Capítulo 16

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Capítulo 16: O Exército das Sombras

O sol estava nascendo quando o mensageiro entrou correndo na tenda do Grão Mestre Abel II, seu rosto pálido e suado, sinalizando a urgência de sua mensagem. Ele caiu de joelhos diante do Grão Mestre, mal conseguindo recuperar o fôlego.

— Meu senhor... — começou o mensageiro, sua voz trêmula. — As tropas... os mil homens que enviamos para atacar Caim o Flagelo... foram completamente dizimados.

A fúria silenciosa que se espalhou pelo rosto de Abel II era quase palpável. Ele se levantou lentamente, cada movimento carregado de uma calma ameaçadora que fez os presentes recuarem.

— Mil homens... — repetiu o Grão Mestre, seu tom baixo e letal. — E eles falharam.

A notícia havia se espalhado rapidamente, e os conselheiros e generais na tenda trocaram olhares nervosos, cientes da ira que estava prestes a ser desencadeada.

— Se mil homens não foram suficientes, então mandaremos cem mil! — declarou Abel II, sua voz aumentando em volume e fúria. — Mas desta vez, não enviaremos apenas soldados comuns.

Ele fez um gesto brusco para um dos seus comandantes de confiança.

— Preparem os acólitos. Quero as entidades apóstatas profanas na linha de frente. — Sua voz era fria e determinada, cada palavra um prenúncio de desgraça.

Os acólitos eram uma força sombria e temida. Entidades apóstatas, renegadas de todas as ordens religiosas conhecidas, haviam se unido ao exército do Grão Mestre por promessa de poder e riquezas. Eram mercenários letais que usavam venenos e adagas envenenadas, e praticavam uma magia oriental tão antiga quanto perversa, capaz de desestabilizar até os exércitos mais disciplinados.

Esses guerreiros, cobertos por mantos negros e máscaras, carregavam consigo não apenas armas, mas um arsenal de venenos e encantamentos. Suas adagas, embebidas em toxinas mortais, eram conhecidas por causar mortes lentas e dolorosas. A magia que usavam era considerada profana, um poder sombrio que manipulava as sombras e invocava espíritos malignos para auxiliar em combate.

— Exército nenhum poderia vencer esses guerreiros das sombras — disse Abel II, um sorriso cruel se formando em seus lábios. — Eles vão trazer Caim o Flagelo e sua rebelião de joelhos.

Os comandantes saíram rapidamente para cumprir as ordens, sabendo que a paciência do Grão Mestre estava no limite. No acampamento dos acólitos, a preparação começou imediatamente. Homens e mulheres vestidos de preto afiavam suas adagas de prata e preparavam suas misturas de venenos, enquanto os líderes das entidades apóstatas entoavam cânticos antigos, invocando forças obscuras para fortalecer suas fileiras.

Enquanto isso, Caim e seu povo se encontravam em um breve momento de paz após a vitória sobre o primeiro contingente paladino. No entanto, Caim sabia que a verdadeira batalha ainda estava por vir. Ele sentia no ar a tensão crescente, como se as sombras ao seu redor sussurrassem avisos de uma escuridão ainda maior.

Naquela noite, enquanto Caim caminhava pelo acampamento, garantindo que todos estivessem preparados, ele encontrou Mirena perto da borda da floresta, olhando para as estrelas.

— Algo está vindo, não é? — perguntou Mirena, sua voz baixa e cheia de preocupação.

— Sim — respondeu Caim, puxando-a para um abraço. — Algo mais sombrio e perigoso do que antes. Mas eu prometo, não importa o que venha, eu protegerei você e Ingeras.

Mirena assentiu, confiando nas palavras de seu marido, mas sabendo que a luta seria terrível. Eles se separaram para se preparar para o que viria, a determinação em seus corações mais forte do que nunca.

Enquanto os acólitos e as entidades apóstatas profanas se preparavam para marchar, o Grão Mestre observava, seguro de que sua vingança estava prestes a ser realizada. O confronto entre Caim o Flagelo e as forças sombrias de Abel II seria épico.

Caim: Coração Das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora