SEIS | DESCUBRIMIENTOS

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E V E L I N E

18 horas antes...

"LEMBRO-ME DE ser bem clara quanto a não ser incomodada." - resmunguei contra o celular.

"Blanco não aceitou o acordo."

Suspirei pesadamente contra o telefone e cocei a cabeça nervosa.

"Vou marcar um encontro com ele, ele tem que aceitar essa porra desse acordo."

"Qual é Eve, até eu já aceitei que aquele velho não vai dar o braço a torcer. Encontre uma loira burra qualquer e feche esse acordo de uma vez." - Dominique amansou a voz do outro lado da linha, dessa vez falando como meu irmão e não sócio.

"Eu tenho a porra da metade do país em minhas mãos, D'luca, não estou desprotegida!" - respondi irritada. Ele manteve-se em silêncio por longos segundos e por um momento pensei que tinha desligado a ligação, até que enfim suspirou e tornou a falar.

"Sabe que isso não é verdade, maninha, papá não está surtando atoa" - eu sabia, mas não queria aceitar. - "Apenas resolva isso antes que alguém nos mate."

E então desligou. Sendo consumida pela raiva joguei o celular ao longe em qualquer canto do quarto, o objeto se espatifou na parede reduzindo-se aos cacos.

"INFERNOS!" - urrei para o nada.

Odiava mais do que qualquer outra coisa não estar no controle da minha vida, me sentir pressionada, encurralada à uma decisão que eu definitivamente não queria tomar; era ridículo, essa ideia de que para confiar em mim precisava estar casada, como se eu tivesse qualquer outra escolha a não ser ser quase devota a influência que Blanco me traria. 
O cargo de líder na máfia era grandioso, poderoso, magnifico, o luxo, o poder, o dinheiro, o perigo, as mulheres, o resplendor de estar no topo da cadeia alimentar, era uma vida considerada monárquica, um baú de tesouros, para um homem.
Mulheres não tinham espaço nesse mundo, eram consideradas frágeis, burras, influenciáveis.
Mauro jamais tomaria meu lugar de direito, D'luca tampouco, por isso se preocupavam tanto em me manter segura, em cuidar de mim, por saber o preço que ter uma mulher no comando de uma gangue tão poderosa quanto a da minha família.

E por isso, eu odiava aquela ideia de me casar. Pela pressão de acatar o que todos querem apenas para não aparentar ser frágil. Eu não era a porra de uma mulherzinha, eu era dona de quase toda Havana, líder de uma gangue centenária que estava em minha família há mais anos do que podia imaginar. 

E ninguém me derrubaria do trono, não depois de tudo que passei para conquista-lo.

Alguém bateu na porta me tirando dos meus devaneios e chamou por mim, virei em direção a entrada do quarto e encontrei Bruno parado no vão da porta.

"Será que ninguém respeita mais minhas ordens? Eu disse que não queria ser incomodada, porra!" - vociferei irritada. 

"Tenho informações, senhora." - disse Bruno, já acostumado com meu jeito e ignorando completamente minha explosão.

"Sobre?" 

"A nova amiga da Srta. Moralez."

"Ah, sim, prossiga."

Amor Vermelho Sangue - Livro III | Trilogia Amor De BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora