DIECI | REALTÀ GELIDA

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C E C Í L I A

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NO DIA SEGUINTE o céu amanheceu nublado, carregado de nuvens escuras e sem espaço para o sol.
O ar estava úmido e o vento gélido chicotiava meu rosto sensível pelo frio.

Finalmente meu encontro com Isabella tinha acontecido, após tantos desencontros com seus compromissos e os meus, ela apareceu de manhã cedo em minha porta com uma peça de roupas de moletom e tênis nas mãos me estendendo gentilmente e dizendo que iríamos fazer compras.

De fato eu precisava, estava sem nenhum pertence pessoal desde que vim para cá, por isso aceitei o convite e fui me aprontar.

"Está pronta?" - perguntou Isabella, atravessando o vão da minha porta.

"Estou, vamos?" - ela assentiu em concordância.

»»»«««

Isabella passou a viagem inteira ao meu lado tagarelando sobre amenidades, tornando o clima mais leve e tranquilo. Era um poder que ela tinha que eu jamais entenderia. A facilidade em fazer amizade e se abrir. Eu tentava — e falhava miserávelmente — acompanhar seu ritmo, mas simplesmente não conseguia, olhava fascinada para seu pequeno rosto emoldurado com a franja jovial e o sorriso doce.

Ela era uma menina incrível e, mesmo não sendo muito mais velha, era nítida nossa diferença de mentalidade. Provável que mesmo nesse meio tortuoso ela tinha sido criada como a princesinha da família, a caçula entre três magnatas, era óbvio que cresceria com esse ar de menina despreocupada e sem responsabilidades. Dominique, Mauro e Eveline tinham cuidado de tudo para ela.

E eu jamais a julgaria, talvez eu fosse assim também, se tudo não tivesse sido diferente.

"Terra chamando Cecília! Você ainda está aí?" - Isabella estalava os dedos em minha frente chamando minha atenção e sorriu quando balancei a cabeça tentando voltar dos meus devaneios.

"Estou aqui."

"Você estava em outro lugar."

"Sim, eu... Estava pensando em outras coisas, desculpa." - ela sorriu despreocupada e se virou para sair do carro.

Esse era o motivo de ter chamado minha atenção. O edifício espelhado se erguia com um enorme arranhaceu, a logo chamativa do shopping no centro do espelhado, logo acima da entrada do shopping.

Acompanhei Isabella saindo do carro, seguimos para dentro do edifício e logo a lufada fria arrepiou meu corpo, Bella agarrou meu braço entrelaçando-os e me guiou para o elevador.

"Isso é tão incrível, nunca tive uma amiga pra fazer compras!" - disse entusiasmada.

"Vá com calma, não quero ficar o dia inteiro aqui dentro."

"Ah, não, não. Só vamos fazer umas comprinhas básicas."

Adentramos uma loja que não consegui ver seu nome a tempo, mas logo identifiquei ser de grife. Fomos recepcionadas por uma atendente que nos direcionou para a sessão onde tinha as peças que eu ditei querer. Isabella parecia uma criança entupida de doce, andando de lá para cá com cabides e mais cabides nos braços, estendendo uma vez ou outra a roupa que tinha suposto que eu gostaria de usar, e falhando miseravelmente em todas elas.

Amor Vermelho Sangue - Livro III | Trilogia Amor De BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora