Capítulo 21

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Capítulo 21


— Você nunca vai ser como seu irmão, Soraya. Nunca! — disse Hilda vendo Soraya parar de costas para ela.


— Sempre nos decepcionando!


— Por que não pode ser como ele? 


Engolindo em seco aquilo tudo ela dobrou o corredor.


Soraya saiu abruptamente do corredor, deixando para trás o olhar severo de seus pais. A discussão ainda ecoava em sua mente, cada palavra uma faca que cortava profundamente. Ela entrou em sua sala e fechou a porta com um baque surdo, tentando bloquear o mundo lá fora.

Sua postura na frente deles foi impecável, mas nada a destrói mais do que o desprezo nos olhos deles.

A sala estava fria e silenciosa, um contraste gritante com a tempestade que rugia dentro dela. Soraya começou a respirar rapidamente, sentindo a opressão de sua ansiedade crescendo. Suas mãos tremiam enquanto ela tentava encontrar algo em que se segurar, mas tudo parecia escorregar entre seus dedos.

"Calma," ela sussurrou para si mesma, tentando controlar a respiração. "Calma, Soraya."

Mas as palavras antigas de seus pais continuavam a reverberar em sua mente.

"Você nunca será tão boa quanto seu irmão." 

"Sempre decepcionando." 

"Por que não pode ser mais como ele?"

Soraya sentiu o chão começar a desaparecer sob seus pés. Suas pernas fraquejaram, e ela foi abaixando devagar, apoiando-se com as mãos no chão frio. Sua visão começou a turvar, e um zumbido alto preencheu seus ouvidos. Cada respiração parecia uma luta, um esforço doloroso para puxar o ar para dentro de seus pulmões.

— Eu... não... consigo...— murmurou, sentindo as lágrimas escorrerem por seu rosto. Seu coração batia descontroladamente, como se estivesse tentando escapar de seu peito. As paredes da sala pareciam se fechar ao seu redor, sufocando-a.

Ela tentou se levantar, mas suas pernas não respondiam. A sensação de impotência era avassaladora, e Soraya sentiu como se estivesse se afogando, presa em um mar de medo e desespero.

De repente, a porta se abriu, e Simone surgiu ali como um anjo em meio ao caos. Não se sabe o que ela estava fazendo ali, como apareceu num momento tão necessário, mas diante do problema, isso não importou. Os olhos desesperados de Soraya suplicaram ajuda no silêncio.

— Soraya! — exclamou ela, vendo ela caída no chão — Meu Deus, o que aconteceu? Meu amor...

Simone ajoelhou-se ao lado de Soraya, pegando suas mãos trêmulas nas suas. 

— Respira, Soraya. Olha pra mim. Respira comigo, devagar.

Soraya tentou focar nos olhos de Simone, que brilhavam com preocupação e determinação. 

— Eu... não... consigo...

— Sim, você consegue — insistiu Simone, apertando suas mãos com firmeza — Estou aqui com você. Respira comigo. Um, dois, três... devagar.

Gradualmente, guiada pela voz calma e firme de Simone, Soraya começou a sincronizar sua respiração. O zumbido em seus ouvidos diminuiu, e sua visão começou a clarear. As mãos de Simone eram um ancoradouro, um porto seguro em meio à tempestade.

Anatomy - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora