O Luto

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      A manhã estava chuvosa, o som constante da chuva criando um pano de fundo melancólico para o dia do velório. Jão e Pedro estavam prontos para sair, ambos vestidos de preto. A tristeza no ar era palpável enquanto eles se preparavam para enfrentar a despedida.

      No caminho para o velório, Pedro segurava a mão de Jão, oferecendo conforto silencioso. A pequena capela estava cheia de familiares e amigos que vieram prestar suas condolências. Jão, com o coração pesado, aproximou-se do caixão, suas lágrimas se misturando com a chuva que escorria pelos vidros das janelas.

      Ao lado de Pedro, Jão se sentia um pouco mais forte. Eles caminharam juntos até o caixão, onde Jão passou alguns momentos silenciosos, despedindo-se do pai. A atmosfera era carregada de tristeza, mas também de um profundo respeito e amor.

      Enquanto Pedro se movimentava pela capela, ele esbarrou em uma jovem de cabelos curtos e ruivos. Seus olhos se encontraram, e ele sentiu uma faísca instantânea.

      — Desculpe, não te vi aí. — Pedro disse, tentando ser educado.

      — Sem problemas. Sou Ariela, amiga da família. — disse ela, com um sorriso que mostrava sua personalidade forte.

      — Pedro, amigo do Jão. — Ele respondeu, tentando não parecer afetado pela atração imediata que sentiu.

      Eles continuaram conversando, e logo o flerte se tornou evidente. Apesar do momento sombrio, a conexão entre eles era inegável. Ariela contou histórias sobre o pai de Jão, lembranças que traziam um sorriso ao rosto de Pedro, mesmo no meio de tanta tristeza.

      Após o velório, todos seguiram para o cemitério. A chuva continuava a cair, tornando a despedida ainda mais dolorosa. Jão, segurando firmemente a mão de sua irmã Iza, assistiu ao enterro do pai com os olhos marejados. Pedro ficou ao lado dele, oferecendo todo o apoio possível.

      Os sons abafados da chuva e das pás enchendo a cova com terra foram acompanhados de suspiros e murmúrios de adeus. Jão estava em choque, sentindo o peso da perda enquanto observava seu pai ser enterrado. Pedro segurava sua mão, garantindo que ele não enfrentasse esse momento sozinho.

      Depois do enterro, uma cerimônia de despedida foi realizada na casa de Jão. A atmosfera estava carregada de tristeza, mas também de lembranças compartilhadas e amor pela família. As pessoas se reuniram em pequenos grupos, conversando em voz baixa e oferecendo consolo umas às outras.

      Leo, o primo de Jão, se aproximou dele no meio da cerimônia, com um olhar que sugeria que tinha algo em mente.

      — Jão, me encontra no celeiro. Tenho uma surpresa para você que vai te deixar feliz. — disse Leo, com um sorriso misterioso.

      Curioso e buscando uma distração para a dor, Jão concordou. Ele caminhou até o celeiro, onde encontrou Leo esperando por ele, totalmente nu. Jão ficou surpreso, mas a tensão entre eles rapidamente se transformou em desejo. Eles começaram a se beijar, a intensidade do momento crescendo rapidamente.

      Leo, com seu corpo exposto, representava uma fuga para Jão. Eles se entregaram à paixão, esquecendo momentaneamente a dor da perda. Os beijos se tornaram mais urgentes, e logo estavam na cama de feno, se entregando a uma paixão feroz. Cada toque, cada suspiro, era uma tentativa de preencher o vazio deixado pela perda do pai de Jão.

      Enquanto isso, na casa, Pedro estava sentado sozinho no sofá, perdido em seus pensamentos, quando Ariela se aproximou e pegou sua mão.

      — Vamos sair daqui. — disse ela, puxando-o com firmeza.

      Ela o levou para o quartinho da bagunça, um espaço pequeno e escondido na casa. Sem muitas palavras, eles se beijaram, a atração entre eles explodindo em um momento de conexão intensa. Ariela era uma força da natureza, e Pedro se sentiu atraído por sua energia e confiança.

      Ariela pressionou Pedro contra uma parede, seus lábios encontrando os dele com uma urgência que fez o coração de Pedro disparar. Ele a puxou para mais perto, suas mãos explorando as curvas do corpo dela. O quartinho da bagunça era pequeno e apertado, mas naquele momento, parecia o lugar mais seguro e excitante do mundo.

      A casa estava cheia de luto e tristeza, mas também havia momentos de conexão humana, de conforto e de paixão, que mostravam que mesmo nas horas mais sombrias, a vida e o amor continuavam a encontrar maneiras de se manifestar.

      Jão e Leo, depois de se entregarem à paixão no celeiro, ficaram deitados no feno, ofegantes e abraçados. Jão sentiu um alívio temporário, um momento de esquecimento em meio à dor, mas logo a culpa começou a se infiltrar em sua mente.

      — Obrigado, Leo. Eu realmente precisava disso — disse Jão, olhando nos olhos do primo, mas sentindo um peso em seu coração.

      — Eu também, Jão. Vamos superar isso juntos — respondeu Leo, com um sorriso cúmplice.

      Enquanto isso, Pedro e Ariela, ainda no quartinho da bagunça, se afastaram um pouco, ambos respirando pesadamente. Pedro olhou para ela, sentindo uma conexão profunda, mas também uma culpa crescente.

     — Isso foi... inesperado — disse Pedro, sorrindo, mas a culpa começava a se formar.

     — Mas necessário — respondeu Ariela, acariciando o rosto dele. — Às vezes, precisamos nos perder para nos encontrar de novo.

      Com o som da chuva continuando a cair, Jão e Pedro vivenciaram momentos intensos e inesperados, cada um encontrando uma forma de aliviar a dor e de seguir em frente, apesar das perdas e desafios que a vida lhes apresentava.

      Jão retornou à casa, onde encontrou Pedro no quintal, ambos trocando um olhar significativo. Eles sabiam que, apesar das dificuldades, tinham o apoio um do outro. A vida seguia, e com ela, a promessa de dias melhores.

      Na mesma noite, nenhum dos dois conseguiram dormir, pois sabiam que haviam traído a confiança um do outro. 

NÃO ERA AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora