Capítulo 33

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Dezenas de milhares de maus pensamentos tomaram a mente de Fairte. Até suas falas se perderam, era Thiago, o homem que lhe arrancou sua filha. Como pode ele ter a audácia de cumprimentá-la ainda com um sorriso claramente sarcástico e maldoso?

— Não vai me responder?

— Você nem deveria dirigir a palavra a mim?

— Como não, se recebi boas maneiras? Devo tratar todos com educação, principalmente velhos conhecidos.

— Não sou nada sua, muito menos velha conhecida. Fica longe de mim!

— Nossa, pra quê tanta hostilidade assim?

Fairte cerrou os punhos.

— Thiago, o que você quer? Hum? Não basta ter destruído minha vida? Você e sua família maldita, todos vocês deveriam estar no lugar da Luiza, isso sim.

— Ah, ainda isso? Sua filha não era nenhuma santa, convenhamos...

Só deu tempo de Thiago sentir seu lado esquerdo do rosto queimar com o tapa de Fairte.

— Cala a boca seu desgraçada maldito! Você é um verme, assassino.

No instante em que Thiago pensou em revidar, Simone surgiu tomando a frente da mãe, entre eles, segurando o punho de Thiago com um reflexo de defesa rápido.

— Se encostar na minha mãe, jogo você daqui de cima — Simone o fez chegar perto de um parapeito mais baixo.

— Não teria coragem — ele a desafiou.

Simone forçou o corpo dele de uma forma que se largasse, certamente ele cairia.

— Para com isso, me larga — ele se forçou para frente e Simone o largou — Isso ainda não terminou, Tebet!

Seu olhar maligno e frio atingiu Fairte em cheio antes dele pegar as escadas e descer rapidamente. Simone o acompanhou com os olhos cheios de raiva até que o homem sumiu. Ao se virar para a mãe, ela teve uma breve volta no tempo, podendo ver novamente aquele pavor de anos atrás estampado nos olhos e na expressão de Fairte. Seu instinto foi ampará-la com um abraço forte.

— Esse maldito, Simone...— ela chorava no ombro da filha.

— Calma...

— Como me achou aqui?

— Meu pai me falou. Não chora — ela limpou o rosto da mãe.

— Como ele teve coragem de vir assim na minha cara com aquela impafia, aquele deboche como se a morte da minha filha não tivesse sido causada por ele, como Simone? — Dizia ela chorando compulsiva.

— Mãe, Thiago não merece seu sofrimento de novo. De ninguém da nossa família.

— Mas merece meu ódio, todo o meu ódio. Eu quero ir embora — dizia ela distorcida.

— Vamos, eu te levo.



***

— Thiago? Mas como assim? Ele fez algo com você? O que ele estava fazendo lá? — Ramez olhava fixamente para Fairte.

— Como vou saber, Ramez? Vê se tenho cara de quem quer saber da vida daquele demônio?

— Fairte, fica calma. Eu estou tentando entender.

— Pai, eu cheguei justo na hora que provavelmente ele ia dar um tapa nela.

Os olhos de Ramez quase saltaram das órbitas.

— Ele o que?

— Eu dei o primeiro tapa nele, por isso a tentativa de revidar — os olhos de Fairte tinham raiva, ódio, mágoa e anos de sofrimento reprimido — o deboche na cara dele, o sarcasmo, tudo me deu nojo, ódio e raiva ao mesmo tempo. Esse tapa não foi nem perto do que já sonhei fazer com ele e com aquela família maldita.

Anatomy - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora