MADRUGADA

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Naquela noite, depois de termos colocado Luca para dormir, fui até o nosso quarto. Enrico estava sentado na beira da cama, mexendo no celular. Ao me ver entrar, ele sorriu e perguntou:

- O Luca já dormiu?

- Sim, finalmente dormiu. - Respondi com um sorriso cansado, mas feliz.

Enrico se levantou e veio até mim, abraçando-me com ternura. Ele me deu um beijo suave, que logo começou a se intensificar. Senti uma onda de desejo, mas me afastei gentilmente, lembrando-o:

- Não podemos, amor. Só depois de quarenta dias. - Disse, minha voz um pouco trêmula.

Ele suspirou, mas sorriu compreensivamente.

- Eu sei, Clara. Só estava com saudade de você.

Eu sorri de volta, sentindo o amor e a paciência em seus olhos.

- Eu também estou com saudade de você, Enrico. Mas temos todo o tempo do mundo. E agora, temos Luca para nos alegrar ainda mais.

Ele assentiu, me puxando para mais perto em um abraço aconchegante.

- Sim, você tem razão. Nosso pequeno milagre é a prioridade agora.

Ficamos assim por um momento, desfrutando da proximidade e do amor que compartilhávamos. Sabíamos que a espera seria recompensada, e que, como uma família, enfrentaríamos qualquer desafio que viesse pela frente. Decidimos tomar um banho juntos, sem segundas intenções, apenas para relaxar e desfrutar da companhia um do outro. Enrico ligou o chuveiro e ajustou a temperatura, enquanto eu pegava nossas toalhas. Entramos no box, deixando a água morna lavar o cansaço do dia. Ele me abraçou por trás, e ficamos assim, em silêncio, aproveitando o momento de tranquilidade.

- Isso é tão bom, Clara. - Enrico murmurou, a voz suave em meu ouvido. - Apenas estar aqui com você, sem pressa, sem preocupações.

Eu assenti, sentindo a mesma paz. A água nos envolvia como um casulo, e por alguns minutos, esquecemos do mundo lá fora. Quando saímos do banho, nos secamos e vestimos nossos pijamas, prontos para uma noite de descanso – ou pelo menos, era o que esperávamos.

Deitamos na cama, e eu fechei os olhos, sentindo o cansaço do dia inteiro pesar sobre mim. Enrico segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos.

- Boa noite, amor. - Ele sussurrou.

- Boa noite. - Respondi, aconchegando-me mais perto dele.

Mas, algumas horas depois, fomos despertados pelo choro de Luca. Eu me levantei primeiro, ainda meio adormecida, e fui até o quarto dele. Enrico me seguiu, sabendo que essas noites seriam comuns agora.

- Vou pegá-lo. - Ele disse, antes de eu ter a chance.

Ele pegou Luca nos braços e começou a embalá-lo, enquanto eu me sentava na cadeira de amamentação, preparando-me para alimentá-lo. Luca chorava com fome, e era difícil acalmá-lo até que começasse a mamar. Enrico andava pelo quarto, falando suavemente com Luca, tentando acalmá-lo.

- Está tudo bem, pequeno. Papai está aqui. - Ele murmurava, o amor e a paciência evidentes em sua voz.

Quando eu estava pronta, Enrico me entregou Luca, e eu o coloquei para mamar. No entanto, assim que ele começou a sugar, senti uma dor aguda. Mordi o lábio para não soltar um gemido.

- Está tudo bem, Clara? - Enrico perguntou, preocupado.

- Sim, só... dói um pouco. - Respondi, tentando manter a voz calma.

A dor era intensa, uma mistura de desconforto e sensibilidade. Eu sabia que era normal nos primeiros dias, mas ainda assim, era difícil. Enrico se ajoelhou ao meu lado, segurando minha mão.

- Você é tão forte, amor. - Ele disse suavemente. - Vai ficar tudo bem.

Eu assenti, tentando focar no rosto tranquilo de Luca enquanto ele mamava. A dor persistia, mas eu sabia que era necessário para alimentá-lo e fortalecer nossa conexão. Depois de algum tempo, Luca finalmente adormeceu novamente. Nós o colocamos de volta no berço com todo o cuidado, esperando não acordá-lo. Voltamos para nosso quarto, tentando pegar mais um pouco de sono.

No entanto, apenas algumas horas depois, o choro de Luca nos acordou novamente. Desta vez, fui eu quem o pegou, embalando-o enquanto Enrico se levantava para me ajudar.

- Vou pegar um pouco de água para você. - Ele disse, sabendo que eu precisaria me manter hidratada.

Enquanto Luca mamava novamente, eu sentia a dor retornar, mas também uma profunda conexão com meu filho. Era um ciclo constante, mas estávamos determinados a enfrentá-lo juntos.

Assim foi a nossa noite. Luca acordava várias vezes, e nós nos revezávamos para cuidar dele. Cada vez que o acalmávamos e ele adormecia, sentíamos uma pequena vitória, mesmo que o cansaço fosse imenso.

Ao amanhecer, estávamos exaustos, mas havia uma sensação de realização. Tínhamos enfrentado a primeira de muitas noites difíceis juntos, como uma equipe. Eu olhei para Enrico, seus olhos cansados mas cheios de amor, e soube que, apesar de tudo, estávamos mais fortes do que nunca.

- Conseguimos, amor. - Disse, minha voz suave, mas cheia de orgulho.

- Sim, conseguimos. - Ele respondeu, sorrindo. - E faremos isso novamente, todas as vezes que precisarmos.

Enquanto o sol nascia, trazendo um novo dia, deitei a cabeça no peito de Enrico, sentindo o conforto de seu abraço. Estávamos prontos para enfrentar qualquer coisa, juntos, como uma família.

BEIJOSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS!

MEU SOGROOnde histórias criam vida. Descubra agora