestação física de quem ela era: uma soberana intocável, distante, cuja verdadeira natureza estava enterrada tão fundo quanto o gelo que a cercava.

E ela ainda é a arconte de amor. Soa como uma piada deprimente. Quão machucada ela deve estar para ter um castelo assim? Se não me engano, pessoas que não foram tão amadas ou apreciadas recebem uma visão Cryo. Como a Diona e seu pai ou o Kaeya e sua família.

Aether... haaa (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora