VENTI | FESTA DI NOZZE

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C E C Í L I A

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Eu estava a ponto de ter um colapso.

Ansiosa, nervosa, feliz, nervosa, nervosa, apreensiva e quase em pânico.
Eu falei nervosa? Oh Deus, me ajude!

Mal conseguia cumprimentar os convidados, as cenas passavam como em um filme legendado, muito rápido para poder entender e sem opção de voltar. Queria que acabasse para poder finalmente sentar, respirar e conseguir processar tudo que tinha acontecido.

Meus olhos vasculhavam pelo salão de festas com certa inquietação. Eram tantas pessoas, eu mal as conhecia, mas eram meus convidados. Parentes, sócios, amigos e conhecidos de minha esposa. Minha esposa. Agora era real, eu estava legalmente e oficialmente casada com Eveline Moralez. Em qual realidade isso seria uma possibilidade em minha mente? Nenhuma delas!

Depois da cerimônia fomos designados para o salão de festas, cujo fora o único local onde fizemos a decoração inteiramente ao meu gosto; a igreja tinha diretrizes para decorações e não houve muito mais que arranjos de flores e tules para enfeitar. O espaço era enorme, abarrotado de mesas e cadeiras com as mais diversas famílias, desde gangues dos estados à países próximos. Todos tinham sido convidados para união entre os Denaro e os Moralez. Duas famílias completamente distintas e inimigas. Um amor improvável, certamente.

Aquele beijo não tinha sido encenado. Definitivamente não. Era somente nisso que conseguia pensar durante toda cerimônia de recepção. Na entrada do salão estava, nesta ordem: Eveline, eu, Mauro, Dom e Isabella.

Não tínhamos trocado uma palavra sequer, apenas seguido caminho juntas até o local em que seria feito a recepção e apresentação dos convidados à mim. Eu era a nova integrante da família, e obviamente, muitas pessoas não me conheciam antes disso. Mesmo sendo filha de alguém de sua magnitude, Vitório Denaro não era o Fundador da Máfia. 

Eveline se conteve a trocar apenas poucas palavras comigo.

"Esses são os Hernández, primos distantes." - disse em algum momento.

Por que não fala comigo?!

Aquele não tinha sido um beijo encenado. Definitivamente não. Era por isso que estava tão estranha? Sentia remorso ou arrependimento?

O salão estava simplesmente incrível. Tinha superado minhas expectativas, sem sombra de dúvidas. No final do espaço havia duas poltronas brancas ante a uma mesa de vidro enfeitada com flores. Eram nossas mesas. Como um rei e uma rainha. O centro das atenções.

Pensei que a recepção não iria acabar nunca, mas enfim cumprimentamos os últimos convidados. Eveline me estendeu a mão e a peguei com delicadeza. Sentia que andava sob ovos. Nossos olhares eram... Estranhos. Não conseguia entender qual mensagem ela tentava passar para mim, era tudo confuso e cinza demais.

Seguimos para as poltronas e ela me ajudou a sentar no meio de todo aquele tecido pesado e quente. Os pratos e bebidas começaram a serem servidos. Assim que a primeira taça foi oferecida a mim eu a peguei e entornei o líquido. Estava nervosa. Desejava que tudo aquilo acabasse. Tinha tantos olhares, cochichos, sorrisos, julgamentos.

O garçom saiu disfarçando um sorriso sem graça. Ignorei. Não me interessa a opinião dele, não a da laia dele, pelo menos. Eu estava focada nos magnatas. Nos homens perigosos e importantes que me avaliavam nesse exato momento. Naqueles que poderiam me trair e me matar.

"Está tudo bem?" - soou sua voz. Fiquei tão surpresa que me virei em sua direção só para ter certeza que ela estava mesmo falando comigo.

Como eu era dramática. Ficamos alguns minutos sem nos falar e sentia como se fossemos ficar anos distantes. Nem eu estava entendendo todas essas emoções, parecia um furacão de coisas novas e inesperadas. Eveline não deveria ser tão importante. Aquilo tudo era um acordo. Não era?

Amor Vermelho Sangue - Livro III | Trilogia Amor De BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora