Capítulo 16

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Madison Brown

26 de março

- O que aconteceu? - Tyler entra na cozinha perguntando para o Enrico, que gritou.

Noah logo chega, ficando atrás do moreno.

- Fui lavar uma faca e me cortei com essa merda. - Responde com a mão em baixo da água.

- Você quase nos matou de susto. - Noah fala com a mão no peito.

- Droga, não para de sair sangue. - Enrico diz enquanto olha a própria mão.

- Hum, se você quiser eu posso enfaixar a mão que você cortou, assim evita infecções no machucado e não fica escorrendo sangue. - Me ofereço.

Na verdade, eu nem sei se isso realmente acontece. Eu acho que nem precisa de curativo. Nem sei se o corte foi fundo. Eu nem sei fazer curativo!

- Claro que quero. - Sorri.

- Você já terminou a comida? - Tyler pergunta. - Eu estou faminto!

- Sim, Tyler. Eu já terminei. Enquanto eu e a Madison vamos no meu quarto para ela fazer o curativo, vocês dois poderiam colocar as comidas e pratos na mesa, para agilizar as coisas antes que você morra de fome.

- Tá bom. Mas não demorem. - Aponta o dedo indicador para a gente.

- Não vamos. - Rio.

- Eu não teria tanta certeza disso. - Noah diz, o olho com um olhar mortal. - Brincadeirinha. Vão logo!

- Me segue. - Enrico pede e começa a andar para fora da cozinha.

Eu o sigo, como ele pediu.

Vamos para o corredor, que mesmo com as luzes apagadas posso ver que a cor das paredes são cinza. Nele tem cinco portas, duas delas estão abertas. Tem alguns quadros nas paredes, alguns são paisagens, suponho que sejam da Itália. Um em específico me chamou atenção. É uma fotografia do Enrico, uma menininha de pele escura, com longos cabelos lisos e pretos, e um homem branco, moreno de meia idade, que é muito parecido com o Enrico. Eles estão lado a lado na frente de uma mansão. Todos estão sorrindo, parecem felizes.

Ele entra em um quarto, o último do corredor. Vou atrás.

Ele acende as luzes revelando um quarto grande, um pouco bagunçado. Tem algumas roupas e algumas coisas de higiene pessoal jogadas no chão. Diferente do quarto, a cama está perfeitamente arrumada, com um cobertor azul escuro e dois travesseiros grandes forrados com duas fronhas, também azuis escuras.

- Já volto. - Avisa e entra em uma das portas que tem no quarto, creio que a que ele entrou seja o banheiro e a outra, o closet.

As paredes são em um tom de azul marinho profundo. No canto da parede que tem a porta que entramos, tem uma mesa marrom e uma cadeira giratória toda preta na frente. Em cima dela tem um fone bluetooth branco, um porta canetas com algumas canetas pretas, canetas azuis e lápis. Também tem alguns cadernos fechados e um porta-retratos dele com a mesma garotinha da foto do corredor. Ele está agachado, com uma perna ajoelhada no chão e na outra ela está sentada, olhando para ele e vice-versa. Nesta foto eles também estão sorrindo.

- Pronto. - Ele está segurando uma caixa vermelha de primeiros socorros.

- Se senta na cama. - Peço e ele faz, deixando a caixa do seu lado.

Vou até ele e me sento ao seu lado. Agora vou ter que usar minha memória e me lembrar de como fazem curativos nos filmes. Eu nunca fiz um.

Abro a caixa e tiro um spray Kuramed de dentro dela. Pelo o que está escrito ele serve para combater germes e bactérias, trata de pequenos ferimentos, e contém anestésico, para aliviar a dor.

Enrico estica a palma da mão cortada para mim, eu a seguro e espirro duas vezes o líquido do spray no ferimento em cima dela. Enrico geme baixinho de dor.

- Está doendo?

- Só um pouco.

Tiro um pacotinho com atadura de rayon e o abro, o tirando de dentro do saquinho.

Nem preciso olhar para o rosto do moreno para saber que ele está me encarando.

- Por que você me olha tanto? - Começo a enrolar a atadura na mão de Enrico.

- Porque eu quero e gosto de te olhar. - Ele responde.

Pego uma tesoura pequena de dentro da caixa, assim que dou duas voltas de atadura em sua mão, e a corto.

- Quem é a garotinha da foto? Sua filha? - Pergunto e pego uma fita micropore branca e enrolo uma vez em seu braço, em cima da atadura.

Ele ri.

- É como se fosse, mas não é. - O encaro, confusa. - Ela é minha irmã.

Apenas concordo com a cabeça e corto a fita micropore.

- Madison... Madison. É um belo nome. - Sorrio.

Começo a guardar as coisas que usei de volta na caixa.

- Você é italiano? - Pergunto.

- Sì, io sono. (Sim, eu sou)

- Vou considerar isso como um sim. - Ele ri.

- Sim, sou italiano. Como descobriu?

- Observei os quadros de paisagens no seu corredor e deduzi que fossem da Itália. E também já assisti uns dois filmes em italiano, e seu sotaque te entregou.

- Realmente, você é inteligente.

- Pensou que eu fosse burra? - Indaguei.

Ele não responde, apenas me encara com um sorriso idiota no rosto.

- Pode deixar em cima da cama, depois eu guardo. - Me avisa assim que eu acabo de organizar as coisas dentro da caixa vermelha. A coloco atrás de mim.

- O que você pensa quando olha pra mim?

- O que?

- Você não para de me olhar. Imagino que você deve pensar alguma coisa durante o processo.

- Sim, eu penso mesmo. - Ele se aproxima de mim. - Penso em como você é linda. Em como eu fico hipnotizado sempre que olho em seus olhos. - Ele se aproxima mais, ficando com o rosto há poucos centímetros do meu. - Penso em como seus lábios são uma tentação, e em como eu quero encostar neles. - Levanta sua mão e toca em meus lábios, entreabertos, com os dedos.

- O que você...

- Shiu... - Me interrompe.

Enrico tira seus dedos dos meus lábios, fecha os olhos e aproxima os seus lábios dos meus. Mas antes de nossos lábios se tocarem eu me levanto rapidamente da cama, e pigarreio.

- Eu acho que é melhor nós voltarmos. Os garotos estão nos esperando.

- Claro. Os meninos. - Abre os olhos. - Pode ir. Eu vou daqui um minuto.

Assinto e me viro, para sair do quarto, e assim eu faço.

*****


Espero que tenham gostado!
Me desculpem por qualquer erro.

Mia SoleOnde histórias criam vida. Descubra agora