Continuei caminhando pelas ruas, sem um destino claro em mente. Minha cabeça estava a mil, e cada passo parecia um esforço para afastar a confusão e a dor que me acompanhavam. Depois de um tempo, percebi que meus pés me levaram automaticamente até a casa de Marina. Sem pensar duas vezes, toquei a campainha.
Marina abriu a porta, surpresa ao me ver ali, com os olhos vermelhos de chorar.
- Clara! O que aconteceu? Entra, vamos conversar. - Marina disse, preocupada, enquanto me puxava para dentro.
Marina fechou a porta atrás de mim, ainda me olhando com preocupação. Sentamos no sofá da sala, e ela me ofereceu um copo de água antes de se sentar ao meu lado.
- Clara, você está péssima. Me conta, o que aconteceu?
Respirei fundo e comecei a relatar tudo o que tinha acontecido com Enrico, desde o evento até aquele momento. Minha voz estava embargada, e por vezes precisei parar para recompor-me. Quando terminei, Marina parecia estar dividida entre a raiva e a tristeza.
- Augusto sempre foi um babaca, um filho da puta que nunca te respeitou. - Ela começou, a voz cheia de amargura. - Eu me lembro de como ele te humilhava em qualquer lugar. Nos primeiros meses de casamento, ele parecia impecável, um homem perfeito. Mas depois que passou um ano, ele mudou completamente.
Marina fez uma pausa, olhando para mim com os olhos brilhando de indignação. Ela continuou, com um olhar firme e cheio de sinceridade:
- Clara, você merece algo muito melhor do que a dor e a humilhação que Augusto te causou. Enrico é um homem que te valoriza, que gosta de você do jeito que você é. Não deixe que o passado e as circunstâncias te impeçam de buscar a felicidade que você merece.
Eu a olhei, a dor misturada com a esperança, mas hesitei.
- Eu... Eu não sei. Enrico tem uma esposa, e eu não quero ser a causa de um sofrimento maior. Além disso, não tenho certeza se ele realmente...
Marina interrompeu, a voz carregada de determinação:
- Que se foda se ele tem uma esposa. Ele mesmo disse que não ama mais, e o que importa agora é que ele falou que gosta de você. Se ele está disposto a estar com você, então vá atrás dele. Não se prenda ao que não pode mudar. A vida é curta demais para esperar pelo momento perfeito ou pelo momento certo. Você tem que lutar pela sua felicidade, Clara.
Olhei para ela, refletindo sobre suas palavras. O peso da decisão ainda estava ali, mas a força da sua convicção me deu um impulso para pensar com mais clareza sobre o que realmente desejava para o meu futuro.
Ela me observou atentamente, percebendo a luta interna que eu estava enfrentando. A voz dela era suave, mas firme.
- Clara, pense em você mesma por um momento. O que é mais importante: a aprovação dos outros ou a sua própria felicidade? Se Enrico é alguém que realmente te faz sentir bem e te valoriza, não deixe que os obstáculos te impeçam de buscar o que você realmente quer.
Eu me levantei do sofá, dando uma pequena volta pela sala enquanto refletia sobre as palavras de Marina. Sentia uma mistura de medo e esperança, mas a determinação em seus olhos me deu a coragem necessária para enfrentar a situação.
- Você tem razão, Marina. Talvez eu tenha me deixado paralisar pelo medo do julgamento dos outros e pela insegurança sobre o que é certo ou errado. Talvez seja hora de pensar em mim mesma e no que realmente quero.
Ela sorriu, aliviada por ver que eu estava começando a clarear meus pensamentos.
- Isso mesmo. Agora vá atrás do que te faz feliz. Se Enrico disse que sente algo por você, então não perca essa chance. E se precisar de mais apoio, estarei aqui para você.
Agradeci a Marina com um olhar sincero, sentindo um pouco mais de clareza e força para enfrentar a situação. Eu sabia que o caminho à frente não seria fácil, mas, com o apoio de Marina, me senti um pouco mais preparada para dar o próximo passo.
Saí da casa dela com um propósito renovado, decidida a enfrentar minhas inseguranças e buscar a felicidade que parecia tão distante, mas agora estava ao meu alcance.
Cheguei em casa com um novo propósito, uma sensação de determinação que antes me parecia inatingível. O ambiente familiar e confortável da minha casa me acolheu, como se fosse um abraço suave que prometia paz. A iluminação suave e o cheiro do meu perfume no ar me lembraram que este era o meu espaço, um refúgio onde eu podia começar a tomar as rédeas da minha vida.
Subi para o meu quarto, onde o conforto do meu próprio espaço me ofereceu um momento de reflexão. Sentei-me na beira da cama, observando as fotografias e objetos que emolduravam minha vida. Cada lembrança parecia agora uma peça do quebra-cabeça que eu estava tentando montar, uma visão do futuro que poderia ser mais brilhante do que eu havia imaginado.
Pego o telefone e começo a digitar uma mensagem para Enrico, mas hesito. As palavras que escrevo são simples, mas o peso da decisão me faz parar. Respirei fundo e decidi que precisava de mais tempo para refletir antes de tomar qualquer atitude. A mensagem ficou em rascunho, esperando por um momento mais certo para ser enviada.
Enquanto o chá esquentava na cozinha, meus pensamentos giravam em torno das palavras de Marina e das decisões que estava prestes a tomar. Cada passo em direção a essa nova fase parecia mais claro, embora o caminho ainda fosse incerto. Meus medos e inseguranças estavam lá, mas o apoio de Marina me deu a coragem para enfrentar a complexidade da situação com Enrico. Sentei-me na sala com uma xícara de chá quente nas mãos.
BEIJOSSSSSSSSSS