Ariela

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      Naquela noite, Pedro acordou suando frio, seu corpo tremendo enquanto a febre aumentava. Jão estava ao seu lado em um instante, sentindo a preocupação crescer em seu peito ao ver o estado de seu amado. Pedro estava pálido, seus olhos fundos e a respiração ofegante.

      — Amor, eu vou ficar com você. Não posso deixá-lo assim — Jão disse, tentando confortá-lo.

      Pedro sorriu fracamente, segurando a mão de Jão.

      — Você deveria aproveitar a cidade. Não faz sentido ficarmos os dois aqui trancados. Eu só preciso descansar, e amanhã já estarei melhor.

      Jão relutou, mas finalmente cedeu ao ver a determinação nos olhos de Pedro. Ele beijou a testa de Pedro, prometendo voltar em breve.

      Jão saiu do hotel, sentindo-se dividido. A noite estava fria e o ar de Barcelona trazia uma sensação de melancolia. Ele vagou pelas ruas iluminadas, tentando distrair a mente da preocupação com Pedro. Eventualmente, encontrou um pequeno bar acolhedor e decidiu entrar para beber um pouco.

      Horas se passaram, e Jão acabou bebendo mais do que deveria. Ele estava sentado sozinho em um canto, quando Ariela se aproximou. Ela estava na Espanha para expandir sua carreira internacional e também parecia um pouco perdida naquela noite.

      — Posso me sentar? — perguntou ela, sorrindo de forma encantadora.

      Jão, já bêbado, assentiu. Os dois começaram a conversar, compartilhando histórias e risadas. A combinação do álcool e da solidão fez com que ambos baixassem a guarda.

      — Às vezes, parece que a vida nos prega peças, não é? — disse Ariela, olhando nos olhos de Jão.

      Ele concordou, sentindo uma conexão inexplicável. Antes que pudesse entender o que estava acontecendo, Ariela se inclinou e o beijou. Jão retribuiu, mergulhando na sensação do momento. Os dois deixaram o bar e foram para o quarto de Ariela, onde tiveram uma noite de intensa paixão, esquecendo-se das consequências.

      Na manhã seguinte, Jão acordou com a luz do sol entrando pelas janelas. Seu coração disparou ao perceber onde estava. Olhou para o lado e viu Ariela nua, ainda adormecida. Sentindo uma onda de culpa e vergonha, ele se levantou rapidamente, vestiu-se e saiu do quarto o mais silenciosamente possível.

      Ao voltar para o hotel, encontrou Pedro sentado na sala, com uma expressão fechada.

      — Onde você esteve até agora, Jão? — Pedro perguntou, a voz carregada de preocupação e desconfiança.

     Jão engoliu em seco, tentando manter a compostura.

      — Fui dar uma volta... acabei bebendo um pouco demais e perdi a noção do tempo. Desculpe por não ter avisado.

      Pedro olhou para ele por um longo momento, tentando avaliar a sinceridade nas palavras de Jão. Finalmente, suspirou e balançou a cabeça.

      — Tudo bem, só fiquei preocupado. Vamos descansar um pouco agora.

      Jão sentiu uma onda de alívio, mas a culpa persistia. Ele sabia que deveria ser honesto com Pedro, mas o medo de perder o amor de sua vida o paralisava. Decidiu, por enquanto, manter o segredo enterrado, esperando que aquela noite em Barcelona jamais voltasse para assombrá-lo.

      Nos dias seguintes, Pedro se recuperou lentamente, mas ainda havia uma tensão palpável entre ele e Jão. Pedro notava a mudança no comportamento de Jão, que estava mais distante e pensativo do que o habitual.

NÃO ERA AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora