Capítulo 44: Sozinhos no Universo?

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Rebeca quase caiu para trás! Se apoiou no painel de controle com as pernas um pouco bambas. Esse tempo todo pensávamos que éramos os últimos humanos vivos, e agora, mais duas pessoas estavam lá fora. Acho que todos os passageiros devem pensar que estão ficando loucos ou enxergando mal. Rebeca, de imediato, sugeriu que trouxéssemos estes dois sobreviventes a bordo do Expresso. Provavelmente, todos que viram a luz também queriam ver de perto estes sobreviventes. Mesmo não tendo ideia de como é possível sobreviver fora do trem. É claro que a temperatura lá fora ainda é congelante.

A maquinista elaborou um plano para que eles embarcassem. Primeiro, ela deu um anuncio para que todos os passageiros apagassem o máximo de luzes que conseguissem. O único vagão que deveria ficar iluminado é o vagão de número oitenta, que possuía uma porta. O vagão oitenta foi aberto e o resto do trem, aos poucos começou a se apagar. Os vagões setenta e nove e oitenta e um foram fechados para que não congelassem também.

Depois, Rebeca começou a desacelerar a máquina. O trem ia cada vez mais devagar e aquelas duas figuras se aproxima do vagão oitenta. Conforme a neve arremessada ao ar pelas rodas baixava, eles puderam chegar cada vez mais perto.

—Alerta! Alerta! Risco de parada; aumentar velocidade! — Soou o alarme do computador de bordo.

O Frostcruiser estava indo cada vez mais devagar e aqueles dois "astronautas" com um pouco de esforço entraram no vagão oitenta. O primeiro subiu a bordo, puxou o segundo, e ambos puxaram a moto neve. Rebeca não percebeu, mas a moto neve tinha uma estranha letra N na parte da frente. Depois que eles entraram no trem, a porta do vagão oitenta se fechou e Rebeca acelerou o trem à sua velocidade normal.

Os dois novos passageiros ficaram presos no vagão oitenta, até que eu, Rebeca, e um tradutor que Rebeca arranjou na Segunda Classe, chegássemos lá. Não foi nenhum trabalho encontrar um tradutor que falasse português e finlandês, já que as Industrias Nylton era um empresa multinacional. Nós três entramos no vagão oitenta. Ele estava muito gelado, pois acabou de ser fechado e o aquecedor estava iniciando. Os dois passageiros recém embarcados realmente pareciam astronautas, com trajes pesados, com cabos e tubos, e um capacete de acrílico e metal. E, agora, pude confirmar que o N que vi na moto neve era mesmo o logotipo das Industrias Nylton. Rebeca também viu, mas não disse nada por enquanto.

Eles tiraram seus capacetes e no rosto de ambos, havia marcas claras de queimaduras por frio. E na pele, manchas estranhas. Começaram a falar em uma língua desconhecida, mas o tradutor identificou como sendo o idioma finlandês, e ele traduziu tudo que eles falavam.

O mais alto se apresentou como Alexander, e o outro se chamava Antoniel. Eles tiraram aqueles trajes e os puseram de lado. O secretário da locomotiva informou Rebeca que o telefone não parava de tocar, pois muitos passageiros viram esses dois embarcando. Então, dois guardas os escoltaram, junto com Rebeca e eu, para um lugar mais reservado, o vagão-biblioteca da Primeira Classe, que estava bem perto dali. Tomamos cuidado, já que esses dois eram praticamente celebridades a bordo do trem; um espetáculo para os passageiros. E todos queriam ver de perto os inacreditáveis sobreviventes. Rebeca anunciou, através do megafone que iria apresenta-los a todo o trem assim que descobrisse quem eles eram e o queriam.

Na biblioteca, foi servido uma sopa quente para Alexander e Antoniel. Além de sinais claros de hipotermia, também pareciam mortos de fome. Depois de se acalmarem, eles falaram mais sobre si, e o homem da Segunda Classe traduziu para o português: ambos eram ex-funcionários da filial Finlandesa das Industrias Nylton e participavam do Aton.

—Aton! O Projeto Aton? Essa gambiarra das Industrias Nylton ainda funciona? Isso explica as manchas estranhas na pele de vocês, são queimaduras por radiação! — Disse Rebeca surpresa, mas ao mesmo tempo já sabendo do que se tratava.

—Sim! — Disse Antoniel, segundo o tradutor. — sobrevivemos todos esses anos na estrutura subterrânea do Projeto Aton. Nós dois e outros quinhentos trabalhadores e suas famílias. Ao todo, somos mil na colônia.

Eu me levantei em espanto e perguntei:

—Espera, espera! Além dos mais de cinco mil passageiros do Frostcruiser, ainda existem mais mil sobreviventes? Rebeca, o que é esse tal Projeto Aton?

Frostcruiser: - O Expresso Fim do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora