Sair do escritório e fui para o quarto. Ao entrar no quarto, encontrei Ruth deitada, ainda chorando. Ao me ver, ela se levantou rapidamente, com um olhar de fúria nos olhos.
- Você realmente acha que bater nele vai resolver alguma coisa, Enrico? - ela começou, sua voz cheia de raiva e frustração.
- Ruth, ele ultrapassou todos os limites. - Respondi, tentando me manter calmo, mas sentindo a tensão crescer novamente.
- E você acha que bater nele vai fazer com que ele respeite alguém? - Ela gritou, aproximando-se de mim. - A culpa é daquela vadia, daquela vagabunda! Desde que ela entrou na nossa vida, tudo desmoronou!
Minha raiva voltou com força total ao ouvir Ruth falando assim de Clara. Não podia acreditar que ela estava defendendo as ações de Augusto enquanto culpava Clara por tudo.
- NÃO OUSE FALAR ASSIM DE CLARA! - Eu gritei, sentindo a fúria subir pelo meu corpo. - ELA NUNCA FEZ NADA ALÉM DE TENTAR SER UMA BOA ESPOSA PARA O NOSSO FILHO!
Ruth não recuou. Pelo contrário, deu um passo adiante, seu rosto cheio de ódio.
- Boa esposa? Ela é uma vadia, uma vagabunda que destruiu a nossa família! - Ela cuspiu as palavras com desprezo.
Antes que pudesse me controlar, a raiva tomou conta de mim e dei um tapa na cara dela. O som ecoou pelo quarto, e Ruth cambaleou para trás, chocada.
- COMO OUSA, ENRICO? - Ela gritou, segurando o rosto. - COMO OUSA ME BATER POR CAUSA DAQUELA MULHER?
Ela avançou sobre mim, empurrando-me com força. Nós dois começamos a gritar um com o outro, a tensão e a frustração dos últimos anos finalmente explodindo.
- VOCÊ SEMPRE DEFENDEU ELA! SEMPRE! E AGORA OLHA O QUE ACONTECEU! - Ela gritou, suas mãos batendo em meu peito.
- E VOCÊ SEMPRE IGNOROU O COMPORTAMENTO DO NOSSO FILHO! - Retruquei, segurando seus pulsos para impedir que ela continuasse a me bater. - ELE PRECISAVA DE DISCIPLINA, DE ORIENTAÇÃO, E VOCÊ SEMPRE PASSOU A MÃO NA CABEÇA DELE!
Nosso confronto físico e verbal continuou, cada um de nós liberando anos de mágoas e ressentimentos. Finalmente, exausto e furioso, eu a soltei e dei um passo para trás.
- Isso não está levando a lugar nenhum. - Disse, ofegante. - Preciso de um tempo para pensar.
Antes que Ruth pudesse responder, saí do quarto e peguei minhas chaves. Precisava sair, respirar, encontrar algum alívio para a tempestade de emoções dentro de mim. Dirigi sem rumo por algum tempo até que, finalmente, avistei uma boate. Estacionei o carro e entrei, a música alta e as luzes piscantes oferecendo uma distração bem-vinda.
Sentei-me no bar e pedi um whisky duplo. Enquanto bebia, tentei apagar os pensamentos tumultuados da mente. As luzes, a música, as pessoas ao meu redor... tudo isso parecia surreal, mas de alguma forma, era exatamente o que eu precisava naquele momento. Continuei a beber, tentando afogar a raiva e a frustração, sabendo que, eventualmente, teria que voltar e enfrentar as consequências de minhas ações. Mas por enquanto, tudo o que queria era um momento de esquecimento na escuridão da boate.
Enquanto eu bebia meu whisky, senti a presença de alguém ao meu lado. Olhei de soslaio e vi uma mulher atraente, com longos cabelos escuros e um olhar curioso. Ela sorriu ao perceber que eu a estava observando.
- Noite difícil? - Ela perguntou, inclinando-se um pouco mais perto.
- Você não faz ideia - Respondi, tomando um gole do meu drink.
- Posso oferecer companhia? - Ela perguntou, sua voz suave e convidativa.
Assenti, grato pela distração. Passamos a conversar, compartilhando superficialidades, enquanto a música e a energia da boate nos envolviam. Seu nome era Marcela, e ela tinha um ar de confiança que me atraía. Ela ria de minhas piadas, e logo percebi que seus toques se tornavam mais frequentes e íntimos. Depois de alguns drinques, a tensão e a raiva que eu sentia começaram a se dissipar, substituídas por uma sensação de libertação e desejo. Marcela se inclinou, sussurrando em meu ouvido.