Enrico Niccolo
24 de março
Água. Água é tudo o que vejo ao meu redor.Está tudo escuro. Eu estou me debatendo na água para ela me soltar e eu conseguir respirar, mas ela não o faz.
Eu não consigo respirar. Ela só me segura mais forte e me força a ficar embaixo da água. Ela está me machucando, está tentando me matar.
Eu começo a sentir meu corpo amolecendo. Meus olhos arregalados não aguentavam mais ficar abertos. Tudo está preto. Eu estou quase morrendo, novamente.
Luzes. Luzes vermelhas surgem do lado de fora da piscina e eu sou jogado na água, sem forças para tentar fazer alguma coisa.
De repente, duas mãos fortes me seguraram e me puxaram para fora desse inferno.
Rapidamente abro meus olhos e sinto o suor escorrendo pelo meu corpo e rosto. Me sento na cama e passo minhas mãos pelo meu rosto. Olho para o lado, onde está Tyler, sentado ao meu lado, me olhando com preocupação.
- Você está bem? - Assinto com a cabeça enquanto passo a mão em meus cabelos, os jogando para trás.
- Eu te acordei. Eu estava gritando de novo?
- Estava... - olho para a janela do quarto que está com a cortina um pouco aberta, vejo que o sol ainda não se pôs, o que significa que ainda está de madrugada. - Enri, você quer conversar?
- Não tem o que conversar, foi a mesma merda de sempre. - Me levanto da cama.
- Pra onde você vai?
- Vou ficar na sala. - Falo andando na direção na porta
- Você não precisa ir pra lá, pode ficar aqui.
- Ainda não amanheceu. Volte a dormir, Ty. - Saio do quarto, indo para sala.
Olho para o relógio abaixo do painel da televisão e vejo que são 04:48, não falta muito para amanhecer. Agora que acordei, não vou mais conseguir dormir.
Avisto ao lado do relógio um maço de cigarro e um isqueiro em cima dele, os pego e abro a porta da varanda, entrando nela.
Retiro um cigarro do maço e o acendo, os levando rapidamente para os meus lábios, os retiro e solto a fumaça. Inclino meu corpo para trás e apoio meus ombros em cima do guarda corpo preto.
Odeio quando acordo Tyler desse jeito, principalmente de madrugada porque sei que ele fica preocupado e não consegue mais dormir direito.
Dou uma tragada no cigarro.
Tyler, na verdade, é a única pessoa que eu deixei se aproximar de mim, não confio em mais ninguém, pessoas são muito decepcionantes, por isso nunca gostei de ter amigos. Tyler sempre está ao meu lado quando eu preciso, mesmo que nós não falemos disso sempre, eu amo ele e sei que ele também me ama.
Outra tragada.
Eu não costumo fumar muito, apenas quando estou tenso, nervoso ou ansioso. Agora eu estou tenso e nervoso por continuar tendo esses pesadelos. Eu não os aguento mais.
Levo o cigarro aos meus lábios, uma última vez, e trago lentamente, solto a fumaça por minha boca e entro para dentro. Vejo um cinzeiro branco em uma mesinha no canto da sala e apago meu cigarro nele, o deixando ali mesmo.
Me deito no sofá, encostando minha cabeça no braço dele. Coloco meu braço em cima da minha testa e fico olhando para o teto branco do apartamento.
Pego o controle ao lado da minha cabeça e ligo a televisão de Tyler. Coloco em um canal aleatório que está passando "Eu, a patroa e as crianças" e deixo nele. Eu não assisto muito, mas gosto bastante. É uma boa série para rir e passar o tempo. Boa para o momento de agora.

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Mia Sole
Lãng mạnEnrico Niccolo, um italiano, mulherengo, traumatizado. Não se apega à ninguém. É grosseiro com tudo e todos. Ele nunca se apaixonou de verdade por ninguém, e nunca imaginou que um dia se apaixonaria. Será que isso pode mudar, com a mudança de uma jo...