OTTO | TERMINI DI UN ACCORDO

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C E C Í L I A

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QUANDO ACORDEI JÁ estava sozinha na cama, tinha uma peça de roupa separada ao pé dela para mim e um bilhete de Isabella informando que iria fazer compras. Levantei e fui direto para o banheiro, tomei um banho demorado e vesti as peças escolhidas para mim: um short alfaiataria bege, uma blusa preta curta sem mangas de gola alta e um cinto preto.

No relógio em meu pulso marcava 10h24min e já no corredor do andar de cima conseguia sentir o cheiro do café da manhã vindo da sala. Apesar de sentir bem no fundo um pouco de insegurança, caminhei a passos firmes até a sala onde tinha uma mesa extensa de cadeiras acolchoadas e a mesa posta. Lá encontrei Eveline e mais dois homens que não conhecia.

"Bom dia, bela adormecida." - disse Eveline, com o mesmo sorriso irritante de sempre.

"Tenho mesmo que suportar esse sorrisinho por tanto tempo?"

"E quem seria você?" - perguntou o senhor sentado logo na cadeira próxima a de Eveline.

"Cecília Denaro, e você?" - o senhor arregalou os olhos e se virou para Eveline.

"O que significa isso, Eveline?" - perguntou o homem quase caindo para trás com o susto.

"Tenho a solução para os nossos problemas. Cecília, sente-se por favor."

A mesa já estava servida com o mais diversos alimentos, desde frutas, massas a cereais. Sentei-me na mesa seguida da de Eveline de frente ao senhor mais velho e comecei a servir o prato que já estava em meu lugar.

"Trate de nos agraciar com suas explicações, por favor, Eve." - disse o mais novo, com visível deboche.

"Como já sabem, preciso de uma esposa para fechar acordo com Blanco, e é de meu conhecimento um pequeno problema familiar na casa dos Denaro."

"Meu deus, como você é teatral."

"Não estrague meu momento, por favor" - dei de ombros e voltei a dar atenção ao meu café. - "Cecília está sendo procurada, precisa de segurança já que deixou para trás o legado que herdaria de seu pai, e eu preciso de uma esposa, então, juntando os dois eu tenho uma incrível solução."

"Por favor irmã, não fale que..."

"Iremos no casar em duas semanas, no civil algo simples apenas para passar a ideia de que isso é real. São dois coelhos numa cajadada só, ela fica segura por um tempo até que a poeira baixe e possa ir embora daqui e eu consigo fechar uma sociedade com Blanco e ganho tempo para provar meus valores para ele e poder me divorciar com segurança."

"Essa, maninha, é a ideia mais estúpida que já pude ouvir de alguém."

"D'luca não se meta nisso, é uma ideia perfeita, nós duas estamos nos beneficiando com isso."

"E acha que trazendo a atenção de toda a Cuba para sua casa vai te deixar protegida?"

"Papá, não seja tolo, com certeza todos vão pensar que tenho algum vínculo com os Denaro, que é a maior gangue mafiosa de toda a Itália, e juntamente com meu futuro negócio com Blanco, eu vou ficar intocável. Quem, em sã consciência, vai pensar em tocar em mim sendo rodeada de três famílias poderosas?"

"Blancos, Denaros e Moralez." - pontuou Dominique.

"Ainda assim você vai chamar a atenção de muito mais do que todo o país, talvez até fora do continente, por deus Eve, isso é muito arriscado."

"É uma boa ideia, na verdade."

"Não me diga que está caindo nessa história louca dela?"

"Papá, ela tem razão, por mais atenção que chame, ninguém vai ter coragem de fazer nada, talvez até criem interesse e nós consigamos expandir o negócio, pense bem, pode ser nossa chance de ir para os Estados Unidos, ou quem sabe o sul, Bolívia."

Amor Vermelho Sangue - Livro III | Trilogia Amor De BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora