Prólogo

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TAYLOR SWIFT POINT OF VIEW

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Nova York, 2020

— Hoje, finalmente descobri o sexo do nosso bebê. - mencionei a Joe, de modo descontraído, com o envelope em mãos, enquanto descalçava meus tênis, preparando-me para um banho revitalizante antes de me recolher. — Está curioso para saber se teremos um garotinho ou uma garotinha? — apontei para o envelope que continha a resposta, animada, embora já soubesse qual era o sexo.

— Urg, não importa qual seja o sexo. Ambos vão me dar dor de cabeça, assim como você já faz! - o loiro reclamou enquanto se sentava na borda da cama. — Por que toda essa empolgação? Essa criança só está atrapalhando o seu trabalho. Quando eu te propus casamento com a condição de que você parasse de cantar, você recusou. Por que agora está tão animada?

O ar do nosso apartamento já não tinha o mesmo frescor. Desde que contei a Joe sobre a gravidez, tudo mudou entre nós. Ele deixou claro que nunca quis ser pai, alegando ser jovem demais para isso.

Agora, vivemos uma triste melodia onde nenhum de nós está verdadeiramente feliz. Eu amo nosso bebê e me emociono ao pensar em segurá-lo nos braços daqui a quatro meses, apesar de enfrentar as consultas e preparativos sozinha.

As orientações são claras: evitar estresse, conflitos e esforços desnecessários. No entanto, há alguém que às vezes me tira do sério, especialmente quando demonstra tão pouco afeto pelo nosso filho.

— Joe, é o nosso filho. - dei ênfase, colocando a mão sobre a barriga e sentindo-o chutar. Um sorriso escapou involuntariamente. — É claro que vou priorizar o bem-estar dele. Não entendo por que você está tão obcecado em me fazer largar minha carreira.

— Você realmente é muito idiota. ‐ Revirou os olhos e deitou-se na cama, apoiando a cabeça no travesseiro do seu lado. — Você acha mesmo que essa criança não vai complicar tudo na nossa vida?

— Você nem ao menos parece se importar com isso. Como você espera que isso cause algum transtorno na sua vida, se você não é capaz sequer de montar um berço? - Exclamei exasperada. Uma leve pontada me assustou, e minha mão foi instintivamente ao local.

– Por que eu deveria me importar com algo que nem quero? - Ele rebateu, pegando seu notebook, e o abrindo, para me ignorar ainda mais. — Você não pode simplesmente tentar me forçar a assumir um papel para o qual não estou preparado.

— Quando você pretende estar pronto então? Quando a criança tiver 15 anos, cheia de traumas, se perguntando o que diabos fez para ser tão odiada pelo pai? - Perguntei retoricamente, sentindo uma segunda pontada. Respirei fundo. Ele se manteve em silêncio,  olhando para a tela do aparelho — Joe, para de agir como se não estivesse me ouvindo! Eu não fiz isso sozinha. Assuma suas responsabilidades como um homem. Até agora, você não fez absolutamente nada!

– Quer saber o que eu sempre quis fazer desde o início? - Ele fechou abruptamente a tela do notebook, deixando-o sobre a cama, e levantou-se como um relâmpago. — Sabe o que eu penso toda vez que você tenta me obrigar a sentir alguma coisa por essa criança que você carrega?

O tom ameaçador acompanhado dos passos lentos avançando em minha direção me fez recuar. À medida que ele se aproximava, dei um passo para trás, encontrando a parede logo atrás de mim.

— Eu sinto repulsa. Sinto raiva de você, porque simplesmente não estou pronto para lidar com isso agora. - A voz dele saiu num tom baixo, enquanto meu estômago se contorcia e lágrimas começavam a encher meus olhos ao ouvir aquelas palavras do homem que um dia amei profundamente. — Às vezes, me passa pela cabeça mandar você e essa criança para o inferno e ter um pouco de paz. Já tenho problemas suficientes para resolver, e lidar com você é o suficiente sem ter que suportar a ideia de uma versão sua me incomodando constantemente.

Terceira pontada.

A dor me atravessou como uma lâmina afiada, semelhante a uma cólica intensa. Instintivamente, levei a mão ao abdômen e me encolhi.

Outra onda, e mais outra.

— Joe... - tentei chamar, mas minha voz saiu num sussurro, perdida na respiração pesada. — Me ajuda... por favor.

Encostei minhas costas na parede, fechei os olhos em uma tentativa de suportar a dor, enquanto ele permanecia imóvel.

— Taylor, o que está acontecendo? - Ouvi a pergunta como se viesse de muito longe. Meu desespero se tornou tão evidente com a dor que a voz do meu namorado parecia ecoar de um andar abaixo, não ao meu lado.

Foi quando olhei para minha calça jeans clara que eu vi.

Sangue.

Não deveria ter. Por que diabos estou sangrando!?

— Joe, está doendo muito.  - Supliquei, as lágrimas escorrendo sem controle. — E-eu... me aj-uda, por favor... - Gaguejei a cada nova onda de cólica, sem trégua.

— Meu Deus, você está sangrando! - O choque em seu rosto foi efêmero, pois eu mal conseguia manter os olhos abertos. — Droga, Taylor, aguenta firme! Vamos para o hospital!

E o restante daquele fatídico dia se desenrolou como um borrão indescritível. O envelope que eu segurava, que continha o resultado da minha alegria, caiu no chão, com uma gota de sangue sobre ele.
A dor lancinante, o medo avassalador... a angústia profunda de uma perda iminente.

Contra todas as expectativas, Joe me levou às pressas para o hospital, os minutos parecendo horas intermináveis de desespero. No entanto, ao chegarmos lá, o coração já não batia mais no pequeno que carregava em meu ventre. Nosso filho não resistiu. O vazio da sua ausência será uma dor que jamais se apagará. Nunca conhecerei seu rostinho angelical, nunca sentirei seu calor nos meus braços. A última vez que pude expressar meu amor por ele foi quando soube seu sexo, naquela tarde de promessas e sonhos que agora se transformaram em uma cruel despedida na fria e impiedosa realidade de um leito de hospital.

— Não! Isso é injusto! - Gritei, entre lágrimas que nunca seriam suficientes para expressar o vazio no meu coração. — Não pode ser verdade! Não pode!

Enquanto isso, as enfermeiras e médicos tentavam desesperadamente me acalmar. Mas era uma tarefa impossível. A menos que me prometessem que meu bebê estava bem e que eu ainda teria a chance de conhecê-lo daqui a três meses, jamais encontraria consolo. A incerteza pairava como uma sombra obscura sobre meu coração dilacerado, envolvendo-me em uma tempestade de angústia e desespero sem fim.

The Last TimeOnde histórias criam vida. Descubra agora