[04/07]

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    O sol reluzia pelos corredores exteriores do palácio principal, os serventes tentavam transitar por alí da forma mais discreta que podiam, para não conseguirem problemas com outros nobres que iam e viam para resolver suas situações, prestar relatórios, ou responder a um chamado direto de algum membro da realeza.

    Como era o caso do Conde Ed Hamilton.

    Seus passos eram lentos, porém padronizados, seguindo o mesmo ritmo que sua bengala fazia ao se encontrar com o chão, cantarolava uma música calma e melódica que vinha em sua mente, como forma de se manter firme em meio aquele caos.

    Sua filha precisava dele, e ele estava disposto a fazer tudo para ela, não importava como.

    Já havia falhado em impedir que Corália fosse arrastada ao palácio pelas garras do rei, não iria falhar duas vezes.

    Enquanto seguia em direção ao palácio de jade, onde a primeira concubina ficava, se deparou com o rei nos corredores junto aos seus guardas.

— Vossa majestade, que a glória esteja convosco — se inclinou um pouco menos do que deveria, com um sorriso imutável no rosto.

— Conde Hamilton, lamento todas as vezes que nos encontramos — Berto suspirou com pesar.

— Que desagradável dizer isso ao seu sogro — Ed brincou, com um fundo de verdade.

— É justamente por esse motivo. Tem ideia de quantos problemas sua filha me fez enfrentar? — a feição do rei mudou. Não importava quantas vezes visse esses cabelos ruivos vividos, como a raposa que dava vida ao brasão da casa Hamilton, sempre sentiria uma pontada de raiva, frustração e desgosto.

    E não era diferente com seus próprios filhos, que tiveram o desprazer de pareceram tanto com a mãe.

— Oh, sou um ignorante a este assunto, majestade

— Não se faça de tolo, sua filha tem a quem puxar. Nós dois sabemos que a doença de Coralia não é nada além de uma farsa, e graças aos boatos que se estenderam a partir disso conseguimos perder um tratado importante até mesmo com o reino de Ropel, e agora Zayn está fazendo o mesmo — Berto apontou o acusando, a veias de seu pescoço sendo controladas para não saltarem.

— Ela não teria ficado nesse estado, se vossa majestade a protegesse como devido, e por favor, não coloque meu neto sobre sua irresponsabilidade — Ed suspirou com um sorriso nos lábios.  

— Eu faço tudo ao meu alcance, eu espero que o conde não esteja me confundindo com um deus, não posso prever e controlar tudo ao meu redor. O senhor sabe que eu não me envolvo com a batalha do trono, cada herdeiro faça o que lhe apetece, apesar de não ter criado meus filhos com amor, todos tiveram o devido suporte para saber o certo e o errado a esta altura do campeonato, agora o Zayn... Ha! Puxou bem sua família materna, não é suficiente para ele está bem, ele quer que seus oponentes estejam ainda pior.

— Se tem tanta certeza disso, não deveria se orgulhar de sua esperteza? Está se mostrando a muito tempo um ótimo líder. 

— Estaria, se suas atitudes também não colocassem a mim e ao reino em maus lençóis, se ele quisesse o título de herdeiro já havia conseguido isso a muito tempo, mas não é esse o caso. Conde Hamilton, essa raposa astuta quer o caos, e isso eu não posso permitir.

— Haha, me sinto lisonjeado por meu neto está honrando o brasão de minha família. Mas vossa majestade, deveria parar de mentir para si mesmo, foi sua mais pura negligência que o fez chegar a este ponto, se não houvesse prendido minha filha pelo seu orgulho cego, nada disso teria acontecido — os olhos de Berto vacilaram, mas não pode deixar de ver Ed com sangue no olhar — Com sua permissão, irei cumprir meus deveres.

De Repente, às Avessas!Onde histórias criam vida. Descubra agora