UNDICI | EQUITAZIONE

18 2 0
                                    

C E C Í L I A

180

"TEMOS UM COMPROMISSO hoje." - a sombra alta e morena adentrou a sala como um furacão. Sorria grandemente e emanava uma animação quase perturbadora.

"Bom dia, Eveline." - respondi em zombaria enquanto bebericava meu café.

"Bom dia. Temos um compromisso hoje." - repetiu pacientemente. Tinha a sensação que nada nem ninguém estragaria seu humor naquela manhã, e isso, estranhamente, me deixou animada também.

"E qual seria?"

"Vamos andar a cavalo." - contou ainda mantendo o sorriso com dentes branquinhos nos lábios. Travei o movimento de beber o café e a olhei.

Minha gargalhada ecoou pelo salão rompendo o silêncio do cômodo, na sala estava somente eu e ela, Isabella não tinha descido ainda e aparentemente na casa só morava elas duas. Ela me olhou como um leigo olha uma espécie nova de animal e esperou pacientemente até que parasse de rir.

O que demorou um pouco.

Puxei o fôlego e beberiquei um pouco de água, antes de, ainda com um sorriso dolorido nas bochechas, voltar-me para ela - "E porque, em sã consciência, você acha que vou andar de cavalo com você, Moralez? "

"Porque, querida noiva, Rafael nos convidou para um passeio na casa de campo dele, ele é apaixonado por animais e em especial cavalos. Vai toda sua família, é uma desculpa para fazermos uma apresentação informal, uma regra idiota dele em que mistura negócios e família" - explicou.

"Sinto em lhe informar, mas terá que recusar o convite." - ela estreitou as sobrancelhas e se virou para mim.

"E porque faria isso?"

"Porque..." - pausei receosa e envergonhada; logo ela se remexeu sobre a cadeira e me encarou com mais atenção, transbordando sarcasmo no sorriso prepotente. - "Eu tenho medo de cavalos, não ando e nunca andei em um."

Agora foi sua vez de gargalhar. O carma nunca foi tão rápido, e irritante.

"Não é tão engraçado assim, chega disso." - resmunguei incomodada.

"É engraçado sim, como alguém do seu tipo nunca andou de cavalo? É algo tão comum para pessoas como a gente quanto ter armas ao nosso redor."

"Eu tenho medo de altura, Eveline, não me sinto confortável estando há dois metros de altura do chão." - confessei irritadiça. Ela suspirou e assentiu.

"Bom, para sua sorte eu sou uma ótima amazona, andar a cavalo era um grande hobbie antes de ter responsabilidades, e, querendo você ou não, teremos que ir. Afinal, meus negócios ainda não foram fechados e sua segurança já está garantida já que conquistou tão convincentemente Blanco em sua encenação de antes de ontem" - ela fez uma pausa e sorriu. - "A propósito, subestimei você, Srta. Denaro, se eu não soubesse da verdade eu mesma teria acredito nas suas palavras."

"Muito obrigada, teatro era uma aula extracurricular obrigatória no internato." - confessei satisfeita e orgulhosa de mim mesma. - "Mas, voltando ao assunto. Eu não vou andar de cavalo com você, Eveline, e ponto final."

Me levantei da cadeira e com um aceno de cabeça dei as costas indo embora, não tinha acabado meu café mas aquele assunto tinha me feito perder a fome. Eveline conseguia ferver meus nervos tão facilmente que apenas por reconhecer isso me sentia mais irritada. Que tipo de poder diabólico aquela mulher tinha de me tirar do sério que eu não conseguia entender?

»»»«««

"Eu espero que você saiba que tenho uma forte antipatia por você." - sussurrei próximo ao seu corpo.

Amor Vermelho Sangue - Livro III | Trilogia Amor De BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora