Capítulo 48: A Máquina do Amanhã

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Rebeca não sabia se olhava mais para o velocímetro ou para o nível de carga nas baterias. A velocidade está muito ligada à energia elétrica do trem. E se o trem parar, precisaremos de toda a força necessária para voltar a correr. Os trilhos estavam em linha reta quando entramos no bunker, mas agora começaram uma descida íngreme. Realmente íngreme! Tanto, que disparou um dos alarmes da locomotiva:

—Alerta! Alerta! Inclinação máxima atingida! Os vagões praia, piscina, e cachoeira serão esvaziados para evitar transbordamento! — não sei se fiquei mais surpreso por existir um alarme para isso, ou porque tem um "vagão- cachoeira" no trem.

No início, estava tudo escuro, Rebeca diminuiu a intensidade do holofote para economizar energia. A única coisa que conseguimos ver é que haviam trilhos acima e abaixo de nós. Mas então, ao olhar para o lado, vi que os demais vagões fazendo uma curva, o que indica que estávamos percorrendo uma espiral.

Rebeca estava tentando diminuir a velocidade a todo custo quando os trilhos começaram a tremer mais do que o normal. O trem já completou a primeira volta da espiral e agora haviam vagões acima de nós também. Nada estava muito fora do normal, quando outros alarmes iniciaram:

—Alerta! Alerta! Nível de radiação externa: estável. —Alertou o computador de bordo.

—bom, pelo ao menos não precisamos nos preocupar, pois está estável. — Disse Rebeca.

—Alerta! Alerta! Perigo de superaquecimento!

—Superaquecimento? George, verifique a temperatura externa!

Enquanto Rebeca cuidava da velocidade, eu tentava achar o termômetro que monitora a temperatura externa. Me surpreendi quando o encontrei. Pode ser que a redação externa tenha afetado a medição, mas ele marcava apenas cinquenta graus célsius negativos. Foi a temperatura mais alta já registrada pelo trem desde a partida a nove anos.

—E claro, isso explica o superaquecimento! —Disse Rebeca ao ver a temperatura. — O motor foi projetado para funcionar abaixo de cem graus Celsius negativos. Está quente demais para ele. Preciso ajustar o aquecedor antes que cozinhe o trem inteiro. George, cuide da velocidade enquanto resolvo isso.

—Rebeca, eu não tenho a mínima ideia de como se conduz um trem!

—E fácil! Apenas puxe essa alavanca para trás para o trem frear.

—Frear? Em uma descida quase vertical? É sério?

—Precisamos diminuir a velocidade do trem ou vamos passar direto e sair do bunker!

Seguindo as instruções de Rebeca, puxei a tal alavanca para trás com todas as minhas forças. Não tinha muito como eu errar; era a maior alavanca da locomotiva. A velocidade não diminuiu, mas pelo menos não subiu também. Mas, Rebeca e eu ficamos um pouco assustados ao ouvir as rodas do trem tentado parar, e as faíscas das rodas voavam com tanta forma que atingiram o para-brisas da locomotiva.

Os trilhos voltaram a tremer quando o trem completou mais uma volta da espiral. De repente, o grande galpão, que só estava iluminado pelas luzes do próprio trem, ficou claro. Algumas pequenas luzes próximas os trilhos acenderam com muita intensidade. O Frostcruiser é capaz de transferir parte de sua energia através dos trilhos, é assim que acionamos os sistemas que fazem o trem mudar de trilhos. Aparentemente, a energia do trem acionou as luzes do lugar. Agora podemos ver o lugar onde havíamos entrado.

O bunker era como uma caverna gigantesca. Cada curva da espiral tinha muitos quilômetros de diâmetro, tanto que de um lado da curva, tinha muita dificuldade de ver o outro lado. Olhando para cima, pude ver os vagões do trem entrando no bunker, e só então pude ver o quanto já havíamos descido, já que a entrada estava muito acima de nós. Também, olhando para baixo, vi o quanto ainda precisávamos descer, porque o final da caverna ainda não era visível.

Frostcruiser: - O Expresso Fim do MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora