Capítulo 13

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Capítulo 13: O Sacrifício Final

A luz fraca da manhã infiltrava-se pela floresta, criando um cenário pacífico que contrastava com a tensão no acampamento de Caim. Ele observava seu filho, Ingeras, brincando fora da tenda, sua risada ecoando alegremente. Era um som que costumava trazer-lhe paz, mas agora só intensificava a dor de sua nova realidade. Caim não podia sair para se juntar ao filho, pois o sol, mesmo através das folhas, era uma ameaça mortal.

De dentro da tenda escura, Caim sentia um aperto no coração. Sua transformação o mantinha separado de tudo o que amava, tornando-o prisioneiro da escuridão. Mirena entrou na tenda, percebendo a tristeza nos olhos de seu marido.

- Caim, por que você não sai para brincar com Ingeras? Ele sente sua falta - perguntou ela, sua voz cheia de preocupação.

Caim respirou fundo, sentindo a urgência de explicar sua nova condição. Ele sabia que não podia mais esconder a verdade. Com um movimento decidido, ele rasgou um pedaço da tenda, deixando um feixe de luz solar entrar. O brilho dourado iluminou seu braço quando ele o estendeu para fora da sombra. Imediatamente, a pele começou a queimar e a fumegar, e Caim recuou com um grunhido de dor, deixando Mirena horrorizada.

- Caim! O que está acontecendo com você? - exclamou ela, seus olhos arregalados de medo e preocupação.

- É isso o que sou agora, Mirena. Cada raio de sol me destrói. Fiz um pacto para proteger nosso povo, mas a cada dia, a sede de sangue aumenta e o sofrimento se torna quase insuportável - explicou Caim, sua voz carregada de angústia.

Mirena se aproximou, tocando gentilmente o rosto de Caim, lágrimas começando a escorrer por suas bochechas.

- Por que você fez isso? - perguntou ela, já conhecendo a resposta, mas querendo ouvi-la dos lábios de seu marido.

- Por você e por Ingeras. Eu faria qualquer coisa para garantir que vocês estejam seguros. Esta dor, esta maldição, é um preço que estou disposto a pagar por amor a vocês - disse Caim, segurando as mãos de Mirena, seus olhos brilhando com uma intensidade desesperada.

Mirena soluçou, mas não se afastou. Ela entendia a profundidade do sacrifício de Caim, mesmo que o custo fosse quase impossível de suportar.

- E se eu não beber sangue até a manhã do terceiro dia, voltarei ao normal. Poderemos ter nossa vida de volta. - Caim prometeu, sua voz tremendo com a força da esperança.

Mirena assentiu, sentindo a gravidade da promessa.

- Nós vamos conseguir, Caim. Eu acredito em você. Você sempre nos protegeu e sempre protegerá. - Ela o abraçou com força, tentando transmitir toda a sua força e amor através do gesto.

Os dias seguintes foram uma prova de resistência para Caim. Cada noite era uma batalha contra a sede insaciável, e cada manhã trazia a dor da separação de sua família. Ele observava Mirena e Ingeras de longe, guardando cada momento como um tesouro em seu coração.

Na manhã do terceiro dia, Caim sentiu a fraqueza tomar conta de seu corpo, mas sua determinação era inabalável. Ele sabia que estava próximo de sua redenção, seu sacrifício não seria em vão.

Com o sol começando a subir no horizonte, Caim olhou para Mirena e Ingeras, suas figuras iluminadas pela luz da manhã. Ele sabia que, não importava o que acontecesse, seu amor por eles era mais forte do que qualquer maldição. E assim, ele aguardou o momento da verdade, pronto para enfrentar seu destino com a coragem e o amor que sempre o definiram.

E naquele dia, enquanto a luz do sol se espalhava pelo acampamento, Caim o Flagelo estava preparado para lutar por sua humanidade, por sua família e por seu povo, com todas as forças que lhe restavam.

Caim: Coração Das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora