A chuva batia suavemente nas janelas da mansão Highbury House, criando uma melodia hipnótica que ecoava pelos corredores. Fernanda, sentada em seu quarto, olhava fixamente para o diário de seu bisavô, John Montague. As revelações contidas ali haviam mudado sua visão de sua família e da família Raventhorne para sempre. Agora, ela sabia que a mansão escondia segredos que precisavam ser desenterrados. Determinada a descobrir mais, Fernanda decidiu explorar os lugares mais antigos e menos visitados da mansão. Ela começou pelo sótão, onde havia encontrado a carta de sua avó. O sótão era um lugar sombrio e empoeirado, cheio de móveis antigos cobertos por lençóis e caixas de documentos esquecidos. Com uma lanterna na mão, ela começou a abrir as caixas, uma a uma. Encontrou velhas fotografias de família, cartas de negócios e registros de propriedades. Nada parecia relevante até que, em uma das caixas, encontrou um mapa antigo da mansão. O mapa detalhava não apenas os andares principais, mas também passagens secretas e câmaras ocultas que haviam sido esquecidas com o tempo.— Incrível — murmurou Fernanda para si mesma, enquanto analisava o mapa. — Há tantos lugares que eu nem sabia que existiam. Com o mapa em mãos, decidiu explorar uma das passagens secretas. A primeira passagem começava na biblioteca, atrás de uma estante de livros que, de acordo com o mapa, deveria se mover para revelar uma escada escondida. Descendo as escadas escuras, sentiu uma mistura de excitação e medo. A passagem era estreita e fria, iluminada apenas pela lanterna que segurava firmemente. Depois de alguns minutos, chegou a uma pequena câmara com paredes de pedra, repleta de objetos antigos e esquecidos. No centro da câmara, havia uma mesa com documentos espalhados. Fernanda começou a examiná-los e logo percebeu que eram registros de correspondências entre John Montague e Elizabeth Raventhorne. As cartas revelavam detalhes íntimos de suas vidas, suas esperanças e temores. Mas o mais surpreendente foi encontrar um cofre antigo no canto da câmara, parcialmente escondido por uma pilha de livros.— O que será que tem aqui dentro? — pensou Fernanda em voz alta, aproximando-se do cofre. O cofre estava trancado, mas ao lado dele havia uma chave antiga que parecia ser a chave certa. Com uma mão trêmula, Fernanda inseriu a chave e girou. O cofre se abriu com um clique satisfatório, revelando um pequeno baú de madeira.Dentro do baú, encontrou uma coleção de objetos pessoais: uma aliança de ouro, uma medalha militar e um diário. O diário estava em melhores condições do que os outros documentos e parecia pertencer a William Raventhorne. Fernanda sentiu um arrepio ao perceber que estava segurando algo tão pessoal e significativo.Voltando à biblioteca, sentou-se em uma poltrona confortável e começou a ler o diário de William. As entradas revelavam um homem profundamente apaixonado por Elizabeth, mas também atormentado por seus próprios demônios. Ele descrevia encontros secretos, planos para fugir juntos e, eventualmente, as ameaças que começaram a assombrá-los."Eu não consigo mais viver sem Elizabeth", escreveu William em uma das entradas. "Mas nosso amor está cercado de perigos. Prometi a John que protegeria sua irmã, mas temo que minha presença apenas a coloque em risco. Hoje, recebi uma carta anônima, ameaçando expor nosso segredo se não nos afastarmos um do outro. Não posso permitir que Elizabeth sofra por minha causa."As palavras de William trouxeram lágrimas aos olhos de Fernanda. Era claro que ele e Elizabeth haviam enfrentado uma situação desesperadora, tentando manter seu amor vivo em meio a uma tempestade de ameaças e intrigas. Enquanto lia, uma ideia começou a se formar em sua mente. Talvez houvesse mais câmaras e passagens secretas que poderiam conter informações cruciais. Decidida a continuar sua busca, Fernanda guardou o diário com cuidado e seguiu para a próxima localização indicada no mapa. Dessa vez, a passagem secreta estava localizada no porão da mansão, um lugar raramente visitado por qualquer membro da família. A entrada era disfarçada como uma parede comum, mas ao pressionar um painel específico, uma porta oculta se abriu, revelando um corredor escuro e estreito. Fernanda entrou no corredor, sentindo uma mistura de medo e excitação. A lanterna iluminava o caminho à sua frente, revelando paredes de pedra e pisos de madeira antigos. Após caminhar por alguns minutos, chegou a outra câmara. Esta era maior que a anterior, com estantes cheias de livros e documentos. No centro da câmara havia uma grande mesa de madeira coberta com mapas e diagramas. Fernanda começou a examinar os documentos e logo percebeu que muitos deles estavam relacionados a propriedades e negócios das famílias Montague e Raventhorne. Havia registros de transações, contratos e correspondências que datavam de várias décadas.Um dos documentos chamou sua atenção. Era um contrato de parceria entre John Montague e um homem chamado Thomas Barrington, que parecia ter sido um aliado importante. O contrato mencionava investimentos em terras e negócios que eram vitais para ambas as famílias. Intrigada, Fernanda continuou a examinar os papéis, tentando encontrar qualquer menção adicional a William ou Elizabeth. Foi então que encontrou uma carta escondida entre os documentos. Era uma carta de John Montague para Thomas Barrington, escrita pouco depois da morte de William."Thomas,É com grande pesar que escrevo esta carta. A tragédia que nos atingiu com a perda de William é indescritível. As circunstâncias de sua morte são obscuras, mas sei que foi vítima de uma conspiração maior do que podemos compreender. Elizabeth está devastada, e temo que nossa família nunca se recupere completamente. Peço que mantenha sigilo absoluto sobre os negócios mencionados neste contrato. Nossas famílias estão em perigo, e precisamos proteger nossos interesses a todo custo. O pacto que fizemos deve ser honrado, mesmo que signifique sacrificar parte de nossa própria felicidade.Com gratidão, John Montague"A carta confirmou as suspeitas de Fernanda: a morte de William não havia sido um acidente, mas parte de uma conspiração maior. Os negócios das famílias estavam envolvidos de maneira intrigada, e o pacto mencionado por John era crucial para sua sobrevivência. Com o coração acelerado, Fernanda soube que precisava compartilhar suas descobertas com Alexander. Mas sabia que precisavam ser ainda mais cautelosos, pois as revelações poderiam colocar ambos em grande perigo. Na manhã seguinte, encontrou-se com Alexander em um local isolado, longe dos olhares curiosos e ouvidos atentos. Contou a ele sobre as passagens secretas, as câmaras ocultas e as cartas que encontrara.— Isso é incrível, Fernanda — disse Alexander, visivelmente impressionado. — Estamos finalmente começando a juntar as peças do quebra-cabeça. Mas precisamos ser extremamente cuidadosos. Se alguém descobrir o que estamos fazendo, nossas famílias podem estar em perigo.— Concordo, Alexander. Mas precisamos continuar. Estamos tão perto da verdade.Juntos, decidiram explorar mais uma passagem secreta indicada no mapa. Desta vez, a entrada estava escondida atrás de uma lareira no salão principal. Conseguiram abrir a passagem movendo um painel de pedra que revelava uma escada em espiral descendo para as profundezas da mansão.A nova câmara que encontraram era ainda mais impressionante que as anteriores. As paredes estavam cobertas de tapeçarias antigas, e havia mesas cheias de objetos valiosos e artefatos históricos. No centro da sala, havia uma grande arca de madeira, decorada com intrincados entalhes que retratavam cenas de batalhas e cerimônias. Ao abrir a arca, encontraram uma coleção de diários e manuscritos que datavam de séculos atrás. Fernanda e Alexander começaram a folhear os documentos, encontrando histórias de alianças, traições e segredos que haviam moldado o destino de suas famílias. Um dos diários pertencia a um ancestral Montague que descrevia a formação do pacto entre as famílias. Ele mencionava uma cerimônia secreta realizada na própria mansão, onde os líderes das duas famílias selaram o acordo com sangue e juramentos sagrados."Nosso pacto com os Raventhorne é vital para nossa sobrevivência. Prometemos proteger nossos segredos e interesses, não importa o custo. Nossas famílias estão unidas por este juramento, e qualquer violação trará consequências terríveis."As palavras eram pesadas, carregadas de um senso de responsabilidade que Fernanda sentiu profundamente. Ela e Alexander estavam revivendo a história de suas famílias, desenterrando segredos que haviam sido enterrados por gerações.Enquanto continuavam a leitura, perceberam que o pacto também envolvia a proteção de um objeto específico: um anel antigo que simbolizava a união das duas famílias. O anel havia sido perdido ao longo dos anos, mas sua importância ainda era mencionada nos documentos. Decididos a encontrar o anel, Fernanda e Alexander seguiram as pistas nos manuscritos. Uma das pistas levava a uma sala oculta na ala oeste da mansão, onde o anel supostamente estava guardado em um cofre secreto. Chegando à ala oeste, encontraram a sala descrita nos manuscritos. A sala estava coberta de teias de aranha e parecia não ser visitada há anos. No centro da sala, havia um grande cofre de ferro, adornado com símbolos antigos das famílias Montague e Raventhorne.— Este deve ser o cofre mencionado nos manuscritos — disse Alexander, aproximando-se com cautela. Fernanda retirou a chave antiga que encontrara anteriormente no sótão. Com um pouco de esforço, a chave girou na fechadura e o cofre se abriu com um rangido. Dentro, havia um pequeno baú de madeira semelhante ao que Fernanda encontrara na câmara anterior. Abriram o baú com cuidado e, no seu interior, encontraram o anel. Era uma joia magnífica, com um grande rubi no centro cercado por pequenos diamantes. Os símbolos das duas famílias estavam gravados na banda de ouro, selando sua importância histórica.— Este é o anel — sussurrou Fernanda, maravilhada. — O símbolo da união entre nossas famílias. Alexander pegou o anel com reverência, examinando-o sob a luz fraca da lanterna.— É ainda mais impressionante do que imaginei — disse ele. — Este anel representa mais do que apenas um pacto. Representa a esperança de nossas famílias para o futuro.Com o anel em mãos, decidiram voltar para a biblioteca e estudar os documentos restantes, esperando descobrir mais sobre a história de suas famílias e o pacto que as unia. Ao voltarem para a biblioteca, perceberam que não estavam sozinhos. Lady Margaret estava à espreita, observando-os com um olhar curioso e desconfiado.— O que estão fazendo aqui, Fernanda? — perguntou ela, a voz carregada de suspeita. Fernanda trocou um olhar rápido com Alexander antes de responder.— Apenas estudando a história de nossas famílias — disse ela, tentando soar casual. — Encontrei alguns documentos interessantes sobre nossos ancestrais.Lady Margaret não parecia convencida, mas decidiu não pressionar mais.— Espero que saibam o que estão fazendo — disse ela, antes de sair da biblioteca. Após a saída de Lady Margaret, Fernanda e Alexander se sentiram aliviados, mas sabiam que precisavam ser ainda mais cautelosos. Continuaram a explorar os documentos, agora com um senso de urgência renovado.Uma das últimas cartas que encontraram era de Elizabeth Raventhorne para John Montague, escrita pouco antes de sua morte."John,Se você está lendo esta carta, significa que nossa situação se tornou ainda mais perigosa. William e eu descobrimos algo que ameaça não apenas nossas famílias, mas também nossa própria existência. Um grupo poderoso está tentando destruir nosso pacto e tomar o controle de nossas propriedades. Precisamos ser fortes e unidos. Escondi o anel na esperança de que, um dia, nossos descendentes possam encontrar e compreender sua importância. Ele é a chave para nosso legado e nossa sobrevivência. Confio que você protegerá nossa família e nosso segredo, custe o que custar. Com amor, Elizabeth"A carta de Elizabeth confirmou suas piores suspeitas: havia uma ameaça real e presente contra suas famílias. O anel não era apenas um símbolo, mas também uma chave para algo maior e mais perigoso.— Precisamos descobrir quem está por trás dessa ameaça — disse Alexander, determinado. — E proteger nossas famílias.Enquanto estudavam os últimos documentos, encontraram um nome que aparecia repetidamente: Thomas Barrington. Parecia que ele não era apenas um aliado de John Montague, mas também uma figura central na conspiração que ameaçava suas famílias. Decidiram investigar mais sobre Thomas Barrington e seus descendentes, esperando encontrar alguma pista que os levasse à verdade. A busca os levou a arquivos antigos na cidade, onde descobriram que a família Barrington ainda possuía uma propriedade nas proximidades de Westminster. Com a nova pista, Fernanda e Alexander sabiam que precisavam visitar a propriedade Barrington e confrontar os descendentes de Thomas. A verdade sobre o pacto e a ameaça que enfrentavam estava mais próxima do que nunca. Na manhã seguinte, partiram para a propriedade Barrington, determinada a descobrir a verdade. A casa era grande e imponente, mas tinha uma aura de abandono. Ao bater na porta, foram recebidos por um homem idoso que se apresentou como Edmund Barrington, o atual patriarca da família.— Como posso ajudá-los? — perguntou Edmund, com um olhar curioso.— Viemos falar sobre nossos ancestrais e o pacto que uniu nossas famílias — disse Alexander, sem rodeios. — Acreditamos que há segredos sobre nossas famílias que precisam ser revelados. Edmund os convidou a entrar e os conduziu a uma sala de estar ornamentada. Após servir chá, ele se sentou e os olhou com seriedade.— O que exatamente querem saber? — perguntou ele.Fernanda e Alexander explicaram suas descobertas e mostraram as cartas e documentos que encontraram. Edmund ouviu em silêncio, a expressão grave.— Meu avô, Thomas Barrington, era um homem complexo — disse Edmund finalmente. — Ele estava profundamente envolvido nos negócios de suas famílias, mas também tinha seus próprios segredos e ambições.— Sabemos que ele tinha um papel importante na conspiração que levou à morte de William Raventhorne — disse Fernanda. — Precisamos entender suas motivações e como isso se conecta à ameaça atual contra nossas famílias. Edmund suspirou profundamente.— Thomas era ambicioso e queria expandir seu poder e influência. Quando descobriu o relacionamento entre William e Elizabeth, viu uma oportunidade de manipular a situação para seu benefício. Ele planejou a emboscada que levou à morte de William, esperando enfraquecer as famílias Montague e Raventhorne e tomar controle de suas propriedades. Fernanda e Alexander trocaram olhares chocados. A verdade era ainda mais sombria do que imaginavam.— Então, a ameaça atual poderia ser um resquício dos planos de Thomas? — perguntou Alexander.— Possivelmente — respondeu Edmund. — Embora Thomas tenha morrido há muitos anos, seus seguidores podem estar tentando continuar seu trabalho. Há muitos interesses em jogo, e a descoberta do anel pode ter reacendido a ambição de alguns. — Precisamos proteger nossas famílias e o legado que nos foi deixado — disse Fernanda, sua voz firme. — Não permitiremos que o sacrifício de William e Elizabeth seja em vão. Com a ajuda de Edmund, Fernanda e Alexander começaram a traçar um plano para expor os conspiradores e proteger suas famílias. Sabiam que enfrentariam desafios e perigos, mas estavam determinados a lutar pelo que era certo. Enquanto planejavam, um sentimento de esperança e determinação florescia entre eles. A jornada para desvendar os segredos da mansão Highbury House os havia unido de maneiras inesperadas, e agora, estavam prontos para enfrentar qualquer adversidade juntos. A luta pela verdade e justiça estava apenas começando, e Fernanda e Alexander sabiam que, unidos, poderiam superar qualquer obstáculo e proteger o legado de suas famílias para as futuras gerações.
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Um Duque para Fernanda
RomanceEm 1820, na luxuosa cidade de Westminster, na grandiosa mansão Highbury House, a jovem Fernanda se vê imersa em um mundo de intrigas, segredos e um inesperado romance. Entre bailes glamorosos e conspirações familiares, Fernanda deverá lutar por seu...