Um Telefonema Ruim

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      O sol da manhã começava a iluminar o apartamento quando o celular de Jão tocou, quebrando a tranquilidade do início do dia. Ele estava na cozinha preparando café enquanto Pedro ainda dormia no quarto. Ao ver o nome de sua irmã, Iza, na tela, Jão sentiu um aperto no coração. Ele atendeu imediatamente.

      — Oi, Iza! Tudo bem? — perguntou Jão, tentando soar animado.

      — Jão... — A voz de Iza estava trêmula, quase irreconhecível. — É sobre o papai...

      Jão sentiu o chão desaparecer sob seus pés. Ele se encostou na parede para se apoiar, seu coração acelerando com a preocupação.

      — O que aconteceu, Iza? — perguntou, tentando manter a calma.

      — Papai... ele... ele foi pisoteado por um boi durante uma apresentação de rodeio. Ele não resistiu, Jão. Ele faleceu... — Iza disse, entre soluços.

      Jão ficou em silêncio, tentando processar as palavras. As lágrimas começaram a escorrer por seu rosto enquanto ele lutava para encontrar palavras.

      — Não pode ser... — sussurrou, a voz quebrada pela dor.

      — Eu sinto muito, Jão. O velório e o enterro serão amanhã. Precisamos de você aqui... — disse Iza, a voz cheia de desespero.

      — Eu vou, Iza. Vou pegar o próximo ônibus para casa — disse Jão, tentando controlar as emoções. — Fique forte, mana. Estou indo.

      Ele desligou o telefone e ficou parado por um momento, sentindo-se completamente devastado. Pedro, que havia acordado com o som da ligação, entrou na cozinha e viu Jão em lágrimas.

      — Jão, o que aconteceu? — perguntou Pedro, preocupado, se aproximando.

      Jão olhou para Pedro, seus olhos cheios de tristeza e desespero.

      — Meu pai... ele morreu, Pedro. Foi um acidente no rodeio... — disse Jão, a voz embargada.

      Pedro imediatamente abraçou Jão, tentando confortá-lo.

      — Sinto muito, Jão. Eu nem sei o que dizer... — disse Pedro, segurando-o firme.

      — Preciso ir para casa para o velório e o enterro. Mas eu... não sei se consigo fazer isso sozinho. — Jão olhou para Pedro, com os olhos cheios de esperança. — Você pode ir comigo?

      Pedro assentiu sem hesitar.

      — Claro que vou. Você não vai passar por isso sozinho — disse Pedro, com firmeza. — Vamos arrumar nossas coisas e pegar o próximo ônibus.

      Eles rapidamente arrumaram suas malas, e Pedro cuidou dos detalhes do transporte enquanto Jão ainda tentava processar a perda. Pouco tempo depois, estavam a caminho da rodoviária.

      A viagem foi silenciosa, com Pedro segurando a mão de Jão, oferecendo-lhe conforto e apoio. Jão, perdido em seus pensamentos, se preparava mentalmente para enfrentar a realidade dolorosa que o aguardava.

      Ao chegarem à cidade natal de Jão, foram recebidos por Iza, que estava visivelmente abatida. Jão a abraçou com força, tentando encontrar consolo no abraço da irmã.

      — Estamos aqui, Iza. Vamos passar por isso juntos — disse Jão, tentando ser forte.

      Pedro permaneceu ao lado deles, oferecendo seu apoio silencioso. Eles seguiram juntos para a casa da família, onde os preparativos para o velório já estavam em andamento.

      Naquela noite, Jão encontrou forças em Pedro e na presença de sua família. Apesar da dor esmagadora, ele sabia que não estava sozinho e que, com o apoio de Pedro, conseguiria enfrentar o luto e honrar a memória de seu pai.

NÃO ERA AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora