No escritório, após enviar o garçom para informar que estava ocupada na cozinha, me sentei na minha cadeira de couro. Fechei os olhos por um momento, deixando as lembranças fluírem livremente. Entre os murmúrios de minhas reflexões, o som das batidas na porta me trouxe de volta ao presente. Com um gesto tranquilo, falei:
- Pode entrar.
Meu tom de voz calmo e sereno contrastava com a intensidade das lembranças que ainda me assombravam. A porta se abriu suavemente e abri os olhos para ver Marina entrando no escritório. Ela sentou-se na cadeira à minha frente e começou a falar.
- Eu vi o Augusto e o Enrico no salão. - Disse ela, olhando seriamente para mim.
- Eles me chamaram para ir até a mesa deles...
- O que você sentiu quando viu o Augusto depois de um mês de divórcio? - Perguntou Marina, interrompendo-se.
Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos.
- Eu não sei, quando o vi, foi como se uma onda de emoções me atingisse de uma só vez. Ao mesmo tempo em que senti raiva e tristeza, havia também uma estranha sensação de alívio. - respondi, com a voz tremendo levemente.
Marina observou-me atentamente, analisando cada palavra.
- E o Enrico? Como você se sentiu ao ver ele?
Suspirei, meu olhar se endurecendo.
- Enrico nunca gostou de mim. Desde que casei com o Augusto, ele sempre me olhava com desdém. Fazia questão de se intrometer no meu casamento, criticando cada decisão que eu tomava.
Marina balançou a cabeça, compreensiva.
- Ele sempre foi complicado. Mas, olha, não deixe que eles te abalem. Você é mais forte do que eles imaginam.
Esbocei um sorriso, grata pelo apoio da amiga.
- Obrigada, Marina. Eu precisava ouvir isso.
Marina sorriu de volta, um brilho travesso nos olhos.
- Sabe o que você precisa? De uma noite para se divertir. Vamos sair hoje. Tem uma boate nova que abriu na cidade, dizem que é incrível.
Hesitei por um momento, mas a ideia de escapar da pressão e das lembranças por algumas horas parecia tentadora.
- Uma boate? - Perguntei, levantando uma sobrancelha.
- Sim, uma boate. Música alta, drinks e, quem sabe, algumas risadas. O que me diz? - insistiu Marina.
Pensei por um instante e, finalmente, assenti.
- Tudo bem, você venceu. Vamos à boate. Acho que merecemos uma noite de diversão.
Marina riu, animada.
- Isso mesmo! Vamos nos encontrar às oito? Prometo que vai ser uma noite inesquecível.
Concordei, sentindo-me um pouco mais leve.
- Às oito, então. Estou dentro.
Enquanto Marina se levantava para sair, senti uma onda de alívio. Talvez uma noite fora fosse exatamente o que eu precisava para esquecer, mesmo que por um breve momento, as complexidades da minha vida.
Depois de fechar tudo no restaurante, dirijo para casa. Ao chegar, estaciono o carro e subo para o meu apartamento. Olho para o relógio e percebo que estou quase atrasada para a boate. Rapidamente, tomo um banho e, ao sair, vou direto para o closet. Passo algum tempo escolhendo a roupa, decidindo finalmente por um vestido vermelho. Pensei em usar o que ganhei de presente, mas optei por outro. Me arrumo, faço uma maquiagem básica, ajeito o cabelo e calço meus saltos. Nesse momento, escuto meu celular tocar. Atendo e é Marina, dizendo que já está lá embaixo me esperando. Tranco o apartamento, pego o elevador e desço.
Marina está no carro, e nos cumprimentamos com um sorriso. Durante o trajeto para a boate, conversamos animadamente sobre a semana e nossas expectativas para a noite. Chegamos à boate, onde as luzes coloridas e a música alta nos envolvem imediatamente. Marina e eu entramos juntas, abraçando-nos brevemente antes de procurar um bom espaço perto do bar. Pedimos nossos drinks favoritos e começamos a conversar, rindo e aproveitando a noite. As horas passam rapidamente entre danças, conversas e risadas.
Por um momento, me afasto para ir ao banheiro. No caminho, vejo uma figura familiar entre a multidão. Meu coração acelera ao reconhecer Enrico, meu ex-sogro, conversando com um grupo de amigos. Tento evitar contato visual, mas é tarde demais. Ele me vê e começa a me encarar. De repente, um arrepio sobe pela minha espinha. Entro rápido no banheiro, faço minhas necessidades e retoco a maquiagem. Saio do banheiro e vou para o bar, me sento e peço uma caipirinha de morango. Termino meu drink e logo peço outro. Quando acabo o quarto copo, meu corpo começa a esquentar. Vou para a pista de dança e começo a me mexer ao ritmo da música.
Sinto alguém encostar em mim enquanto danço, mas não ligo até que ele começa a me agarrar. Tento me soltar, mas ele não me deixa.
- ME LARGA, PORRA! - Grito.
Ele começa a beijar meu pescoço e a roçar seu corpo contra o meu. Entro em pânico. De repente, sinto um alívio quando o homem é jogado ao chão com o nariz sangrando.
- ELA FALOU QUE NÃO QUER, CARALHO, ENTÃO RESPEITA! - Ouço uma voz firme.
Olho para trás e vejo Enrico parado, olhando para mim e para o homem ao mesmo tempo.
- Obrigada, Enrico! Não sei nem como agradecer. - Digo, encarando-o.
- Não precisa agradecer, Clara. Vamos sair daqui. - Ele responde, com uma expressão preocupada.
Enrico me conduz para fora da boate, onde o ar fresco da noite ajuda a acalmar meus nervos. Ele manda o segurança pegar seu carro, e logo o veículo para à nossa frente.
- Vou te levar até em casa. Não se preocupe. - Ele diz, abrindo a porta do carro para que eu entre.
O caminho de volta é silencioso, mas reconfortante. Enrico segura minha mão, transmitindo uma sensação de segurança que eu não sentia há muito tempo. Chegando ao meu apartamento, ele me acompanha até a porta.
- Então já vou indo. - Ele diz, com um sorriso suave.
Eu hesito por um momento, mas decido convidá-lo para entrar.
- Você quer subir e tomar uma taça de vinho? - Pergunto, tentando não parecer nervosa.
Enrico aceita com um aceno, e subimos juntos. No meu apartamento, vou até a cozinha e pego uma garrafa de vinho tinto, servindo duas taças. Sentamos no sofá, o ambiente calmo contrastando com a intensidade da noite.
Enquanto conversamos e bebemos o vinho, a distância entre nós diminui. Nossos olhares se encontram e, sem que eu perceba, estamos cada vez mais próximos. Finalmente, ele inclina-se e me beija, profundo e intenso.
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