A noite estava em pleno auge na festa da república. Jão, Pedro, Lucas e Malu estavam totalmente imersos na música, nas luzes piscantes e na energia vibrante do local. O casal dançava próximo, perdendo-se nos ritmos e na companhia um do outro.
De repente, a música parou abruptamente, criando um silêncio repentino que chamou a atenção de todos na festa. A DJ, uma mulher de cabelos curtos e ruivos, pegou o microfone e sorriu para a multidão.
— Boa noite, galera! — Ela exclamou, sua voz ecoando pelo espaço. — Espero que estejam se divertindo! Mas agora, preciso chamar duas pessoas muito especiais para virem até aqui.
Os olhos de Pedro se arregalaram ao reconhecer Ariela, a DJ. Um misto de choque e desconforto tomou conta dele, enquanto Jão olhava curioso para a DJ, sem saber da conexão que Pedro tinha com ela.
— Pedro, Jão, venham até o palco! — Ariela continuou, acenando para eles.
Pedro deu um passo para trás, negando com a cabeça. — Eu não quero ir, Jão. — Ele disse, tentando evitar a situação.
— Vamos, Pedro. Não deve ser nada demais. Além disso, é uma festa. Vamos aproveitar. — Jão respondeu, segurando a mão de Pedro e tentando tranquilizá-lo.
Relutante, Pedro deixou-se ser guiado por Jão até o palco. A multidão aplaudia e assobiava enquanto eles subiam os degraus. Ariela os esperava com um sorriso radiante, que Pedro interpretou como uma mistura de divertimento e malícia.
— Boa noite, meninos. — Ariela disse, entregando o microfone a Jão. — Ouvi dizer que vocês são a sensação da festa hoje. Queria saber se têm algo para dizer?
Jão, ainda sem entender completamente o que estava acontecendo, pegou o microfone e sorriu para a multidão. — Estamos nos divertindo muito. Obrigado a todos por fazerem parte dessa noite incrível. — Ele disse, tentando manter o espírito da festa.
Ariela olhou para Pedro, esperando que ele dissesse algo. Pedro evitava olhar diretamente para ela, ainda desconfortável com a situação.
— Pedro, você não quer dizer nada? — Ariela perguntou, sua voz doce mas cheia de subtexto.
Pedro finalmente pegou o microfone, seu olhar firme no chão. — Só queria agradecer ao Jão por estar aqui comigo. E aos nossos amigos, Lucas e Malu, por nos trazerem a esta festa. — Ele disse rapidamente, devolvendo o microfone para Ariela.
— Muito bem! Então, que tal voltarmos à música e continuarmos essa festa incrível? — Ariela anunciou, voltando para sua mesa de som e retomando a música.
Depois de descerem do palco, Jão e Pedro tentaram se perder na música e na energia da festa, mas Pedro não pôde deixar de lançar olhares ocasionais para Ariela na mesa de som. A lembrança da noite no quartinho da bagunça ainda era vívida em sua mente, e ele lutava para manter a compostura. Enquanto eles dançavam, um homem se aproximou discretamente de Pedro, entregando-lhe um bilhete.
Pedro abriu o papel e leu as palavras breves: "Espere por mim perto do bar. — Ariela."
Pedro ficou inquieto, mas a curiosidade e a necessidade de resolver as pendências falaram mais alto. Ele esperou um momento antes de se virar para Jão.
— Vou buscar uma bebida, já volto. — Pedro disse, tentando parecer casual.
Jão acenou, perdido na música, sem suspeitar de nada. Pedro se afastou, dirigindo-se ao bar com o bilhete ainda em sua mão.
Chegando ao bar, Pedro encontrou Ariela já esperando. Ela tinha uma expressão séria, mas seus olhos brilhavam com uma intensidade familiar. Sem dizer uma palavra, ela se aproximou e o beijou de maneira longa e doce. Pedro ficou surpreso, mas por um momento retribuiu o beijo, perdido na conexão que sentia por Ariela.
No entanto, a magia do momento foi quebrada abruptamente. Jão, que tinha decidido ir atrás de Pedro para ver se estava tudo bem, chegou ao bar a tempo de testemunhar o beijo. O choque e a dor atravessaram seu rosto enquanto ele observava Pedro e Ariela juntos.
Sem esperar explicações, Jão se virou e saiu correndo da festa, lágrimas escorrendo por seu rosto enquanto ele se afastava rapidamente. O vento batia em seu rosto, secando as lágrimas e misturando-se à confusão e ao sofrimento que sentia. Ele correu sem direção, apenas querendo escapar da dor esmagadora de ver Pedro com outra pessoa.
Pedro, ao perceber o que havia acontecido, se afastou de Ariela rapidamente. — Jão! Espera! — Ele gritou, mas já era tarde demais.
Ariela tentou segurar a mão de Pedro. — Pedro, me escuta...
Pedro a afastou. — Não agora, Ariela. Eu preciso encontrar Jão. — Ele disse, a voz cheia de desespero e culpa.
Ele correu pela festa, mas Jão já estava longe, perdido nas ruas escuras e chuvosas. Pedro sentiu o peso da culpa esmagando-o enquanto corria em direção ao desconhecido, desesperado para encontrar Jão e explicar o que havia acontecido.
Pedro saiu da festa e correu pelas ruas escuras e molhadas, seu coração batendo freneticamente no peito. A chuva fria castigava seu rosto, mas ele mal sentia, focado apenas em encontrar Jão. As luzes da cidade se misturavam com as lágrimas em seus olhos, criando um borrão de cores e emoções. Ele gritava o nome de Jão, mas o barulho da chuva e o trânsito abafavam seus chamados.
Jão, por sua vez, continuava correndo, sem saber para onde ia. Cada passo que dava, mais distante se sentia do que tinha com Pedro. Seu coração estava em pedaços, e ele só queria escapar da dor esmagadora. Ele entrou em um parque próximo, suas pernas finalmente cedendo ao cansaço e à tristeza. Ele caiu de joelhos na grama encharcada, soluçando.
Pedro, determinado a encontrar Jão, seguiu a direção que achava que ele tinha ido. Ele passou por ruas e esquinas, perguntando a estranhos se haviam visto um jovem correndo na chuva. Finalmente, ele chegou ao parque e viu Jão de joelhos, completamente desolado.
— Jão! — Pedro gritou, correndo em sua direção.
Jão olhou para cima, seus olhos vermelhos de tanto chorar. Ele tentou se levantar, mas suas pernas estavam fracas. Pedro se ajoelhou ao lado dele, segurando seus ombros.
— Jão, me desculpa. Por favor, me escuta. — Pedro implorou, a voz cheia de desespero.
Jão virou o rosto, tentando afastar Pedro. — Eu vi, Pedro. Eu vi você beijando ela. Como você pôde?
Pedro segurou o rosto de Jão, forçando-o a olhar em seus olhos. — Eu sei que pareceu horrível. Mas não significou nada. Eu só estava... confuso. E estava tentando resolver isso. Mas você é a pessoa que eu amo, Jão. Você.
Jão tentou se afastar, mas Pedro o puxou para um abraço apertado. — Por favor, não me afaste. Não agora. Eu preciso de você, Jão. — Pedro sussurrou, suas lágrimas se misturando com a chuva.
Jão finalmente cedeu, seus braços envolvendo Pedro em um abraço desesperado. Eles ficaram ali, no meio da chuva, abraçados, sentindo a dor e o amor misturados. O tempo parecia parar enquanto eles se seguravam, tentando encontrar um caminho através da confusão e da dor.
Finalmente, Pedro ajudou Jão a se levantar. — Vamos para casa. Precisamos conversar e resolver isso. — Ele disse suavemente, segurando a mão de Jão com firmeza.
Jão assentiu, ainda sentindo o coração pesado, mas disposto a tentar resolver as coisas. Eles caminharam juntos pela chuva, voltando para o apartamento que compartilhavam, sabendo que ainda havia um longo caminho pela frente, mas determinados a enfrentá-lo juntos.
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NÃO ERA AMOR
FanfictionJão, um jovem criado no interior rodeado por sua família e seus amigos, se muda para a capital em busca de uma vida melhor e acaba conhecendo Pedro, juntos eles vão viver muita coisa, porém será que é amor?