Os minutos pareciam se arrastar, cada segundo aumentando a ansiedade. Quando finalmente o alarme do cronômetro soou, peguei o teste com mãos trêmulas. A presença de Marina ao meu lado era reconfortante, mas a incerteza do resultado era esmagadora.
Olhei para o pequeno visor e vi duas linhas. Duas linhas. Meu coração disparou, e senti um misto de emoções tomar conta de mim: surpresa, medo, alegria, confusão.
- Clara, o que deu? - Marina perguntou, percebendo minha expressão perplexa.
- Positivo. - Sussurrei, ainda tentando processar a informação. - Eu estou grávida.
Marina me envolveu em um abraço apertado, e pude sentir seu apoio incondicional. Sentamos juntas no sofá, e ela segurou minha mão. Ela me olhou nos olhos, seu olhar cheio de carinho e preocupação.
- Como você se sente com isso? - perguntou suavemente.
Respirei fundo, tentando organizar os pensamentos. Era difícil descrever a avalanche de sentimentos que me invadia.
- Eu não sei, Marina. É muita coisa para processar de uma vez. - Minha voz tremia, e eu lutei para manter a calma. - Eu estou feliz, de verdade, mas também estou assustada. Não sei o que vai acontecer agora. Ela apertou minha mão com firmeza, seus olhos cheios de compreensão e apoio.
- E o Enrico? - ela perguntou após alguns momentos de silêncio. - Você vai contar para ele?
Assenti lentamente, ainda tentando juntar meus pensamentos.
- Sim, eu preciso contar para ele. - Respondi, minha voz ainda um pouco trêmula. - Ele tem o direito de saber.
Marina sorriu, seus olhos brilhando com uma ideia.
- E se você fizer uma surpresa para ele? - sugeriu, seu entusiasmo crescente. - Poderia ser algo especial, uma maneira única de compartilhar a notícia.
A ideia de uma surpresa trouxe um pouco de leveza ao meu coração. Assenti novamente, desta vez com um sorriso tímido nos lábios.
- Acho que seria uma boa ideia. - Concordei, sentindo a excitação começar a crescer dentro de mim.
Decidimos então ir ao shopping para procurar algo especial para a surpresa. Enquanto andávamos de loja em loja, discutindo ideias e possibilidades, senti um pouco da tensão inicial se dissipar, substituída pela expectativa de compartilhar a notícia com Enrico de uma maneira memorável.
Marina segurou um pequeno par de sapatinhos de bebê, sorrindo ao me mostrar.
- O que acha desses? - perguntou, sua voz cheia de animação.
Peguei os sapatinhos, sentindo um aperto no coração ao imaginar a reação de Enrico.
- São perfeitos. - Respondi, minha voz cheia de emoção.
Enquanto caminhávamos pelo shopping, Marina de repente fez uma pergunta que trouxe de volta um peso ao meu peito.
- E o Augusto? - ela perguntou, a preocupação evidente em sua voz. - Já o encontraram?
Suspirei, sentindo a angústia retornar.
- Não, ele continua foragido. - Respondi, balançando a cabeça. - A polícia ainda está procurando por ele, mas até agora, nada.
Marina franziu o cenho, a preocupação em seus olhos aumentando.
- Isso é preocupante, Clara. - Disse suavemente. - Você precisa se proteger, especialmente agora.
- Eu sei. - Respondi, tentando manter a calma. - Mas não posso deixar o medo tomar conta. Tenho que seguir em frente, por mim e pelo bebê.
Ela assentiu, me dando um olhar encorajador.