NUEVE | EL ANUNCIO

20 2 0
                                    

E V E L I N E

O CAMINHO PARA o restaurante tinha sido em completo silêncio, Cecília não tinha feito questão de dizer uma única palavra e eu tampouco.

Mauro tinha falado com Blanco para nos encontrarmos com o intuito de contar uma novidade, então nos avisaram, nos aprontamos e partimos viagem rumo a um dos restaurantes do mafioso.

Bruno parou o carro em frente ao restaurante, saiu prontamente dando a volta no carro e vindo em direção a minha porta, tensionado abri-la.

"Que Deus nos ajude." - murmurei pessimista.

"Confia tão pouco assim em meu poder de atuação?" - seu tom era pura zombaria ácida, senti uma leve irritação por ela estar tão leve com um assunto tão sério.

"Não confio em nada de você." - ela revirou os olhos e manteve o sorriso convencido. - "Mas espero que seja tudo isso que diz ser."

"Sou muito mais, querida."

A resposta ficou presa em minha garganta graças a porta ao meu lado sendo aberta por Bruno; neguei com a cabeça numa tentativa de esquecer aquela conversa e sai pela porta, esperando que a mesma saísse.

Não houve este acontecimento.

Os segundos se passaram e ela não saiu do carro. Virei-me em sua direção quando um pigarro soou no local vindo dela. Ela estava sentada na beira do banco traseiro com as belas pernas roliças lambuzadas de um creme perfumado — que inundou todo o carro durante a viagem inteira, diga-se de passagem — para fora e as mãos esticadas em minha direção.

"Comecemos pelo jeito certo, sim?" - ela estendeu mais a mão em minha direção e abriu um sorriso largo, coberto por dentes perfeitamente alinhados e branquinhos, envolto por lábios carnudos e vermelhos.

Foco Eveline!

"Sim, claro." - respondi apenas, sentindo um desconforto na garganta.

Peguei sua mão delicadamente e ajudei-a a sair do automóvel. Bruno fechou a porta atrás de nós duas e seguiu para o banco do motorista, indo estacionar o carro. Estavamos em ambiente seguro, por isso não era necessário seguranças. Mesmo assim não levou sequer dez minutos para que ele surgisse ao nosso lado, uns centímetros atrás.

Fomos recepcionadas por um homem alto, magricelo e de sorriso largo, que direcionou — sugestivamente — muito de sua atenção para Cecília, que parecia alheia ao poder que tinha.

De longe pude ver o senhor rechonchudo e baixinho sentado na mesa próxima da janela, o salão estava quase vazio e num silêncio quase irritante, sendo preenchido apenas pelos sussurros e risadas de tons politicamente corretas.

Tantas pessoas vazias e previsíveis, cansativo de se ver, pensei.

"Blanco, que prazer reve-lo." - disse ao senhor de pele enrugada e avermelhada apoiado numa bengala.

"Srta. Moralez, a que devo a honra? Soube que tinha novidades para me contar" - o ênfase na palavra não passou despercebido, um lembrete irritante do porquê nossa sociedade não foi firmada. Ele respirou fundo como se fosse um trabalho muito cansativo e vidrou o olhar atrás de mim, e de imediato sabia que tinha notado a presença da Denaro. Suas iris desceram e subiram com curiosidade — o homem era o mais fiel que conhecerá, sem qualquer fama em seu rastro —, o sorriso brotando sutilmente e o olhar gentil que surgirá em sua face molenga. - "E quem seria está bela moça?"

"Essa é..."

"Me chamo Cecília, é uma prazer finalmente poder te conhecer, Sr. Blanco." - ela se aproximou e estendeu a mão, assim como fez comigo, de um jeito elegante e antiquado, mas visivelmente educado.

Amor Vermelho Sangue - Livro III | Trilogia Amor De BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora