Dois dias

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Batia os pés contra o chão em passos ritimados de angústia. Mais um dia em seu inferno pessoal foi cumprido. Parecem piorar sempre que quer encontrar sua cama, em movimento constante e estagnado.

Pelo menos, o almoço foi pouco menos solitário hoje. Mais cedo, Midoriya pediu para que se juntasse a sua mesa no refeitório e, nela, terminou a refeição ao som da conversa dos amigos do de cabelo verde, uma da qual não se interessou por participar.

Havia deixado de prestar atenção em seus arredores já fazia algum tempo, quando o professor pediu para apressarem com as decisões sobre os estágios, pois já estava na beira de designar o aluno sem documentação para a aleatoriedade do sistema da escola. Isso era algo, também, do qual não agradava muito os olhos de Sae, pois, entre o depressivo andar, existia alguém sem qualque força para fazer tal escolha.

Continuava seu trote lento até a estação, de olho na linha amarela, onde acabara de perder o horário do seu trêm. Só em meia hora teria outro vindo ao seu resgate. Esperaria sentada.

Porém, enquanto isso, numa cidade próxima, criava-se o que era simplesmente o plano perfeito, sem caminho para falhas ou intromissões. Seu dono se achava genial por se quer ter vindo a essa ideia de tão fácil maneira, afinal nunca foi de escutar muitos elogios sobre sua grande capacidade intelectual que ali se demonstrava. Aquela era a oportunidade.

Tóquio estava escurecendo e o rosto daquele garoto era o mais acordado entre qualquer aluno da sala. Talvez fosse a proximidade com o fim de semana, mas, ninguém conseguia desvendar perfeitamente o que Kai tinha de tão animador em sua mente.

As labaredas de seu cabelo pareciam mais intensas e seus olhos mais brilhantes. Seu pé, inquieto, batia contra o chão quase cinco vezes mais rápido do que um relógio conta os segundos. Era apenas essa questão de tempo para colocar tudo o que planeja em prática, pois ja estava pronto haviam algumas horas.

Sua mochila pesava hoje e não reclamou um piu durante o dia. Ali estavam suas roupas, travesseiros, cobertores, cadernos e eletrônicos necessários para uma fuga discreta, volumosos, apesar de não criarem suspeitas perante o volume de seus semelhantes naquela classe, eram o que mais o deixava nervoso. Inspeções aleatórias eram quase rotina na instituição, porém, hoje, foram inexistentes graças às suas tantas preces.

Agora, precisaria ser rápido. Em dois minutos o sinal do fim de aula irira tocar, em outros 10 encontraria Katori e, se fosse sagaz, conseguiria explicá-lo o que iria acontecer em menos de 2 minutos. Só então, seria capaz de iniciar sua complicada missão.

Escondia seu celular entre as pernas e entrava em uma conversa movimentada. Como um agente secreto, digita as simples palavras: "Labaredas em ação", pouco antes do sinal tocar.

O fim da aula, seu triunfo.

Imitava os colegas de classe e levantava-se em um solavanco, seguindo o mar de gente de maneira impaciente. Todos queriam voltar aos dormitórios e procurar um pouco de descanso, mas não ele. Kai queria adrenalina.

Pedia licença ao passar no conturbado corredor, gritando o nome da sua peça mais essencial para o sucesso de seu planejamento inteiro.

— Katori-chin! — Ele berrava contra a correnteza, quase vendo os negros fios de cabelo do menino. — Katori-chin! — Se aproximava.

Um menino de uniforme engomado perfeitamente, óculos reluzentes de tão limpos e cabelo bem arrumado, mesmo depois de 12 horas de aula. Um perfeccionista nato, que atua melhor do que muitos astros do cinema, o mais perfeito mentiroso. Achava-o de se admirar e por ele sempre teve muito respeito.

Agora, contudo, devo dizer que não é tempo de admirar os coleguinhas, pois puxava-o para perto, sem saco para essas baboseiras. Juntos, tornam-se um obstáculo único para quem deseja passar pelo fino corredor, criando uma bifurcação na passagem.

Hero's Legacy - Boku No HeroOnde histórias criam vida. Descubra agora