Ressaca

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      O sol da manhã entrou pela janela do apartamento, acordando Jão e Pedro. Eles estavam agarradinhos, os corpos entrelaçados em um emaranhado de lençóis. A cabeça de Jão latejava com a ressaca, e ele podia sentir a respiração quente de Pedro em seu pescoço.

      — Pedro... — Jão murmurou, tentando se mover sem acordar o amigo.

      Pedro resmungou um pouco, despertando lentamente. — Que horas são? — Ele perguntou, a voz rouca e pesada pelo álcool consumido na noite anterior.

      — Não faço ideia, mas temos que ir para a faculdade. — Jão respondeu, tentando se afastar da cama com o mínimo de esforço.

      Ambos se levantaram, ainda meio atordoados e com as lembranças da noite anterior nubladas pela ressaca. Tomaram um banho rápido, tentando se livrar da sensação de peso e cansaço, e vestiram-se para a aula. Quando finalmente estavam prontos, saíram em direção à Universidade de São Paulo.

      Na faculdade, Lucas os encontrou no corredor, seu rosto cheio de preocupação e tristeza. — Jão, cara, eu soube sobre seu pai. Sinto muito, de verdade. — Lucas disse, dando um abraço solidário em Jão.

      — Valeu, Lucas. — Jão respondeu, aceitando o abraço e sentindo-se grato pelo apoio dos amigos.

      — Se precisar de qualquer coisa, estamos aqui. — Lucas acrescentou, olhando também para Pedro.

      Neste momento, Malu apareceu, com sua energia contagiante e sorriso radiante. — Gente, tenho uma ideia para animar a semana de vocês! — Ela exclamou, quase saltando de alegria.

      — O que você tem em mente, Malu? — Pedro perguntou, curioso.

      — Vai ter uma festa incrível em uma república essa noite. Uma DJ super conhecida do Rio de Janeiro vai tocar. Vai ser demais! — Malu disse, seus olhos brilhando de excitação.

      Jão e Pedro trocaram um olhar. A ideia de ir a uma festa parecia um pouco esmagadora naquele momento, mas também uma oportunidade de esquecer, ao menos por algumas horas, os acontecimentos recentes.

      — Não sei, Malu. A gente ainda está meio... — Jão começou, mas foi interrompido por Malu.

      — Eu entendo, Jão. Mas vocês merecem um pouco de diversão e distração. Prometo que vai ser uma noite incrível. — Ela insistiu, colocando uma mão reconfortante no ombro de Jão.

      — Vamos, Jão. Pode ser bom pra gente. — Pedro disse, tentando convencer o amigo.

      — Ok, vamos nessa então. — Jão finalmente concordou, com um sorriso tímido.

      O dia na faculdade passou lentamente. As aulas pareciam intermináveis, cada minuto arrastando-se enquanto Jão e Pedro tentavam se concentrar. A mente de Jão vagava entre a dor da perda de seu pai e a culpa pelo que havia acontecido com Leo. Pedro, por outro lado, lutava contra seus próprios demônios internos, sentindo-se culpado e confuso sobre sua atração por Ariela.

      Durante uma pausa, Jão e Pedro encontraram um banco no campus onde podiam descansar um pouco. O sol estava alto no céu, aquecendo seus rostos.

      — E aí, Jão? Está se sentindo melhor? — Pedro perguntou, tentando quebrar o silêncio.

      — Não sei. Ainda estou processando tudo. Parece que minha cabeça vai explodir. — Jão respondeu, olhando para o chão.

      — Eu entendo. É difícil, mas vamos passar por isso juntos. — Pedro disse, colocando a mão no ombro de Jão.

      Eles ficaram sentados ali por alguns minutos, apreciando o silêncio e a companhia um do outro. Quando o sinal tocou, indicando o fim da pausa, levantaram-se e voltaram para as aulas.

      Finalmente, a última aula do dia chegou ao fim. Jão e Pedro estavam exaustos, mas sabiam que precisavam se preparar para a festa. Voltaram ao apartamento, onde tomaram um banho e se vestiram para a noite. Jão optou por uma camisa preta e jeans, enquanto Pedro escolheu uma camisa azul clara e calças escuras.

      — Você está bem? — Pedro perguntou, olhando para Jão enquanto terminava de se arrumar.  

      — Sim, estou. Vamos aproveitar a noite. — Jão respondeu, tentando sorrir.

      Pouco depois, Lucas e Malu chegaram para buscá-los. — Prontos para a melhor noite de suas vidas? — Malu perguntou, rindo.

      — Prontos! — Responderam em uníssono, tentando animar-se.

      Eles saíram juntos, animados pela perspectiva de uma noite de festa e diversão, prontos para esquecer, ao menos por algumas horas, a dor que carregavam.

      A república estava cheia de estudantes animados, a música alta e as luzes piscantes criando um ambiente vibrante. A DJ do Rio de Janeiro estava no palco, comandando a pista de dança com seu set contagiante. Jão, Pedro, Lucas e Malu entraram na festa, imersos na energia do local.

      — Essa DJ é incrível! — Lucas gritou por cima da música, dançando animadamente.

      — Vamos dançar! — Malu disse, puxando Jão e Pedro para a pista.

      Eles se deixaram levar pela música, movendo-se ao ritmo das batidas. A energia da festa era contagiante, e logo Jão e Pedro se encontraram sorrindo e rindo, esquecendo momentaneamente suas preocupações.

      Depois de um tempo dançando, decidiram pegar algumas bebidas. Foram até o bar improvisado na cozinha da república, onde pediram cervejas e começaram a conversar.

      — Estou me sentindo melhor. Obrigado por me convencer a vir, Pedro. — Jão disse, levantando sua cerveja em um brinde.

      — Eu sabia que isso ia te fazer bem. Às vezes, precisamos nos permitir um pouco de diversão. — Pedro respondeu, sorrindo.

      Continuaram bebendo e conversando, a noite avançando rapidamente. Quando a festa estava no seu auge, com a DJ tocando seu melhor set, Jão e Pedro decidiram voltar para a pista de dança. A música pulsava através deles, e a proximidade entre os dois aumentava a cada movimento.

      — Estou me divertindo tanto. — Jão disse, sua voz quase um sussurro no ouvido de Pedro.

      — Eu também, Jão. — Pedro respondeu, suas mãos encontrando as de Jão.

      Os olhos de Jão se encontraram com os de Pedro, e por um momento, o mundo ao seu redor desapareceu. A atração que sentiam um pelo outro era inegável, e o álcool no sistema deles apenas aumentava a intensidade do momento.

      — Jão... — Pedro começou, mas foi interrompido pelo toque suave dos lábios de Jão nos seus.

      O beijo foi intenso, cheio de paixão e desejo reprimidos. Pedro retribuiu o beijo, suas mãos segurando firmemente a cintura de Jão. As luzes piscantes e a música ao fundo criavam um cenário perfeito para aquele momento.


NÃO ERA AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora